Clarice mulher e escritora

Peça teatral, no Gustav Ritter, mescla biografia e obras da autora Clarice Lispector

Postado em: 31-05-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Peça teatral, no Gustav Ritter, mescla biografia e obras da autora Clarice Lispector

GUILHERME MELO* 

Representando toda a história da vida e da poesia de Clarice Lispector, a turma de formação de Teatro Inicial do Instituto de Educação em Artes Gustav Ritter apresenta, nesta sexta-feira (31), às 20h, o espetáculo Clarice – Uma Biografia Poética.  Segundo Marcos D’Avila, diretor do espetáculo, a apresentação é uma oportunidade para os jovens mesclarem a teoria aprendida em sala com a prática. “Com uma montagem de seis meses, os estudantes fizeram a atividade de montar a peça com recortes de obras da autora e momentos de sua vida. Isso é muito bom para internalizar a história e conseguir aplicá-la no palco”, conta. 

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O espetáculo retrata a vida e a obra da autora, uma história onde se mesclam a composição dramática de seus escritos com a conturbada e conflituosa vida da escritora. “Estamos produzindo um olhar sobre a vida dela, como os pensamentos e a genial escritora que era. Não deixamos de lado a versão mulher da escritora, mas sem muita profundidade em seus relacionamentos”, explica. Clarice trouxe à literatura nacional um olhar contemplativo, reflexivo e analítico sobre o ‘eu’, renovando o cenário literário brasileiro. Por todo o talento da autora e sua importância para a cultura do País, o núcleo de Teatro do Gustav Ritter apresenta o espetáculo Clarice.

Com cerca de 60 minutos, a peça é momento ideal para os estudantes conseguirem expressar o conhecimento adquirido em sala. Segundo a atriz que interpreta Clarice, são seus ‘15 minutos de fama’. “É um momento em que ficamos mais próximos da realidade da profissão. Então escolhemos alguém que fez diferença na arte brasileira. Particularmente, não conhecia muita coisa sobre a Clarice, então fui pesquisar sobre a vida dela, ler produções dela para entender melhor seu pensamento, assim percebi a importância da escritora, e é uma honra interpretá-la na minha primeira peça”, conta Jullyana Almeida, de 18 anos. 

História 

Clarice Lispector nasceu em Tchetchelnik, na Ucrânia, no dia 10 de dezembro de 1925. É filha de Pinkouss e Mania, de origem judaica, que chegaram ao Brasil em março de 1926, fugindo do antissemitismo disseminado na Rússia durante a Guerra Civil Russa. Fixaram residência em Maceió, Alagoas, onde morava Zaina, irmã de sua mãe. Clarice tinha apenas 2 meses de idade, e, por iniciativa de seu pai, todos mudaram o nome. Nascida Haia Lispector, passou a se chamar Clarice.

Em 1929, mudou-se com a família para a cidade do Recife, e passou sua infância no Bairro da Boa Vista. Fez o ‘primário’ no grupo escolar João Barbalho. Aprendeu a ler e escrever, muito nova, e logo começou a escrever pequenos contos. Estudou inglês e francês, e cresceu ouvindo o idioma dos seus pais, o iídiche. Com 9 anos, ficou órfã de mãe. Terminou o primário e ingressou no Ginásio Pernambucano. Com 12 anos, Clarice mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, indo morar no bairro da Tijuca. Ingressou no Colégio Sílvio Leite, e era frequentadora assídua da biblioteca.

Em 1967, publicou O Mistério do Coelhinho Pensante. Nesse mesmo ano, Clarice sofre várias queimaduras no corpo e na mão direita enquanto dormia com um cigarro aceso. Passou por várias cirurgias, e viveu isolada, sempre escrevendo. No ano seguinte, publicou crônicas no Jornal do Brasil. Passou a integrar o Conselho Consultivo do Instituto Nacional do Livro. Em 1976, pelo conjunto de sua obra, Clarice ganhou o primeiro prêmio do X Concurso Literário Nacional de Brasília. Em 1977 escreveu Hora da Estrela, sua última obra publicada em vida, em que contou a história de Macabea, uma moça do interior em busca de sobreviver na cidade grande. A versão cinematográfica deste romance, dirigido por Suzana Amaral em 1985, conquistou os maiores prêmios do festival de cinema de Brasília e deu à atriz Marcélia Cartaxo, que fez o papel principal, o troféu Urso de Prata em Berlim em 1986.

Clarice Lispector faleceu no Rio de Janeiro, no dia 9 de dezembro de 1977, um dia antes de seu aniversário. Seu corpo foi sepultado no cemitério Israelita do Caju.

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE 

sob supervisão  da editora Flávia Popov

SERVIÇO 

‘Clarice’ – biografia poética 

Quando: sexta-feira (31) às 20h

Onde: Núcleo de Teatro II (Rua C-6, nº 277, Setor Sudoeste – Goiânia) 

Ingressos: R$ 10 

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