Entre a imaginação e a realidade

Mônica e sua turma completam 60 anos amanhã. Foto: Divulgação

Postado em: 17-07-2019 às 10h25
Por: Sheyla Sousa
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Mônica e sua turma completam 60 anos amanhã. Foto: Divulgação

Guilherme Melo 

A baixinha dentuça de vestido vermelho e sua turma completam 60 anos nesta quinta-feira (18). Mônica não foi a primeira personagem a aparecer nas tirinhas de Maurício de Sousa: personagens como Bidu, Franjinha, Horácio, Piteco e Cebolinha ganharam as páginas dos quadrinista bem antes da menina. Maurício sempre sonhou em ser ilustrador, e a maneira que encontrou para realizar seu sonho foi trabalhando como repórter policial, no jornal Folha da Manhã, até que, em 18 de julho de 1959, o periódico lhe deu uma oportunidade de publicar uma pequena tira.

Desde a primeira tirinha, quando o schnauzer Bidu e seu dono, Franjinha, marcaram a estreia, a Turma da Mônica chamou atenção. Na época, o Bidu era inspirado no cachorro de Maurício, o ‘Cuica’, e Franjinha apresentava traços do próprio autor. Com isso, as tirinhas se tornaram fixas e sempre retratavam o cotidiano do criador de forma leve e engraçada. “É quase impossível criar qualquer coisa sem ter referências. É aquele ditado: ‘nada se cria…’. Todas as minhas criações são inspiradas na vida e no cotidiano. Fico sempre fazendo essa reflexão, pegando elementos característicos de uma pessoa que passou pela minha vida, e o que posso usar no meu trabalho”, explica Maurício em entrevista ao Essência. 

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O cartunista costuma dizer que seus personagens são como filhos, e inclusive alguns são inspirados neles mesmo. Porém ele conta que tem uma atenção especial para animais. “Os bichos expressão emoções melhores que as pessoas. É só observar as fábulas, onde existem gatos, corujas, tartarugas e raposas: todos falam muito bem pelo autor”, conta. Dentre todos os personagens, o autor revela que tem um apego especial com o dinossauro Horácio. “Quando criei o personagem, ele ganhou um lado meu, meio que selvagem. Horácio acabou herdando um lado voltado para o meu ‘alter-ego’”, define. 

Multimídia 

Nesses 60 anos de vida, os personagens da turma venderam mais de 1 bilhão de revistas, com a produção da Maurício de Sousa Produções (MSP), que tem parceria com cerca de 150 empresas para mais de 3 mil itens – além dos negócios em outros setores como parques de diversão, shows e participações em eventos. O desenhista enxergou que o papel era pouco espaço para os personagens, e então decidiu migrar para as telas de TV e cinema. A Turma da Mônica conquistou o mundo digital, com grande sucesso nas redes sociais e as animações no Youtube, que alcançaram mais de 10 bilhões de visualizações. “A Turma da Mônica foi criada para falar sobre o cotidiano. O cotidiano de 1970 não é o mesmo de hoje, com isso os quadrinhos vão mudando, sem alterar a essência dos personagens”, revela Maurício sobre o ‘segredo’ de seus personagens durarem por gerações. 

Um outro sucesso é a web-série Mônica Toy, que são desenhos animados em 2D exibidos no canal oficial da Turma da Mônica no YouTube e também disponível na Netflix.  A série foi lançada em 2013, e está na 6ª temporada. “Mônica Toy representa a inserção da família nos tempos digitais. Cebolinha, Cascão e Magali são desenhados com traço que mescla o estilo ‘chibi nipônico’ com toy art”, explica. 

Realizando um sonho 

No dia 27 de junho deste ano, Maurício realizou um dos seus maiores sonhos: a estreia do live-action Turma da Mônica: Laços. O longa conta a aventura de Mônica (Giulia Benite), Cebolinha (Kevin Vechiatto), Cascão (Gabriel Moreira) e Magali (Laura Rauseo) para encontrar o cão Floquinho. “Produzir um filme com crianças de verdade interpretando a Turma da Mônica sempre foi um desejo. Depois que começamos a fazer longas animados para o cinema, percebi que um live action seria possível. Parece que as crianças nasceram para esses papéis; são a ‘encarnação’ dos meus personagens”, conta Maurício.

O filme, distribuído pela Paris Filmes e Downtown Filmes, tem direção de Daniel Rezende, que postou um vídeo da reação de Maurício na pré-estreia. “Não teve como não me emocionar vendo a minha criação, de anos, tomando uma forma de ‘carne e osso’. Quando o filme terminou, não consegui segurar as lágrimas; eu bem que tentei”, finaliza Maurício de Sousa. 

(Guilherme Melo é estagiário do jornal O Hoje sob orientação da editora do Essência, Flávia Popov) 

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