Gravadora internacional relança álbum dos Beatles

Guilherme Melo*

O quarteto da pequena cidade de Liverpool, interior da Inglaterra, revolucionou a indústria audiofônica com Sgt. Pepper’s Lonely Heart’s Club Band. O ano de  1968 significou uma nova ruptura, representada perfeitamente pela diversidade sonora de seu álbum, autointitulado mais tarde como o White Album ou o Álbum Branco, resultado de uma viagem à Índia e meditações transcendentais da banda. O brilho do disco é a maior transparência da individualidade dos Beatles em sua discografia – em comparado aos outros de sua geração. 

O grupo já havia provado seu talento e demonstrado uma genialidade conjunta, anos antes, mas foi em 1968 que ficou claro o que vinha de cada um deles. Este componente do White Album é, no entanto, ambígua; parte das individualidades que marcaram o disco vem de um conflito interno que viria a causar o término da banda. Mas, ao mesmo tempo, perceber as nuances sonoras de cada um dos membros era um consolo de que os quatro tinham uma personalidade e um talento únicos, refletidos perfeitamente em faixas como Happiness Is a Warm Gun (Lennon) I Will (McCartney), While My Guitar Gently Weeps (Harrison) e Don’t Pass Me By (Starr).

50 anos de ‘White’ 

O relançamento do Álbum Branco traz não apenas as faixas remasterizadas e mixagens alternativas, como disponibiliza oficialmente os áudios das demos do disco, gravadas acusticamente no estúdio de George Harrison, conhecidas como as demo Esher, incluindo faixas inéditas que acabaram ficando de fora do disco. As versões trazem toda uma outra imaginação das faixas, e, retiradas das fitas originais, são uma oportunidade de se aprofundar nas mentes dos Beatles. Cheias de diálogos, erros e improvisações, as faixas Esher e as versões alternativas são imperdíveis, ainda mais para quem é fã do toque de caos do Álbum Branco. “Tínhamos deixado a banda de Sgt. Pepper’s para tocar no Elysian Fields, e, então, seguimos para novas direções sem rumo”, diz Paul McCartney em sua introdução escrita para o lançamento do The White Album.

Para criar os sons stereo e 5.1 surround para o The White Album, Martin e Okell se juntaram ao time de engenheiros especialistas e restauradores de som da empresa Abbey Road Studios, em Londres. A nova versão inclui o mix stereo de Martin, tirado diretamente das fitas de gravação de 4 e 8 faixas. A mixagem de Martin foi guiada pelo mix original produzido por seu pai, George Martin.

Algumas faixas já foram disponibilizadas no serviço de streaming musical, spotify, em suas três versões, na nova mixagem, a versão alternativa, e a demo Esher. Glass Onion, While My Guitar Gently Weeps e Back in the U.S.S.R já serviram para dar um gosto do que virá nesta sexta. 

Em audição na Universal Music, foram revelados alguns dos grandes momentos da edição de 50 anos que saltaram aos ouvidos: a versão de Ob-La-Di, Ob-La-Da das demos Esher leva o ouvinte para dentro do estúdio enquanto os músicos conversam. A inédita Child Of Nature revela a origem de Jealous Guy, de John Lennon ou Good Night, que é disponibilizada em uma versão tão pouco produzida que traz uma outra delicadeza à canção. 

A nova edição é uma outra experiência completamente diferente de ouvir o Álbum Branco. Ainda enfatizando os brilhos de cada um e mergulhando nas diversas sonoridades, a edição de aniversário permite aos fãs de Beatles uma experiência que se assemelha a acompanhar os Beatles nas gravações, enquanto cada uma das músicas era esculpida para o que foi lançado em 68. 

A versão será lançada em diversos formatos: 7 discos em uma caixa deluxe, 3 cds, 4 vinis e 2 LPs em versão padrão, além de digitalmente.

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE.