Ator paraense radicado em Goiás estreia solo nesta segunda-feira

Milton Aires apresenta o espetáculo solo ‘[O]UM’, na Emac/UFG, até quarta (5)

Postado em: 03-12-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Milton Aires apresenta o espetáculo solo ‘[O]UM’, na Emac/UFG, até quarta (5)

Dança contemporânea, teatro e artes do corpo movimento entram em cena em uma apresentação entre o visível e o invisível. O trabalho-solo do ator, bailarino e produtor paraense radicado em Goiás Milton Aires tem sua estreia, nesta segunda-feira (3), com curta temporada, nos dias 4 e 5 de dezembro, na sala 8 da Emac/UFG.

O espetáculo é um convite a uma experiência estética e sensorial forte. O trabalho apresenta ao público, além dos movimentos da dança, outras linguagens a partir da narrativa, instalações sonora e visual. Segundo Milton, o espectador poderá vivenciar sensações e narrativas que o levarão a construir suas próprias leituras. “É um convite ao público a entrar, ainda que por um breve espaço de tempo, à natureza do trabalho, no ambiente e na atmosfera em que a dança acontece, e fazê-los pertencer aquele momento”, adianta.

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Diante de um mar de invisíveis, isolado do mundo, um homem dança com suas lembranças e tempestades d’alma. Milton se desdobra entre estados de presença e ausências que inventa, e joga com as tensões de sua experiência humana. Essa dança é uma escrita viva e errante, uma dança perdida num corpo que naufraga. Um corpo que é estrangeiro de si, refugiado e esgotado pelas dobras do vento. OUM é alguém que atravessou o mar para desaparecer.

A criação

O trabalho de pesquisa Dançar o Invisível, que influenciou o espetáculo, começou há um bom tempo. Entre julho e setembro de 2017, um intercâmbio artístico internacional levou Milton à Alemanha e à França, onde desenvolveu estudos e pesquisas com três mestres em dança e teatro. Contemplado pela Bolsa Funarte para Formação em Artes Cênicas, Milton se encontrou, na Alemanha, com TadashiEndo, no Butoh Centrum MAMU, na cidade Göttingen; em seguida, a coreógrafa e performer Maya M. Carroll (The Instrument), em um curso intensivo na escola CND em Lyon, França. Por último, um estágio coreográfico com a bailarina e coreógrafa Nina Dipla, no Studio Menagerie de Verre, em Paris.

Segundo Milton, o intercâmbio foi a principal fonte de pesquisa e motivação para a montagem. “Foi a partir da viagem e do contato com as pessoas que tudo se construiu para a realização do espetáculo na prática. Ele também ajudou a ter um outro entendimento de como trabalha um diretor artístico e coreógrafo, as escolhas, acertos, erros e resoluções. A vivência prática de como conduzir um caminho de pesquisa, como definir um roteiro dramatúrgico e de como transformar e contextualizar tudo que você tem na estrutura cênica”, comenta o artista.

O segundo movimento dessa criação focou na imersão do artista diante de um trabalho solo. Ali, Milton se encontrou com os estados de migração, de isolamento e de refúgio. “Me vi em situações de estranheza e contradições, do corpo esgotamento, das memórias na musculatura e na retina”, compartilha o ator.

No percurso da pesquisa, também apareceram algumas reflexões sobre nossa origem latino-americana. “Tive um olhar para os processos de migrações e de diásporas que constituíram quem somos hoje: uma reunião de povos miscigenados que se move e se articula por diversas frentes”, diz o ator que, nesse processo, acabou se encontrando com a escrita poética do romancista paraense Vicente Franz Cecim. A partir da literatura, a criação incorporou ações com gestos e falas, movimentos com texto, voz e corporeidade, experimentações com a narrativa oral e visual na busca por dar corpo a essas outras vozes.

SERVIÇO

Apresentação de ‘[O]UM’

Quando: segunda-feira (3), terça-feira (4) e quarta-feira (5)

Onde: sala 8 da Emac/UFG, Praça Universitária (atrás do Museu Antropológico da UFG)

Horário: 20h

Entrada gratuita

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