‘O Pulo do Gato’ estreia nova temporada no Teatro Goiânia Ouro nesta semana

Encenação, de hoje (7) a domingo (10) no Goiânia Ouro, mescla drama com comédia, musicalidade e dança

Postado em: 07-02-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Encenação, de hoje (7) a domingo (10) no Goiânia Ouro, mescla drama com comédia, musicalidade e dança

SABRINA MOURA*

A Cia. Eduardo de Souza apresenta, de quinta-feira (7) a domingo (10), nova temporada do espetáculo O Pulo do Gato, no Teatro Goiânia Ouro, com entrada gratuita. Em cena, estão seis rapazes que vivem experiências comuns em relação a sucesso, amores, conflitos, relacionamentos e dinheiro.

Segundo o diretor Eduardo de Souza, o texto é de autoria própria, e foi elaborado a partir de exercícios e técnicas, com um grupo de atores, em que foi sugerido o tema, e eles estavam livres para se expressar, falar sobre a temática. “O próprio texto aborda temas polêmicos como exemplo as várias formas de assédio. Ele fala também sobre a questão do mundo artístico, das dificuldades daquilo que você se propõe a fazer, de passar dos seus limites, ou de não conseguir atender determinados gostos e desejos de alguns que estão à frente com poder. Ao mesmo tempo, aborda temas voltados para o sentimento como a inveja, sobre o querer o lugar do outro, sobre o jogo de poder”, explica ele.

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Os personagens sonham com uma vida de glamour e, para isso, estão dispostos a deixar para trás o passado de uma vida simples e se entregar aos perigos e mistérios que a noite proporciona. “É importante e interessante falar sobre essas questões de jogo, de poder e de vaidade. Sobre esses temas, pouco se fala, e nós resolvemos colocar em jogo, discutir sobre essa temática com muita tranquilidade e abertamente”, afirma Eduardo.

Cada gato traz consigo os desejos mais supérfluos, os gostos mais requintados, as verdades mais cruéis e as mentiras mais doces. Para sobreviver em meio aos delírios e às tentações que a vida noturna oferece, é preciso aprender ‘o pulo do gato’. “É importante falar sobre esses personagens que, muitas vezes, nós colocamos como marginalizados, mas que estão, ao nosso lado, e que vivem conosco, e que estão inseridos em todas as classes. Muitos deles, muitos de nós temos essa característica de se corromper por uma sugestão, uma oferta, e isso está inserido tanto na política quanto nas relações sociais, na família e nas amizades. Então é importante dizer que, em todas as camadas da sociedade, as pessoas se corrompem e outras não”, conta Souza.

Eduardo explica que essa nova temporada é uma realização, por ser fruto de um trabalho realizado, há mais de dois anos e meio, buscando o tom certo. Esse é um espetáculo que nós pretendemos rodar o Brasil – e muitos países aí fora – por ser um tema presente em todos os lugares”, esclarece o diretor. “O espetáculo é para nós um divisor de águas por meio do qual nós conseguimos trazer um tema atual, com uma montagem contemporânea. Ao mesmo tempo, conseguimos trazer aquilo que é tradicional no teatro, deixando o ator completamente à vontade – no sentido de cenários, figurino – para que ele mostre realmente o talento e a potencialidade que o artista goiano tem”, finaliza.

A discussão promovida pela peça tem como objetivo mostrar ao espectador a reflexão de que é necessário olhar para esse grupo marginalizado, pois é um segmento da sociedade que está repleto de inúmeras problemáticas sociais. 

Estrutura cênica

O diretor explica que a ambientação da peça acontece na casa, onde vivem os garotos, e nos becos da cidade. “O cenário é criado a partir do uso de pallets, que se configuram na parte frontal do palco e no fundo cênica; eles estão dispostos em níveis alto, médio e baixo para atenuar as relações de poder descritas pelos personagens. Os pallets trazem também uma proposta rústica e leve ao corpo da cena, evidenciada com maior afinco quando relacionado ao texto”, explica ele.

A iluminação, ainda segundo Souza, auxilia na construção dos espaços, fazendo com que seja possível diferenciar  as espacialidades e auxilie na intensidade de cena.  “A iluminação é formada por três corredores laterais, um foco central e um foco em cada pallet. Os corredores de luz auxiliam na construção espacial da cena, demonstrando espaço como becos ou os espaços da casa”, conta ele, que acrescenta: “Os focos nos dão uma dimensão de intensidade da cena, auxiliando na valorização das relações de poder. Trabalhando a intensidade de luz, é possível dar aos atores volumetria, criando a intenção de que são maiores ou menores, dependendo do jogo cênico”.

O figurino auxilia na composição cênica, sendo a roupagem “com o intuito de trazer a sensualidade dos corpos masculinos – ressaltando também os estereótipos do poder” – como explica o diretor, que completa: “Como vemos nos personagens da casa, onde residem os garotos, cujo figurino compõe uma calça preta e uma camisa de botão das cores pretas, que remetem ao trágico, a maldade e coisas ilícitas”.

A roupagem do figurino são peças do cotidiano. “O contato com essa peças auxilia no reforço de trazermos a peça para o realismo, colocando o público mais próximo aos personagens, trazendo uma possível identificação”, pontua Souza.

O trabalho do figurino também é pensado de modo simbólico, sendo cada peça de roupa um tom sóbrio ou monocromático, pois traz a obra uma composição da marginalidade, do erótico, do poderio. “Ao mesmo tempo em que os personagens se apresentam sensualmente, eles também passam a sensação de algo mórbido e sombrio”, aponta Souza.

Para auxiliar ainda neste processo de construção cênica, o espetáculo conta com o trabalho sonoplástico, no qual traz como principal referência a música Garoto de Aluguel, do músico Zé Ramalho. Por meio dela, segundo o diretor, a musicalidade do espetáculo encaminha para reforço textual. “Em determinados momentos, a música ganha caráter erótico, reforçando um determinado ponto específico da cena, em outros a música auxilia o personagem a falar um pouco sobre a sua história”, finaliza o diretor Eduardo de Souza. 

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação 

da editora Flávia Popov

SERVIÇO

Espetáculo ‘O Pulo do Gato’

Quando: dias 7 e 8 de fevereiro às 20h / dias 9 e 10 às 17h e às 20h30

Onde: Teatro Goiânia Ouro

Entrada gratuita

 

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