Visitação a museus aumenta

Guilherme Melo

Preservar a história e a memória do ser humano sempre foi um grande desafio. Boa parte está descrita em livros didáticos e literários, e, a maioria desses objetos, expostos em museus do mundo inteiro. Para o professor de História Murillo Medeiros, o museu é uma importante ferramenta de educação e conhecimento. “Muitos pensam que eles são apenas um caminho em direção ao passado, quando, na verdade, são muito mais que isso. É um lugar de conexão entre passado, presente e futuro, pois olhar o passado é conhecer o que foi feito para aprimorar mecanismos que podem influenciar o presente, para que novos conhecimentos e técnicas sejam disponibilizados para a sustentabilidade das futuras gerações”, explica Medeiros em entrevista ao Essência.

Depois de um ano do incidente com o Museu Nacional, em 2 de setembro de 2018, O Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) com o Ministério da Cidadania divulgaram dados que mostram que, no primeiro semestre deste ano, houve aumento de 31% na visitação dos museus vinculados à instituição. Segundo o presidente do Ibram, Paulo Amaral, o Brasil tem liderado rankings mundiais de exposições mais visitadas. “Nós estamos percebendo que o brasileiro tem se interessado mais pelos museus. No ranking anual da revista britânica The ArtNewspaper, exposições brasileiras estão entre as mais visitadas, desde 2011, quando o Brasil ocupou o primeiro lugar com o O Mundo Mágico de Escher, que reuniu a reprodução de 95 obras do artista gráfico holandês Maurits Cornelis Escher. Já no ranking 2018, o Brasil teve 64 exposições entre as mais visitadas, ocupando a 11ª colocação mundial”, comentou o presidente.

O campeão de visitações brasileira é Museu da Inconfidência, em Ouro Preto. O local recebeu cerca de 30 mil visitantes a mais nos primeiros seis meses deste ano. Para a diretora interina do Museu da Inconfidência, Margareth Monteiro, o fomento ao turismo nacional é um dos fatores que explicam essa tendência. “Nós temos percebido que o aumento no número de visitantes tem sido uma tendência geral. Dentre as principais causas, podemos citar o incentivo ao turismo nacional, com publicidades nas redes de TV chamando para as atrações turísticas nos estados”, comenta a diretora interina.

Segundo Margareth, há influência das mídias sociais, por meio das quais as obras dos museus têm sido cada vez mais divulgadas. A direção do museu também tem implementado ações para incentivar o aumento de visitantes. Uma delas foi a criação de programação especial, na noite das sextas-feiras, para atrair turistas que chegam à cidade para passar o fim de semana.

Goiás na história 

Seguindo o padrão nacional, Goiás também apresenta um aumento no número de visitações em comparação com 2018. Segundo o secretário estadual de (Secult), Edival Lourenço, o aumento é um resultado de incentivos aplicados nessa área. “Existem parcerias com as escolas municipais e estaduais, assim trabalhando em parceria com algumas disciplinas. Outro incentivo à visitação são os eventos que promovemos nos museus, como Café com Pedro, que ocorre às quartaa-feiras e sempre tem uma figura história como destaque”, explica o secretário. 

Segundo Lourenço, a educação é o segredo para incentivar a população a visitar os ambientes. Estamos firmando com a Secretaria de Educação de Goiás (Seduc) a viabilização de cursos e ações educativas, dentro do próprio museu, cujo objetivo é integrar o sistema de museus com parcerias afins nos setores do ensino médio. Esse é um aspecto que merece muita atenção da atual gestão. Queremos, cada vez mais, ampliar a participação e a presença de estudantes, em todos os nossos museus e espaços, criando um hábito de visitar e participar”, revela. 

O secretário revela que a ‘temporada em alta’ nos museus da cidade ocorre, no mês de junho, com a visitação de escolas e início das férias. Segundo a Secult, o Museu Goiano Professor Zoroastro Artiaga (Muza) recebeu cerca de 2 mil visitantes, em junho, sendo que, em maio, o número de visitante chegou a pouco mais de mil pessoas. 

“Estamos trabalhando junto à Superintendência de Patrimônio para implementar ações de incentivo à visitação. Praticamente todos os nossos projetos estão sendo aprovados, e, alguns destes, já colocados em prática com sucesso. Estamos trabalhando, também, com os servidores da casa, com cursos de aperfeiçoamento, além de criar uma relação com profissionais da área – como museólogos, historiadores, arquivistas, antropólogos e arqueólogos. Uma outra experiência é o diálogo com o público por meio das redes sociais”, finaliza Lourenço.

(Guilherme Melo é estagiário do jornal O Hoje sob orientação da editora do Essência, Flávia Popov)