Dias de um passado futuro

Pesquisadores ressaltam a importância de estudar o passado para entender o presente e planejar o futuro

Postado em: 02-04-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Pesquisadores ressaltam a importância de estudar o passado para entender o presente e planejar o futuro

GUILHERME MELO* 

“O passado serve para evidenciar as nossas falhas e dar-nos indicações para o progresso do futuro”. Segundo o revolucionário Henry Ford, autor desta frase, o conhecimento do passado é fundamental para planejar o futuro. Taxado em sua época como louco, Ford foi um dos criadores do mundo moderno como conhecemos. Seja na administração, na economia, na política, na arquitetura, na sociologia ou na psicologia, seu pensamento sempre foi motivo de grandes discussões, e, recentemente, se tornou um dos assuntos mais comentados nas redes sociais – após o Presidente Jair Bolsonaro determinar a celebração do aniversário de 55 anos do golpe de 1964 no último domingo (31).

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O assunto gerou grande polêmica entre simpatizantes e opositores ao movimento, mas o que a internet revelou, de fato, foi a falta de conhecimento entre ambos lados para discutir sobre o assunto. Para o professor de história Murillo Medeiros, esse comportamento é um reflexo do desinteresse em estudar e entender o passado. “Nas escolas, temos dificuldades em algumas disciplinas da área de humanas, que ajudam a desenvolver o senso crítico”, revela o professor. 

Murillo explica que os estudos históricos são bem mais do que o simples estudo do passado, que se concentra em compreender questões atemporais, por exemplo, as formas pelas quais pessoas, comunidades e nações interagem. “A história é escrita por pessoas, que têm o comportamento parecido. Desse jeito, acaba que a história se torna um ciclo, repetindo ações parecidas”, conta o historiador. 

Além de defender os estudos na sala de aula, Murillo ressalta a importância de ‘viver’ a história. “Existem diversas formar de conhecer uma época, saindo dos livros. Podemos visitar os museus, conversar com pessoas que viveram na época, assistir a filmes, e até mesmo jogos apresentam algumas informações de momentos históricos”, cita o mestre em História da Construção da Capital da Fé. 

Mesmo sendo uma sociedade em que não temos o habito de visitar museus, o jornalista e membro da Academia Goiânia de Letras Iúri Goldinho revela que o museu pode ir além de quatro paredes de concreto. O estudioso está com uma exposição em um shopping da Capital, que apresenta livros autografados de nomes da literatura goiana. “Escolhemos um shopping, exatamente pela grande movimentação de pessoas; achamos ideal e prático a pessoa estar passeando e se deparar com uma exposição histórica e regional”, explica o estudioso. 

Iúri ressalta, assim como Murillo, que toda civilização tem uma linha evolutiva, e que é necessário conhecê-la para planejar melhor. “Quem não entende o passado não consegue planejar o futuro, seja pessoalmente ou em sociedade. Por exemplo, sabemos que Goiânia foi planejada com o estilo arquitetônico de Paris; que é uma cidade com princípios conservadores; conhecida por ser uma cidade acolhedora – tanto com as pessoas que migram para a Capital como entre os próprios goianienses”, explica.

Essas informações são importantes para entender o funcionamento político, social e até mesmo econômico da cidade. Murillo reforça que o estudo na disciplina, além de ensinar sobre o funcionamento de uma sociedade, estimula o senso crítico dos cidadãos. “Ao entender como foi realizado determinado ato histórico, segundo seus valores pessoias, o indivíduo consegue pontuar os pontos positivos e negativos desse fato. Assim, estimula a noção de senso crítico e, até mesmo, a noção de coletivo social”, adverte. 

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação da 

editora Flávia Popov 

 

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