‘Estou Sem Silêncio’: uma busca pela liberdade feminina

Espetáculo de dança, nesta quinta (18), apresenta a mulher moderna, unindo movimentos suaves com posicionamento de força

Postado em: 17-04-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Espetáculo de dança, nesta quinta (18), apresenta a mulher moderna, unindo movimentos suaves com posicionamento de força

GUILHERME MELO* 

Buscando representar o universo feminino, o espetáculo de dança Estou Sem Silêncio chega ao palco do Teatro do Centro Cultural da Universidade Federal de Goiás, nesta quinta-feira (18), às 20h. A peça é montada pela Quasar Cia. de Dança, sob produção de Vera Bicalho e Giselle Carvalho, e coreografia de Henrique Rodovalho. A temática feminina, interpretada por quatro mulheres, segundo Henrique, nasce desse novo contexto da Companhia. 

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De acordo com o coreógrafo, a companhia está mudando o direcionamento dos espetáculos para conseguir interagir com a sociedade. “Pensamos em novos formatos de apresentações que estejam no universo alternativo, falando de problemas sociais e que as pessoas se identifiquem com as linguagens dos movimentos apresentados”, explica ele. Casando o conceito de representação e problemas sociais, o grupo coloca, no palco, o universo íntimo feminino. “A montagem do espetáculo foi produzida a partir da percepção de problemas sociais como violência doméstica, machismo, feminicídio e abusos contra a mulher”, revela Henrique. 

Para realizar um espetáculo que dialogasse com a realidade das mulheres, a produção realizou a montagem junto com as bailarinas. O coreógrafo explica que se inspirou nas experiências de vida das bailarinas para compor os movimentos da dança. “Buscamos uma dança contemporânea, que mescla movimentos sensíveis e atitudes de firmeza. Para isso acontecer, conversei bastante com as quatro bailarinas que, inclusive, ajudaram na montagem da trilha sonora”, revela o responsável. 

Henrique conta que o diferencial do espetáculo foi exatamente a diferença entre as bailarinas, que têm personalidades e histórias diferentes. “Entre as dançarinas, temos uma mulher experiente, de 44 anos, uma jovem de 22 anos, cheia de energia, uma carioca que carrega toda a tradição de outro estado e uma mulher engajada socialmente, com os direitos e deveres”, conta. Segundo Henrique, a ideia de unir personalidades diferentes, é abrir uma fresta no espaço-tempo, descerrando uma janela que permita espiar um pouco mais aquele instante, desta vez ampliando as diversas camadas que compõem uma cena aparentemente cômica e banal.

“O próprio nome do espetáculo, Estou Sem Silêncio, coloca uma mulher na posição de fala. Levando a representação daquilo que ‘ela’ está sofrendo”, explica. Mesmo trazendo a representação de problemas sociais, enfrentados pelas mulheres, Henrique reforça que não deseja falar da mulher, como integrante social, mas sim como indivíduo. “Não desejo fazer um espetáculo panfletário, mas quero, sim, colocar em cena essa força, essa luta, esse enredo que envolve toda a sociedade, mas quero fazer isso de uma maneira diferente” confirma Rodovalho.

Origem de luta social

Henrique Rodovalho e Vera Bicalho se reuniram, ainda jovens, no ano de 1988, com o propósito de criar um grupo de dança que pudesse transpor para a cena os anseios de uma geração de artistas goianos que assistiam a transformações caudalosas nas formas de se fazer teatro, dança, artes visuais, música, cinema, literatura em todo o mundo. O novo corpo de bailarinos-criadores, multifacetado, heterogeneamente dinâmico, causou estranheza, mas também gerou lastro para que coisas inéditas viessem à tona. Pouco mais de uma década depois de sua fundação, a Quasar se tornou reconhecida por uma linguagem  impregnada de sentidos, representativos de um lugar, de um tempo, de afetos e substâncias muito humanas.

Segundo o coreografo, a Quasar segue sendo a mesma desde a sua origem. Henrique cria a dança, e Vera cria as oportunidades para que ela aconteça. O par continua em cena, estimulado, como estava há 31 anos, pela necessidade de produzir arte. E a linguagem, nesse processo de arrumação, de rearranjo, se expande. Henrique comenta que o contexto o instiga, o faz querer descobrir novas formas, para que seja entregue ao público uma obra com ainda mais qualidade que antes. Vera Bicalho faz coro com Henrique, buscando os caminhos que permitam essa continuidade, mas com a garantia de que seja posto em cena todos os atributos que fizeram da Quasar esse ‘corpo celeste’ capaz de fulgurar nos mais conturbados universos. Assim, elenco, equipe de produção, equipe técnica e criadores se tornam uma só massa em ebulição, girando a toda velocidade, com o único propósito de emitir ainda mais energia.

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação da editora Flávia Popov

SERVIÇO 

Espetáculo ‘Estou Sem Silêncio’ 

Onde: Teatro do Centro Cultural da UFG (Av. Universitária, nº 1.533, Setor Leste Universitário) 

Quando: quinta-feira (18) às 20h

Classificação indicativa: 10 anos

Ingressos: R$60 (inteira)

 

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