Oscar 2019: Cerimônia da inclusão e diversidade

Neste ano, o evento completa 90 anos trazendo indicações de filmes como ‘Roma’, ‘Green Book – O Guia’ e ‘Bohemian Rhapsody’

Postado em: 23-02-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Neste ano, o evento completa 90 anos trazendo indicações de filmes como ‘Roma’, ‘Green Book – O Guia’ e ‘Bohemian Rhapsody’

GUILHERME MELO* 

Com 90 anos de história, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas realiza a cerimônia do Oscar. A primeira entrega dos prêmios da Academia ocorreu pela primeira vez, em 16 de maio de 1929, no Hotel Roosevelt em Hollywood, para destacar as realizações cinematográficas mais proeminentes de 1927 e 1928. O Oscar tem se tornado alvo de críticas quando o assunto é diversidade. De 1929 até o ano 2009, 95% das indicações foram para atores brancos e apenas 5% para de outros grupos étnicos como negros, latinos e asiáticos.

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Vários protestos já aconteceram contra o Oscar. Em 1973, Marlon Brando conquistou o troféu de Melhor Ator por sua atuação como Vito Corleone, em O Poderoso Chefão, mas boicotou a cerimônia em protesto contra a maneira como os indígenas norte-americanos eram retratados no cinema e na televisão. Sacheen Littlefeather, ativista indígena, subiu ao palco usando uma vestimenta apache tradicional no lugar de Brando, e recusou a estatueta.

A 88ª cerimônia tornou-se alvo de boicote. Havia a percepção (evidente) de que a lista de indicados era integralmente composta por atores brancos. Em resposta, a Academia iniciou mudanças históricas no quadro social que perdurará até o ano 2020.

Nesta edição de 2019, a premiação, sempre criticada pela falta de diversidade, trouxe uma seleção bem diferente e mais preocupada com o contexto social. Os nomes indicados trazem representantes para as minorias LGBTQ+, negras e indígenas, funcionando como um termômetro para aquilatar as mudanças do cinema. 

O sucesso de Pantera Negra, indicado para melhor filme, é bem representativo disso. Trata-se do primeiro longa de super-heróis composto por um elenco de maioria negra.  Muito elogiado por dar visibilidade ao orgulho e beleza africana, a produção recebeu sete indicações no total.

Outra boa surpresa: as dez indicações do filme estrangeiro Roma. Numa dessas indicações, Yalitza Aparício, a primeira indígena na história do evento, concorre ao prêmio de Melhor Atriz. Trata-se da segunda mexicana indicada na categoria. Ela concorre com grandes nomes de Hollywood, como Glenn Close. O filme trabalha a questão do imigrante, enquanto isso alguns países pensam em construir muros e barreiras.

E se o assunto é inclusão, segundo a organização Gay &Lesbian Alliance Against Defamation (Glaad), 2019 foi o ano com mais indicações de histórias LGBTQI+ de todos os tempos. Dos oito nomeados à categoria principal de Melhor Filme, quatro abordam essa temática: Bohemian Rhapsody, biografia do ícone bissexual Freddie Mercury, vocalista da banda Queen; Green Book: O Guia, que aborda também a homossexualidade de Don Shirley (Mahershala Ali); A Favorita, que gira em torno de um triângulo amoroso feminino; e Nasce Uma Estrela, em que o trabalho da protagonista Ally (Lady Gaga) em um clube de dragqueens tem relevância no início do longa.

 *Integrante do programa de Estágio do O Hoje.

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