Pelas águas do Rio Quente

Paraíso da beleza natural em solo goiano. Ao todo são 18 nascentes que proporcionam uma temperatura média da água de 37,5ºC

Postado em: 27-06-2024 às 06h30
Por: Leticia Leite
Imagem Ilustrando a Notícia: Pelas águas do Rio Quente
O Parque das Fontes, o coração do Rio Quente, possui oito piscinas aquecidas com águas correntes atualizadas a cada 20 minutos, são cercadas pela beleza da Mata do Cerrado | Foto: Letícia Leite

Beleza exótica, clima sempre ameno, fauna e flora abundantes fazem do Brasil o lar de algumas das fontes termais mais incríveis do mundo. Um verdadeiro paraíso se tornou um dos destinos turísticos mais procurados do país, amplamente conhecido por abrigar o maior rio de água quente do mundo (12 quilômetros de extensão). 

Emancipada em 1988, a cidade de Rio Quente atrai milhares de turistas todos os anos graças aos seus atrativos únicos. O município de encantos naturais oferece aos visitantes uma experiência rica e inesquecível que inclui o contato direto com a natureza em um clima interno confortável, agradável e perfeito para fugir de tudo e relaxar nas águas quentes. E ao contrário do que muitos pensam, elas não são aquecidas por ter alguma reação com vulcões. Ao total são 18 nascentes que proporcionam uma temperatura média da água de 37,5ºC.

O processo geotérmico é responsável pelo aquecimento da águas, pois a Serra de Caldas possui fissuras, que ao serem penetradas pelas águas das chuvas, descem até o subsolo e ao atingir o lençol freático, chegam com temperatura altíssima, que fazem com que elas subam com a pressão ao adquirirem a temperatura média de 38 graus celsius.

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“Existem pontos termais espalhados aí pelo Brasil e pelo mundo, mas da forma como foi concebida aqui é único. Nós estamos aqui numa área de preservação permanente, aqui é uma área de uma beleza natural e uma riqueza única”, explica, Neide Tavares, gerente de sustentabilidade da Aviva.

O Parque Estadual da Serra de Caldas Novas, é a principal fonte de recarga das fontes termais. Antes, essa reserva era formada por duas rochas impermeáveis, mas houve um processo geológico, conhecido por cavalgamento, que fez com que o processo das duas rochas se ‘roçarem’ entre elas fossem criada fissuras, e por ela ter um formato plano, acaba absorvendo 100% da água da chuva.

“A medida que essa água da chuva penetra nessas fendas que foram criadas, ela vai descendo ao sentido do centro da terra, que é onde é mais quente, então quando ela chega a mais ou menos mil metros de profundidade, ela aquece 60 graus e forma uma pressão. Porque à medida que ela vai descendo, ela vai aquecendo, então ela vai ficando muito pressionada, e essa pressão faz com que ela retorne por outras fendas”, afirma Neide.

A cidade por ser uma nascente de água, obtêm o aquífero mais raso e a água brota naturalmente a 37 graus e meio, na medida que ela retorna, se mistura e mineraliza com outras substâncias que tem no solo. Já Caldas Novas, é uma cidade que tem também, mas possui o aquífero mais profundo, tendo que ser retirada de poço artesiano, um poço que capta a água da chuva. 

“Aqui é uma água cheia de bicarbonato de cálcio e magnésio, tem um pouco de CO2 nela, então ela é uma água também radioativa”, destaca. “Ela é medicinal no sentido de gerar um bem-estar e o seu próprio organismo promove essa melhoria no organismo”, continua. 

Parque das Fontes

As fontes naturais, o coração do Rio Quente, possuem oito piscinas aquecidas com águas correntes e são cercadas pela beleza da Mata do Cerrado. Além de relaxantes, também apresentam propriedades curativas, e além disso, a vazão faz com que a água seja atualizada a cada 20 minutos.

“Essas minas nascem dentro das próprias piscinas e foi concebido assim há 60 anos, quem conhece aqui há muito tempo vai ver que a característica do Parque das Fontes ela não foi mudando muito ao tempo, justamente porque a gente tem essa preservação sem muitas construções, porque a permeabilidade do solo que é importante para a gente renovar essa água”, diz Neide.

Com a junção das fontes são mais de 4,2 milhões de litros de água por hora. A regulamentação da água termal equivale a uma padronização e exploração de ouro e prata. E por ser uma construção de lavra, a comunidade tem a obrigação de dar retorno econômico, além de prestar contas do uso dessa água.

“Esse aqui a gente fala que é o bem mais nobre, então a gente está usando para balneabilidade, para gerar esse bem-estar. Aqui depois que elas são utilizadas no Parque das Fontes, a gente faz a captação dela para consumo. Hoje, 100% da água utilizada em todas as nossas operações são daqui”, explica.

O Rio Quente Resorts sedia uma estação de tratamento de água, que faz a distribuição para todos os hotéis do complexo. A água que vem direto do balneário para ser utilizada nas piscinas naturais, depois segue para o consumo. 

“Depois que elas são utilizadas aqui, a gente faz também a desinfecção para o Hot Park, que é o segundo aproveitamento. E o terceiro, depois que ela é utilizada nas piscinas, ela vai para a irrigação do jardim. A lavanderia, a horta, as atividades dos hotéis, tomar banho, toda a água vem daqui. E depois de utilizar nas nossas operações, a gente tem uma estação de tratamento de efluentes, então 100% dos efluentes que nós geramos aqui é tratado na nossa estação de tratamento. E aí sim a gente devolve ela, já com o padrão de lançamento de efluentes, depois que elas são utilizadas nas nossas águas exclusivas”, finaliza a gerente de sustentabilidade.

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