‘No País do Football’: história do futebol americano no Brasil

Documentário de produtora goiana mostra as dificuldades encontradas na prática do esporte

Postado em: 29-01-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Documentário de produtora goiana mostra as dificuldades encontradas na prática do esporte

SABRINA MOURA*

No País do Football, um documentário produzido pela produtora goiana F64 Filmes e dirigido por Silvia Kiefer e Wadih Elkadi, estreia nesta terça-feira (29), às 23h, no canal de TV por assinatura ESPN Brasil. Antes da estreia do filme, na mesma noite (às 22h), os diretores estarão, ao vivo, no programa ESPN League – Especial Super Bowl, para falar sobre a produção que, a partir de hoje, fará parte da programação do canal pelos próximos anos.

Este trabalho, segundo o diretor Wadih Elkadi, é mais do que um documentário sobre um esporte específico. “No País do Football é um documentário sobre o esporte amador. Ele apresenta as dificuldades que os atletas encontram para poder praticar o esporte que gostam em um País que apoia somente um tipo de esporte – o futebol (o de campo)”, conta ele.

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Assim como o futebol de campo, Wadih explica que o futebol americano também possui seus jogadores que vão para uma copa do mundo representar o país de origem, e, ainda assim, o apoio das entidades esportivas são mínimas: “Uma coisa interessante ao produzir o filme foi justamente ir jogar football, no país do football, e aí vem o nome do filme. A realidade que os atletas encontraram nos Estados Unidos é tão diferente da que encontram no Brasil, que parece ser outro esporte, mesmo sendo as mesmas regras”.

Dentre as principais dificuldades enfrentadas pela Seleção Brasileira de Futebol Americano, em sua primeira participação na Copa do Mundo na modalidade, estava a falta de recursos.  “A Copa do Mundo aconteceu em julho de 2015 e, até o mês de maio, a Confederação Brasileira ainda não tinha nenhum tipo de apoio. Até então, os jogadores iriam bancar todos os custos, porém, em junho, a CBFA conseguiu um apoio da Federação Catarinense por meio de uma empresária do Sul, e bancaram os custos de hospedagem em alimentação nos EUA. Ainda assim, os atletas tiveram de bancar as passagens aéreas. Como estava próximo ao Mundial, alguns jogadores chegaram a pagar mais de 3 mil reais nas passagens, e aí começou uma mobilização entre os fãs do esporte para conseguir ajudar os atletas. Alguns venderam camisetas, rifas e até a própria moto para pagar a viagem. A realidade do atleta amador realmente é algo difícil, e o atleta precisa do máximo de apoio que conseguir”, diz Wadih. 

O documentário

Wadih Elkadi conta que o documentário começou a tomar forma, em 2015, quando o Vinícius Berger o convidou para realizar um projeto para o canal futura sobre o Igor Mota, o melhor jogador de futebol americano no Brasil, onde tentaram entrar no edital do canal, mas acabou não dando certo. “Eu era presidente de um time de futebol americano em Goiânia, o Goiânia Rednecks, e já conhecia muitas jogadores no Brasil, o que facilitou os contatos com a Confederação Brasileira e com os jogadores”, conta ele. 

A ideia inicial, segundo o diretor, era acompanhar as jogadoras da Seleção Brasileira de Flag durante o Mundial Feminino na Itália em 2016. O flag é uma variação do futebol americano, porém não existe contato físico.  O campo é menor e a quantidade de jogadores em campo também; é como o esporte de entrada do futebol americano. “Quando não conseguimos os recursos, mudamos as estratégias e começamos a nos organizar para ir para o Mundial de Futebol Americano em Canton. Como não tínhamos recursos e a vontade de fazer era enorme, o Ronaldo Araújo, da Ideia Produções, nos apoiou com contatos e equipamentos, e fomos acompanhar a última preparação da seleção, em Irati, em abril de 2015, e, com a filmagem desse material, fomos atrás de canais esportivos que poderiam coproduzir a obra, mas, mesmo assim, não tivemos sucesso. Com a Copa do Mundo tão próxima, julho de 2015, decidimos nós mesmos bancar os recursos para produzir a obra”, relembra Wadih.

Segundo Wadih, o que os motiva é o amor pelo esporte, o desejo de competir e o desejo de se superar sempre. Acompanhar e registrar toda a preparação da seleção durante a disputa do Mundial foi algo muito forte para ele. “Perceber a vontade de cada atleta de estar ali, desde a preparação, em Irati, até o Mundial, em Canton, e perceber a forma como o atleta lida com o sonho de praticar seu esporte é algo contagiante”, afirma ele.   

Conseguir mostrar em rede nacional o quanto os atletas acreditam em seus sonhos é algo importante para o esporte. “A negociação com a ESPN levou muito tempo, mas conseguir exibir o documentário no canal que exibe a NFL, o principal campeonato de futebol americano no mundo, era nossa meta desde o início. Espero que, de alguma forma, a gente consiga mostrar essa realidade e que consiga apoio para os atletas e times no Brasil”, finaliza Wadih.

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação 

da editora Flávia Popov

SERVIÇO

Exibição do documentário 

‘No País do Football’

Quando: terça-feira (29)

Onde: ESPN Brasil

Horário: 23h

 

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