Uma viagem pelos mistérios de Praga

GUILHERME MELO* 

Até nem tanto tempo atrás, Praga ainda era considerada um ‘destino exótico’ por muitos viajantes. Alguns não conseguiam dissociar o nome do seu significado em português, e outros tinham percepções pré-concebidas sobre tudo o que fizesse parte do ‘Leste Europeu’, erroneamente imaginado como uma região cinzenta povoada por edifícios soviéticos.

Hoje, é até curioso se lembrar disso, pois Praga se tornou tão desejada pelos viajantes, sejam eles brasileiros ou estrangeiros. O fascínio pela cidade cresceu pela busca dos tesouros acumulados em um tempo em que o país se chamava ‘Boêmia’ e fazia parte do Império Austro-Húngaro, e não ficava no Leste, mas na Europa Central.

Na última década, a capital da República Checa se renovou e está ainda mais preparada para receber visitantes. Nos itinerários clássicos entre Budapeste, Viena, Praga e Berlim, a cidade entra com o charme imbatível de ser a mais compacta e mais acolhedora das cidades do circuito.

Em 2019, o calendário da Galeria Nacional está cheio de eventos, exposições permanentes e novidades. Oferece momentos para desfrutar de uma arte cuja beleza, ao longo dos séculos, agrada seus admiradores, ou, ao contrário, se gosta de arte contemporânea, uma boa pedida é visitar a Galeria Nacional em Praga. O lugar não costuma decepcionar ninguém. 

Novas exposição de coleções 

A Galeria Nacional abrirá duas exposições de coleções preparadas este ano. A primeira das novidades é no Palácio Schwarzenberk, em frente ao Castelo de Praga, e será inaugurada no próximo dia 13 de setembro.

A exposição será denomiada Os Velhos Mestres: o acervo conta as obras mais valiosas das coleções de artes clássicas antigas, especialmente a partir do período entre os séculos 16 e 18. Na mostra, os visitantes podem ver obras de Hans von Aachen, PetrBrandl, Lucas Cranach ou Peter Paul Rubens. Junto à exposição restaurada, também iserá abaerta a entrada principal do palácio, e, nos diferentes andares do palácio, será apresentada a arte do barroco e do renascimento na Europa. A segunda exposição será aberta no dia 12 de novembro de 2019, no edifício principal da Galeria Nacional, em Veletržnípalác (Palácio das Feiras). Será denominada 1796-1917: A Arte do Mais Longo Século.

O conceito geral da exposição é baseado nos temas mais importantes que foram característicos para a sociedade– desde as Guerras Napoleônicas até o início da era moderna. Nesta mostra, serão expostas obras de notáveis pintores de paisagens românticas e artistas que encontram inspiração na história, bem como aqueles que foram para criar um pano de fundo para a arte moderna – dentre eles, EugèneDelacroix, Paul Gauguin, Pablo Picasso e Josef Mánes.  

Trinta anos após a Revolução de Veludo 

Este outono marca o trigésimo aniversário da Revolução de Veludo que iniciou o colapso do comunismo na Tchecoslováquia. A Galeria Nacional apresenta projetos preparados para comemorar este importante aniversário. Um dos projetos de maior destaque é a exposição fotográfica Havel ao Castelo!, que terá lugar em Veletržnípalác. A inauguração solene ocorrerá em 13 de novembro de 2019, e a exposição continuará até 16 de fevereiro de 2020. As fotografias das manifestações organizadas contra o regime serão acompanhadas de outras fotografias que também foram tiradas, durante o ano de 1989, que mostram a vida cotidiana ou refletêm vários problemas.

Já no Palácio Šternberk, que fica perto do Castelo de Praga, será instalada uma enorme exposição que enfocará a relação entre dois estados vizinhos históricos: a Saxônia e a Boêmia. A exposição será composta de nove partes, e incidirá, através de uma tal simbiose de arte e história, não só sobre a vida cotidiana das pessoas, mas também sobre vários eventos históricos criados pelas elites que governavam naquela época. Muitos dos objetos serão exibidos pela primeira vez na República Tcheca: monumentos valiosos da arte gótica e renascentista, pinturas de Lucas Cranach, telas de maneirismo, obras de barroco intermediário e pinturas de OskarKokoschka.

Mais exposições

No Palácio das Feiras, poderá ser vista a primeira retrospectiva do escultor suiço Alberto Giacometti, na República Tcheca. No Palácio dos Kinský, na Praça da Cidade Velha, estará instalada a exposição Impressionismo Francês, onde poderão ser vistas obras de Claude Monet, Edgard Degas, Pierre Auguste Renoir ou Alfred Sisley. O quinto andar do Veletržnípalácé dedicado à fotografia. A exposição 400 ASA: Photography apresentará AlžbětaJungrová, AntonínKratochvíl, KarelCudlin e TomkiNěmec. Os fãs de Josef Šímapoderão visitar a exposição Cesta k Vysokéhře (“Caminho para o Jogo da Classe Alta”). A exposição As Belas Madonas, instalada no mosteiro de Santa Inês Tcheca, mostrará o encanto e a beleza das esculturas góticas das Madonas, vestidas com suas longas túnicas, com o Menino Jesus em seus braços. 

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação da editora Flávia Popov