Segunda-feira, 01 de julho de 2024

Projeto sobre violência contra a mulher ganha prêmio do TJDFT

Professoras da capital federal têm buscado discutir o assunto com seus alunos.

Postado em: 31-07-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Professoras da capital federal têm buscado discutir o assunto com seus alunos.

A violência contra mulher é uma problemática que permeia todos os espaços da sociedade. Por isso, professoras da capital federal têm buscado discutir o assunto com seus alunos, conquistando reconhecimento público pelas iniciativas que capitaneiam. Para ensinar aos alunos que ameaçar uma mulher, agredí-la fisicamente ou humilhá-la com xingamentos não são atitudes normais nem aceitáveis, a professora de língua espanhola Luana Moraes desenvolve um projeto que abrange diversas ferramentas sobre o tema. A iniciativa levou o 1º lugar no Prêmio Maria da Penha vai à Escola, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), que será entregue no dia 19 de agosto.

Luana dá aulas no Centro de Ensino Médio 12 (CEM 12), de Ceilândia. A cidade é o ponto do Distrito Federal onde as expressões de violência de gênero mais se destacam.

A região administrativa lidera as taxas de feminicídio e demais agressões contra mulheres. De janeiro a março, as autoridades policiais do Distrito Federal tomaram ciência de 3.752 crimes passíveis de aplicação da Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006), dos quais 17,4% (651) ocorreram em Ceilândia.

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Luana disse que a violência contra a mulher se transformou em pauta no CEM 12 depois de os professores participarem do projeto Vozes da Paz, do TJDFT, que tem por objetivo combater a violência no contexto escolar. A educadora disse que, desde quando começou a trabalhar na rede pública, em 2010, nota que alunos se tornam, com frequência, vítimas da violência doméstica. Por esse motivo, sua escolha tem ido sempre ao encontro da prevenção.

“A gente verifica que alguns alunos, sobretudo alunas, sofrem violência em casa ou, às vezes, (por parte) de um namorado, que é da mesma turma. A gente os vê mais próximos e percebe, pelo comportamento dele, que pode ser um comportamento abusivo. Aí, comecei a pensar em como poderia trabalhar (a questão)”.

O projeto vencedor do prêmio do tribunal recebeu o nome de A violência Doméstica e Familiar contra a Mulher e Leis que Promovem a Proteção da Mulher. Luana e mais três colegas, que lecionam filosofia, língua portuguesa e sociologia, estimulam as turmas a tratar da temática por meio de vídeos, seminários, fanzines, cordéis e redações.

Além disso, as professoras também convidam os pais dos alunos para debater o assunto presencialmente, em encontros realizados na instituição. Atualmente, o projeto beneficia cerca de 720 alunos do 2º e 3º anos. Um dos materiais utilizados é a cartilha Vamos Conversar?, da entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres, a ONU Mulheres.

A importância da prevenção

Luana lamenta o fato de a violência chegar, em algumas ocasiões, mais rápido do que ações preventivas como as que vem implementando. “Teve um caso que me impactou muito e os professores, de uma aluna que era estuprada pelo pai. Era uma coisa de anos. Já era adolescente, já ia fazer 18 anos de idade”.

De acordo com a Secretaria de Segurança do DF, 272 estupros foram notificados às autoridades policiais, no primeiro semestre do ano. Desse total, 47 (17,3%) aconteceram em Ceilândia.

Segundo a professora, o fato de estar envolvida com o projeto tem feito com que alunos vítimas de violência se sintam mais confortáveis para pedir ajuda. “Alguns chegam, no final da aula, pra falar, é, professora, esse é um tema muito importante. Mas eu vejo que é pra falar algo mais. Eles chegam ainda meio tímidos, mas (diante de) relatos que chegam, a gente tenta encaminhar”, disse. (Agência Brasil) 

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