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segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Leitura

Elisa Marques lança coletânea poética sobre o amor lésbico

‘Minha mão na sua boca e um verso sobre o amor’ aborda com sensibilidade as experiências e sentimentos de amores entre mulheres

Postado em 12 de julho de 2024 por Luana Avelar
Elisa Marques percorre os aprendizados e amadurecimentos de vivenciar o amor romântico

Elisa Marques, escritora, roteirista e diretora audiovisual, formada em Jornalismo nos Estados Unidos, lançou recentemente o livro de autoficção ‘Minha mão na sua boca e um verso sobre o amor’. A obra, composta por 78 poemas, explora as complexidades do amor romântico na sociedade contemporânea, abordando experiências pessoais e sentimentos intensos. A autora explica que o livro é uma ode ao amor sáfico, contendo declarações apaixonadas e desabafos às mulheres por quem já se apaixonou. As referências culturais variam do rock ao clássico, incluindo músicas como ‘Mania de Você’, de Rita Lee, e composições de Beethoven. Elisa destaca que a poesia é uma forma de expressar sentimentos universais, muitas vezes silenciados pela rotina.

Durante a entrevista, Elisa Marques respondeu a perguntas sobre a importância da representação do amor entre mulheres na literatura atual. Ela mencionou que se inspirou em escritoras como Angélica Freitas, Natalia Borges Polesso e Elayne Beta. Para ela, a representatividade é uma forma de afirmar a existência das mulheres que amam outras mulheres. “A pergunta me faz lembrar da primeira escritora a tratar do tema de forma natural: Odete Rios, através de seu pseudônimo Cassandra Rios, no final da década de 1940. Censurada de todas as formas pela ousadia em plena ditadura militar, Cassandra deu voz a mulheres que existiram. O cenário hoje é diferente, mas manter essa representatividade na literatura contemporânea através de escritoras como Angélica Freitas, Natalia Borges Polesso, Elayne Beta e muitas outras que me inspiraram, é como dizer: eu sempre vou existir. Da minha parte, não houve desafios ao escrever sobre o amor entre mulheres, pois a Elisa escritora existe através da voz daqueles com quem me relaciono. E nos últimos tempos, tem sido sim uma vida/escrita mais voltada para mulheres”.

Sobre os desafios de escrever sobre o amor entre mulheres, Elisa afirmou que não encontrou dificuldades, pois sua escrita reflete suas próprias experiências e relacionamentos. Ela ressaltou que sua vida e escrita têm se voltado mais para mulheres nos últimos tempos.

Ao abordar o amor no mundo contemporâneo, Elisa comentou que a poesia chama atenção porque se relaciona com os leitores. Segundo ela, a escrita a partir dos amores que vive ou deseja viver reflete um sentimento universal. “Poesia é também uma relação com quem te lê. Se escrevo a partir dos amores que vivo ou desejo viver e o amor é um sentimento universal, a poesia chama atenção porque se relaciona com os leitores”.

A escritora também falou sobre as diversas inspirações que influenciaram a criação dos poemas e a estrutura do livro. Ela mencionou que prestar atenção ao seu entorno é uma grande fonte de inspiração. Elisa compartilhou um exemplo de como uma aula de filosofia e a música ‘Mania de Você’ influenciaram sua escrita. “Costumo dizer que escrever é prestar atenção. O que me rodeia são minhas maiores inspirações. Foi em uma aula de filosofia que conversei sobre o tema: “A música de Beethoven é ou não é triste?”. Em contrapartida, foi ouvindo “Mania de Você” deitada na rede de casa em um dia qualquer que surgiu o poema cujo primeiro verso é “hoje fiz amor por telepatia”. Escrever é observar”.

Enquanto seu primeiro livro tratava do fim de um relacionamento, este novo livro fala sobre vários inícios que não vingaram. Para a autora, transformar vivências reais em poesia é um processo difícil, pois expor-se como escritora pode ser confundido com expor-se como pessoa. “Os potenciais amores inspiraram muito esse segundo livro. No primeiro eu falei sobre o fim de um relacionamento romântico que existiu. Nesse eu falo sobre vários inícios que nunca vingaram de fato e que, por motivos diferentes, terminaram ainda muito vivos em mim justamente pelo que podia ter sido. A escrita a partir de si é muito difícil. Eu às vezes deixo de me expor como escritora para me expor como pessoa. O que é de verdade e o que é ficção é uma linha muito tênue, e quando eu escolho dizer que escrevi uma obra de autoficção eu abro margem para os leitores especularem. Minha escrita vai te encontrar onde você quiser que ela te encontre”.

A adaptação do livro para o audiovisual também foi discutida. Elisa informou que os leitores podem esperar uma performance de cinco atrizes goianas em ascensão. Ela elogiou a equipe de produção, destacando a dedicação de todos os envolvidos. Sobre sua preparação para transpor a poesia para as telas, Elisa mencionou que continua suas preparações em terapia. “Os leitores podem esperar um show de performance de 5 grandes atrizes goianas em ascensão. A entrega de todos os profissionais envolvidos ultrapassou toda e qualquer expectativa que eu tinha criado. A equipe de produção abraçou o projeto como se eles mesmos tivessem o escrito. Só posso dizer que tenho me preparado para ver esse filme nas telas no mesmo lugar onde faço todas minhas preparações: em terapia, rs.”

A autora 

Elisa Marques nasceu em Goiânia em 1994. Estudou Jornalismo e Psicologia nos Estados Unidos e atualmente divide seu tempo entre literatura e cinema. Seu primeiro livro, ‘Até minha terapeuta sente falta de você’, aborda fins de relacionamentos e foi contemplado pela Lei Paulo Gustavo da Secretaria de Estado de Cultura de Goiás como ‘Melhor Obra Cultural’ em 2023. Agora, ela lança ‘Minha mão na sua boca e um verso sobre o amor’, que será adaptado para o audiovisual no segundo semestre de 2024.

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