Inverno e coração

Doença responsável por mais de 300 mil mortes no Brasil sofre influência direta de baixas temperaturas.

Postado em: 31-07-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Doença responsável por mais de 300 mil mortes no Brasil sofre influência direta de baixas temperaturas.

Os três meses que seguem durante o inverno trazem com ele a queda da temperatura e algumas interferências diretas na saúde, especialmente sobre o sistema cardiovascular, o que inclui o funcionamento do coração. De acordo com a American Heart Association (AHA), entidade referência mundial sobre saúde cardiovascular, os quadros de arritmias cardíacas e morte súbita, infarto agudo do miocárdio e Acidente Vascular Cerebral, o famoso derrame, crescem em até 25% durante esta época.

“Este crescimento se explica pelo aumento da pressão sanguínea e a vasoconstrição, processo que diminui o diâmetro das artérias e ocorre como uma resposta do organismo para compensar a perda de calor. Em alguns casos, esta atividade dificulta a circulação normal do sangue em determinadas regiões, gerando disfunções agudas do sistema cardiorrespiratório”, explica o arritmologista presidente da Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (Sobrac), Jose Carlos Moura Jorge.

O especialista também explica que o frio ainda ativa os receptores nervosos da pele, desencadeando uma maior liberação de adrenalina, hormônio que contrai os vasos sanguíneos. A redução das vias de circulação sanguínea, mesmo pequena, pode provocar a rupturas de placas de gordura que irrigam o coração, e essa ocorrência leva à possibilidade de formação de coágulos – em razão de uma tentativa de equilíbrio natural feita pela concentração de proteínas e plaquetas presentes no sangue.

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Todo esse processo, por fim, pode entupir as artérias e provocar um infarto. “Caso ocorra uma obstrução das artérias carótidas, que levam o sangue ao cérebro, podemos ainda ter um AVC”, pontua o especialista.

Outro fator preponderante neste contexto são regiões poluídas, em que o pulmão é sobrecarregado e altera a quantidade de oxigênio presente no sangue, o que consequentemente modifica a frequência cardíaca e propicia o aparecimento das arritmias, alterações elétricas responsáveis por distúrbios no ritmo das batidas do coração.

“Por este motivo, é preciso ter atenção e fazer algumas mudanças simples na rotina, especialmente se o indivíduo em questão já tem doença cardiovascular ou histórico na família. Neste momento, é preferível andar sempre agasalhado e evitar esforços repentinos ou exercícios intensos ao ar livre, evitando além de prejuízos ao coração, a hipotermia. E esta é uma recomendação que vale de crianças e idosos a até mesmo atletas de alta performance”, relata Moura Jorge.

 

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