Artistas do centro-oeste apresentam novas aquisições

Exposição na Galeria Antônio Sibasolly, em Anápolis, reúne obras de seis artistas que abordam a diversidade cultural e icônica da região

Postado em: 15-05-2024 às 10h00
Por: Luana Avelar
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A mostra é um convite à reflexão sobre a identidade, a história e o futuro dessa região tão diversa e potente do Brasil | Foto: Divulgação

Até o dia 24 deste mês, a Galeria Antônio Sibasolly, em Anápolis, recebe a exposição ‘Novas Aquisições – Coleção Centro-Oeste’, que reúne o trabalho de seis artistas do Distrito Federal, Mato Grosso do Sul e Goiás. A mostra traz uma visão crítica e reconhecedora de elementos icônicos do Planalto Central brasileiro e sua diversa cultura.

Integram a exposição os artistas Camila Soato, Ralph Gehre e Valéria Pena-Costa, do Distrito Federal; Humberto Espíndola, reconhecidamente o principal expoente das artes visuais do Mato Grosso do Sul; e Talles Lopes e Evandro Soares, representantes de Goiás, que embora não tenham nascido no estado, vivem em território goiano há tempo suficiente para serem considerados cidadãos dessas paragens.

Ralph Gehre e Valéria Pena-Costa, do DF, trazem obras que dialogam com a temática da mostra, abordando, sob um olhar crítico, elementos icônicos do Planalto Central e sua diversidade cultural.

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Já Humberto Espíndola, reconhecidamente o principal expoente das artes visuais do Mato Grosso do Sul, também integra a exposição com trabalhos que refletem sobre a identidade e a história dessa região do país.

Talles Lopes, expoente em ascensão da nova geração da arte contemporânea goiana, traz uma abordagem poética e provocativa à produção cartográfica. Seus desenhos e pinturas de mapas vão além da mera representação gráfica, mergulhando em questões sociais e culturais profundas. Ao refletir sobre temas como a polarização entre centro e periferia, Lopes desafia a narrativa colonial e convida o público a repensar as condições do homem contemporâneo no espaço que habita.

Já Evandro Soares, artista autodidata, mescla habilmente técnicas tradicionais de serralheria com influências construtivistas e minimalistas, criando estruturas que transcendem as fronteiras entre o plano e o volume, entre o objeto e o espaço circundante. Sua inventividade intuitiva e sua habilidade técnica impecável resultam em obras que surpreendem pela inteligência plástica e pela capacidade de evocar universos subjetivos dentro de pequenos espaços.

O trabalho apresentado por Evandro Soares em ‘Novas Aquisições’ é resultado da observação ao longo de meses, da fotografia de um edifício de Goiânia. Ele parte de uma base fotográfica que retrata edificações contemporâneas, algumas já finalizadas e outras ainda em construção. A partir dessas imagens, o artista constrói objetos escultóricos, desafiando as fronteiras convencionais e explorando a interseção entre fotografia, escultura e instalação.

Do ponto de vista formal, a série de Evandro Soares é notável por avançar na investigação visual dentro de uma zona híbrida e não linear entre diferentes suportes artísticos. Suas obras convidam o espectador a questionar e refletir sobre a relação entre forma, espaço e materialidade.

Outro destaque da exposição é a instalação ‘Construção Brasileira’ (2022), de Talles Lopes, que desafia as narrativas dominantes sobre o território do Planalto Central. Subtraindo imagens do projeto de Brasília e adicionando fotografias de arquiteturas não oficiais, Lopes proporciona uma reflexão sobre a ficcionalização branca e ocidentalizada desse espaço, revelando as vozes e perspectivas de trabalhadores anônimos que moldaram e continuam a moldar a paisagem urbana brasileira.

Segundo o artista, desde o princípio o trabalho tratava do óbvio: a ficcionalização branca e ocidentalizada sobre o que poderia ser esse território a que chamamos de Planalto central, ou cerrado, palco de tantos projetos coloniais do último século pra cá sob a narrativa da modernização. “Essas arquiteturas formam uma janela para observar e especular como classe e raça podem ter atravessado o formalismo do cânone modernista”, completa Lopes.

Evandro Soares mescla habilmente técnicas tradicionais de serralheria com influências construtivistas e minimalistas, criando estruturas que transcendem as fronteiras entre o plano e o volume, entre o objeto e o espaço circundante.

A inventividade intuitiva e a habilidade técnica impecável do artista resultam em obras que surpreendem pela inteligência plástica e pela capacidade de evocar universos subjetivos dentro de pequenos espaços. Ele conecta o saber popular com questões da arte contemporânea, ligando sua longa experiência em serralheria ao frescor com que trata as questões advindas dos códigos construtivistas, minimalistas e até mesmo do design e da arquitetura.

Segundo o curador da mostra, Paulo Henrique Silva, “uma inventividade intuitiva rege o modo de pesquisar a linha como fundamento do desenho de Evandro Soares, sua maneira de tratá-la como único elemento de sua linguagem artística”. Desde 2019, o artista também tem se dedicado a pesquisas com fotografia, manobra e expande o conceito de desenho entre os espaços bidimensional e tridimensional, entre a forma inscrita sobre o suporte e a projeção para fora dele.

Bate papo

No dia 25 de maio, artistas e curador participam de um encontro com o público interessado em conhecer os processos criativos e de produção dos trabalhos apresentados na exposição. O bate-papo acontece a partir das 17h, no recém-inaugurado Cine Sibasolly, localizado no prédio da Galeria, na Praça Bom Jesus. A entrada é gratuita e livre para todos os públicos.

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