Projeto ‘Um Conto, Dois Encontros…’ se encerra nesta quarta

‘O Príncipe Feliz’, adaptação do conto de Oscar Wilde, será apresentado, hoje, no Caps da Região Noroeste

Postado em: 28-11-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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‘O Príncipe Feliz’, adaptação do conto de Oscar Wilde, será apresentado, hoje, no Caps da Região Noroeste

SABRINA MOURA*

O espetáculo O Príncipe Feliz, adaptação do conto de Oscar Wilde, será apresentado nesta quarta-feira (28) no Centro de Atenção Psicossocial (Caps) da Região Noroeste. A ocasião encerra o projeto de circulação Um Conto, Dois Encontros…, que é financiado pela Lei Goyazes e tem como proposta promover o encontro do público com o espetáculo tanto no teatro como fora dele.

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A peça passou duas vezes pelo Teatro Sesc, e, depois, pelo Bosque dos Buritis e Teatro Cidade Livre. Essas apresentações realizadas por Rita Alves e Caco Rodrigues fizeram parte da circulação da peça, que também passou pela Associação de Serviço à Criança Especial de Goiânia e pelo Ponto de Cultura Raio de Sol, em Aragoiânia.

A adaptação e dramaturgia do conto foram realizadas por Rita Alves a partir da sua experiência no teatro. “Quando se parte de uma literatura, fazendo dela uma adaptação para o teatro, o que se transmite é como ela me toca e por que me tocaQuem quiser conhecer o conto original pode ler a obra, já a adaptação é o que o conto provocou em mim. É a minha visão do contato com esse conto que é colocado em cena”, explica Rita.

O projeto Um Conto, Dois Encontros… tem como proposta ir do Centro à periferia contemplando diferentes públicos. Guiado pela ideia de descentralização cultural, o projeto contempla apresentações em espaços alternativos atingindo, assim, comunidades que não têm acesso a atividades culturais artísticas. “A ideia era fazer uma adaptação do conto do Oscar Wilde para o teatro, usando de todos os seus recursos, e, a outra versão, para espaços alternativos, não perdendo a essência do que gostaríamos de passar. Trabalhamos o teatro também em uma linguagem para a rua e espaços alternativos”, conta Rita. “Adaptamos a encenação que fizemos para o teatro, não perdendo tanto da sua magia e poética, para apresentar em espaços que não sejam o teatro. Por meio do projeto, objetivamos encontra o público tanto no teatro como fora dele”, completa ela. 

Utilizando da linguagem da ‘palhaçaria’ e do teatro de animação, os atores vão falar do encontro entre uma artista de rua, que quer o estrelato e está a caminho da cidade do show business, com a estátua do Príncipe Feliz, que é feliz apenas no nome. Longe dos muros do palácio, foi colocado em um pedestal que pôde contemplar todo o sofrimento de seu povo. Dele se apieda, por ele é mortificado, mas nada pode fazer para minorá-lo. Para falar deste encontro, o elenco trabalha com comicidade, drama e poesia.

A peça

O espetáculo é uma livre adaptação do conto O Príncipe Feliz, de Oscar Wilde, escrito em 1888. Mais de 130 anos depois, o conto expressa tamanha atualidade ao falar da natureza humana e de suas máscaras mais primordiais. “Estamos num período de muita polaridade, em que a capacidade de se deixar afetar pelo outro; se colocar no lugar do outro está cada vez mais difícil. Existe uma idealização do que é ter sucesso, ser uma pessoa realizada, uma pessoa que ‘chegou lá’. O espetáculo, assim, faz um convite ao espectador a se perguntar o que realmente importa para si”, adianta Rita, responsável pela adaptação do conto à dramaturgia.

A plateia pode esperar, assim, um espetáculo onde há o poético, o drama e o cômico para falar do humano. “Queremos, assim, tocar o espectador para que ele possa acessar ‘lugares’ que, na correria pela sobrevivência, estejam meio esquecidos”, comenta Rita. 

Para adaptar o conto ao espetáculo, a atriz e coordenadora do projeto também usou outros dois contos de Oscar Wilde, O Rouxinol e a Rosa e O Aniversário de Infanta que, juntamente com o texto de Rutebeuf- Pregão das Ervas do século 13, alguns trechos de poesia de Fernando Pessoa e a poesia O Bicho, de Manuel Bandeira, compõem toda a dramaturgia do espetáculo. A encenação ficou a cargo de José Regino de Oliveira, ator e diretor graduado pela Fundação Brasileira de Teatro.

Sinopse

O Príncipe Feliz é uma estátua que foi colocada na praça da cidade em homenagem ao Príncipe Feliz após a sua morte. Ao ser colocada na praça, a estátua, que antes vivia rodeada pelos muros altos do palácio e não podia ver para além deles, vê e contempla a miséria do homem, e, se sentido impotente diante de tanto sofrimento, se entristece. A estátua estava ali, há séculos, e, neste tempo, via a cidade sendo abandonada, aos poucos, pelos seus habitantes, que se dirigiam às grandes cidades em busca de melhores oportunidades, deixando a cidade quase deserta. Mesmo a cidade estando quase deserta, toda noite o Príncipe a contemplava, do alto de seu pedestal, observando os poucos moradores que ali ficaram, e, na sua impotência diante de toda a miséria de seu povo, chorava.

Em um dia, ao cair da noite, surge Diadorinha, uma palhaça em busca do estrelato, que quer chegar à cidade do show business e se tornar uma grande estrela. Procurando um lugar para descansar, ela se depara com a estátua do Príncipe Feliz, e resolve passar a noite ali. No meio da noite, Diadorinha acorda pensando que está chovendo, quando percebe que é a estátua que chora. Após equívocos e estranhamentos o Príncipe vê, em Diadorinha, a possibilidade para amenizar um pouco o sofrimento de alguns moradores da cidade, fazendo de Diadorinha sua mensageira. Assim, o Príncipe doa o rubi de sua espada para uma mulher que está com o filho doente, um de seus olhos que são safiras raras para um homem que mora na rua e vive a comer restos, e o outro para uma menina que vende doces e deixou todos caírem na sarjeta. Diadorinha também ameniza a tristeza do Príncipe, fazendo para ele uma apresentação com um boneco corcunda.

Quando o Príncipe fica cego, Diadorinha, que estava sempre de partida, decide ficar com ele para sempre. Os dois estabelecem uma relação pautada pela poesia e a palhaçaria, que vai durar até o fim do espetáculom com o Príncipe pobre e nu, pois, doou também todo ouro que existia em seu ‘corpo estátua’. Neste momento, Diadorinha vai vesti-lo com sonhos, uma linda capa bordada com todos seus sonhos.

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação da editora Flávia Popov

SERVIÇO

Espetáculo ‘O Príncipe Feliz’ – Encerramento do Projeto ‘Um conto, dois encontros…’

Quando: quarta-feira (28)

Onde: Caps Região Noroeste (Av. São Domingos, 1, Vila Mutirão I – Goiânia)

Horário: 15h30

Entrada gratuita

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