OMS recomenda aprender a comer carboidratos e não bani-los

Revisão histórica conclui que cortar os carboidratos do cardápio prejudica a ingestão de fibras

Postado em: 29-01-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Revisão histórica conclui que cortar os carboidratos do cardápio prejudica a ingestão de fibras

Depois de comparar mais de 200 estudos realizados ao longo das últimas duas décadas, uma revisão histórica encomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) concluiu que cortar definitivamente o carboidrato da dieta pode aumentar em até 30% o risco de desenvolver doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e outras. Isso porque, ao restringir a ingestão do nutriente, também é reduzido o consumo de fibras, presente, por exemplo, em frutas, verduras e alimentos integrais.

Divulgado pela revista científica The Lancet, o levantamento tinha o objetivo de orientar novas diretrizes acerca da ingestão de fibras, mas acabou constatando que a grande maioria das pessoas não tem consumido o nutriente em quantidade suficiente. Para a nutricionista esportiva Maíra Azevedo, esse dado é realmente alarmante, já que uma alimentação pobre nesse nutriente também traz prejuízos imediatos.

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A atual deficiência de fibras estaria relacionada à popularidade de regimes alimentares que prometem resultados rápidos mediante restrição total de carboidratos. Além de empobrecer as refeições do adepto durante a realização da dieta, o processo tende a reeducar muitos indivíduos para uma visão negativa do nutriente, fazendo com que eles sigam evitando carboidratos mesmo após o período de restrição.

Outro fator reside na dificuldade de se conseguir a quantidade diária ideal de fibras. Segundo especialistas da  Universidade de Otago, na Nova Zelândia, e da Universidade de Dundee, na Escócia, seria adequado consumir 25g de fibras por dia. Ainda assim, Maíra ressalta que existem dois tipos distintos de carboidratos, e que, ainda assim, é possível aumentar a ingestão de fibras sem exagerar deles.

Dessa forma, muito mais do que banir os ‘demonizados’ carboidratos e com eles boa parte das fibras, é importante alcançar hábitos alimentares equilibrados que garantam a ingestão adequada de cada nutriente. “Quando falamos em carboidrato, devemos levar em consideração que existem os refinados e os complexos (esses possuem mais fibras). Mesmo assim, aumentar o consumo de fibras não implica em consumir mais carboidratos. Tudo depende da fonte escolhida. Folhagens, por exemplo, são ótimas fontes de fibras e não possuem quase nada de carboidrato”, tranquiliza a nutricionista.

Os resultados de mais de 185 estudos e 58 ensaios clínicos compilados na revisão histórica revelaram que, no longo prazo, o consumo regular de fibras pode diminuir de 15% a 30% a mortalidade relacionada a doenças cardiovasculares. A ingestão do nutriente também é responsável por diminuir de 16% a 24% doenças coronárias, derrames, diabetes tipo 2 e câncer colorretal.

Além disso, Maíra explica que a presença das fibras na alimentação também desencadeia benefícios imediatos como o auxílio no controle glicêmico – tornando mais lento o processo de absorção dos carboidratos e evitando picos de glicose e de insulina –, melhoria do funcionamento intestinal e estímulo do crescimento de bactérias benéficas ao organismo, controle dos níveis de colesterol diretamente relacionado à do risco de doenças cardiovasculares, e ainda contribuem para a perda de peso. Por isso, antes de submeter-se a regimes alimentares drásticos, é imprescindível que pacientes procurem profissionais capacitados. 

 

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