Mostra Nômade de Cinema de Quintal ‘Olho de Boi’ chega a Goiânia

Evento apresenta três curtas-metragens documentais que exploram histórias íntimas e memórias familiares

Postado em: 01-06-2024 às 08h30
Por: Luana Avelar
Imagem Ilustrando a Notícia: Mostra Nômade de Cinema de Quintal ‘Olho de Boi’ chega a Goiânia
A iniciativa é idealizada pelos diretores Iago Araújo e Francisco Rio, que buscam criar uma linguagem audiovisual pautada na experimentação e na conexão com outras artes | Foto: Divulgação

No dia 6 de junho, o público goiano terá a oportunidade de receber a 1ª Mostra Nômade de Cinema de Quintal, ‘Olho de Boi’, que trará excelentes produções cinematográficas documentais de entrada franca, com exibição às 20h, no Cine Cultura.

Esta mostra, idealizada pelos cineastas Iago Araújo (PA e GO) e Francisco Rio (DF), reúne três curtas-metragens que rompem com os formatos convencionais de cinema e abordam temas contemporâneos relevantes. São eles: ‘Meça três Vezes Antes de Cortar’, do diretor goiano Iago Araújo; ‘Estrela da Tarde’, de Francisco Rio; e ‘Ára’, de Laryssa Machada (RS).

A proposta da ‘Olho de Peixe Boi’ é criar uma linguagem audiovisual no campo da experimentação, com ficções e fabulações documentais enraizadas em territórios pessoais. São histórias íntimas cultivadas nos quintais, que resgatam memórias familiares e questões identitárias de gênero, sexualidade e raça.

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“Percebemos que estamos fazendo um Cinema de Quintal, feito que nem brincadeira, com pé sujo de terra e revirando as memórias familiares. Não podemos pagar a super estrutura que exige o formato tradicional de cinema, nem queremos seguir os mesmos moldes já estabelecidos. A gente faz cinema com os amigos, juntando os pedaços de sonhos e umas bugigangas guardadas em casa”, explica o idealizador do projeto, Iago Araújo.

Todos os filmes da mostra dialogam questões de ancestralidades, memórias familiares e sentimentos que tomam novas formas. Geralmente questões identitárias de gênero, sexualidade e raça, emergem desses quintais.

Projeto

Olho de Peixe Boi é uma Mostra Nômade de Cinema de Quintal que pensa a linguagem audiovisual no campo da experimentação com outras artes. Ficções e fabulações criadas a partir de territórios pessoais. Histórias íntimas cultivadas nos quintais é uma proposta idealizada por Iago Araújo (PA e GO) e Francisco Rio (DF). É realizado pelo Coletivo e Produtora BalssA, uma plataforma de curadoria, circulação e criação artística em arte contemporânea e novas linguagens promovendo intercâmbio entre artistas de Goiás e outros territórios. O título carrega a poética do movimento e das conexões através das águas.

Realização

O projeto ‘BalssA’, é uma plataforma de curadoria, circulação e criação artística em arte contemporânea e novas linguagens, propondo a criação de uma rede entre artistas de distintas expressões, para fruição artística e geração de conhecimento crítico. O título carrega a poética do movimento e das conexões através das águas. Balsa, é o nome dado para uma grande embarcação que transporta pessoas e todos os tipos de materialidades. São as águas dos rios que criam as linhas territoriais, que fisicamente conectam todos os seres, mas a humanidade imagéticamente usa para separar. Habitar uma Balsa, é se abrir para infindáveis travessias, diluindo as fronteiras do que parece está sólido e cristalizado.

Sinopses

Estréia – ‘Meça três Vezes Antes de Cortar’ do diretor goiano Iago Araújo – Uma dança com bois e outros seres encantados. Uma conversa com boiadeiros perdidos na mata. Um lugar onde todo sangue é valioso, mas a língua é a carne mais rara de todas.

‘Estrela da Tarde’ de  Francisco Rio (DF) – Essa é uma autobiografia que não começa em mim. Talvez em quem pariu quem me pariu, e mais. Estrela que aparece ao céu, antes do sol ir embora. Mães do mundo. Fábula que não busca desvendar identidades, se permitindo melar a cara para inventar suas próprias ficções. É ladainha que percorre uma linha de Tempo embolada e firme, como quem borda uma brincadeira numa história, e vice-e-versa.

‘Ára’ da convidada Laryssa Machada (RS) – “Não falávamos sobre isso. Ele nunca me falou. Mas quando você falou, eu comecei a falar”: revisitar a temporalidade irreplicável. E movimentá-la. Ára é tempo em guarani.

Sobre os filmes

Será o momento de Estreia do Curta ‘Meça três Vezes Antes de Cortar’, do diretor goiano Iago Araújo, realizado pela Lei Audir Blanc, que cria uma releitura da história tradicional do Bumba-meu-boi misturando histórias de familiares boiadeiros. O filme ‘Estrela da Tarde’ de  Francisco Rio (DF) estreou em 2023 através do FAC DF , alinhavando três fios: a ancestralidade do brincante, a história descentralizada da construção da capital Brasília e a criação de sua brincadeira cênica. Já ‘Ára’ de Laryssa Machada (RS) estreou em 2020 pelo Itaú Cultural e aborda a histórias sobre seu tio que nunca foram conversadas na família.

Biografia dos diretores e convidada 

Idealizador – Iago Araújo 

Iago Araújo (1993) é multi-artista, curador e diretor artístico. Mestrando em Dança pela UFBA. Vive trabalha entre Marabá-PA, Goiânia-GO e Salvador-BA. Seus trabalhos são rios de memórias    que deságuam num fluxo entre cinema, dança e artes visuais. Pesquisa as culturas Afropindorâmicas, em diálogo com questões identitárias sócio-ambientais.

Idealizador – Francisco Rio

Curioso, viajante, escutador e contador de histórias, dissidente de gênero, folgazão. Cresceu no caldeirão cultural de uma família baiana e pernambucana, no Distrito Federal. Sua principal formação é nas tradições orais, com as mestras e mestres de vida, terreiros e estradas. Nessa travessia, participou e se aproximou de diversos brinquedos tradicionais do Brasil e do DF. É licenciado em Dança pelo Instituto Federal de Brasília.

Convidada – Laryssa Machada

Artista visual, fotógrafa e filmmaker, nascida em Porto Alegre (RS), atualmente vive entre Rio de Janeiro (RJ) e Salvador (BA). Constrói imagens enquanto rituais de contra-colonização e como um chamado para a liberdade. Seus trabalhos discutem a construção de imagem sobre LGBTQIA+’s, indígenas. Indicada ao prêmio Pipa em 2022, recebeu o prêmio Foco Artrio em 2023, já expôs nos Estados Unidos, Inglaterra, Bolívia, Portugal, França e em vários estados do Brasil.

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