Arte e palhaçaria chegam a nove Centros de Atenção Psicossocial

SABRINA MOURA*

Os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) recebem, de segunda-feira (22) até 30 de novembro, o espetáculo Tudo Passa… Eu Passarinho! A peça faz parte do projeto Nas Asas do Passarinho, que tem como objetivo colaborar com o novo modelo de condução do tratamento psiquiátrico de base comunitária.

Por trás do projeto, está Rita Alves, atriz que interpreta a palhaça Caçarola. Ela será recebida por dezenas de pacientes psiquiátricos e pessoas com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas, seus familiares e profissionais dos espaços. “O palhaço trabalha com uma lógica muito particular e cada um tem a sua. Apresentar-se para pessoas que, às vezes, têm algumas dificuldades de interação com relação, principalmente, a essa lógica que o mercado exige, que essa vida cotidiana cobra de cada um, vai permitir a inclusão dessas pessoas para não se sentirem tão isolados”, explica Rita. “A arte tem o poder de tocar o indivíduo, num lugar que só ela é capaz, e talvez fazer uma transformação”, completa ela.

A ideia do projeto nasceu, no ano passado, quando Rita Alves foi convidada a participar de um evento em comemoração à Luta Antimanicomial. Ela levou sua palhaça Caçarola, que fez alguns quadros de 20 minutos. “Percebi uma cumplicidade que se deu– pela plateia reduzida e pela proximidade da palhaça com o público. Não tinha palco, e eu transitava pela plateia, e o olho no olho foi fundamental. A sensação daquele momento permaneceu tanto durante a apresentação como depois”, diz ela.

O projeto acredita, sobretudo, no acesso à cultura como um direito fundamental à cidadania. Saindo de seu habitat natural, os teatros, o projeto transforma locais de tratamento em palco oferecendo arte como remédio aos pacientes e familiares.

Além da apresentação de espetáculos, o projeto contempla oficinas de palhaçaria, que duram oito horas, divididas em dois dias. Através de brincadeiras, jogos, expressão corporal e caracterização, a oficina pretende despertar o palhaço de cada um. O palhaço é, acima de tudo, uma criação particular, uma exteriorização de algo extremamente íntimo e puro do indivíduo. Uma essência que encontra, no riso e no exagero, a sua expressão. “A intenção é dar uma despertada nas pessoas que vão realizar as oficinas, para o palhaço de cada um, para sua lógica particular e a valorização dela. A questão da humanidade do palhaço é muito importante”, finaliza Rita.

O projeto, financiado pela lei municipal de incentivo à cultura e todas as apresentações são seguidas de bate-papo com pacientes e familiares. Os Centros de Atenção Psicossocial que serão contemplados são: Novo Mundo, Beija-flor, Esperança, Vida, Água Viva, Ad/Casa, Girassol, Negrão de Lima e Noroeste.

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação da editora Flávia Popov

SERVIÇO 

Espetáculo ‘Tudo Passa… Eu Passarinho!’

Quando: de segunda-feira (22) até 30 de novembro

Caps Contemplados: Novo Mundo, Beija-flor, Esperança, Vida, Água Viva, Ad/Casa, Girassol, Negrão de Lima e Noroeste