Redes sociais são grandes vilãs em casos de traição, aponta detetives

Infidelidade não é novidade para ninguém, mas redes sociais a tornaram ainda mais acessível e aumentaram a busca por investigadores| Foto: Reprodução

Postado em: 26-09-2019 às 10h00
Por: Redação
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Infidelidade não é novidade para ninguém, mas redes sociais a tornaram ainda mais acessível e aumentaram a busca por investigadores| Foto: Reprodução

Eduardo Marques

Já dizia Marília Mendonça: “Iêê/ Infiel/ Eu quero ver você morar num motel/ Estou te expulsando do meu coração/ Assuma as consequências dessa traição”. A infidelidade dentro de relacionamentos não é algo novo, mas nunca foi tão fácil “pular a cerca” e, por isso, a procura por profissionais para identificar casos de adultério tem crescido, especialmente na era das redes sociais.

Uma das principais influências nesse aumento de demanda é exatamente a popularidade dessas mídias, nas quais é possível trocar mensagens e likes, o que pode facilmente levantar suspeitas sobre parceiros e parceiras. Plataformas como WhatsApp, Tinder e Instagram são as que causam maior desconfiança, segundo investigadores particulares de Goiânia entrevistados pelo O Hoje. 

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Detetive particular a mais de 30 anos, o português Manuel Xufre explica que muitas pessoas o procuram por causa de alguma suspeita relacionada ao WhatsApp e demais redes. “Hoje em dia, cerca de 70% dos casais têm o smartphone bloqueado, e isso automaticamente cria desconfiança – porque, se há senha, deve ter algo que um não quer revelar ao outro. Esse fato gera perturbação até a pessoa vir contratar o detetive particular. O WhatsApp é o principal vilão, na minha opinião”, esclarece o profissional, à frente do Sindicato dos Detetives (Sindep). Profissional acredita que essa rede social gera mais desconfiança porque é o canal direto para marcar encontros, enquanto o Facebook e Instagram conhecer novos parceiros.

Com quase duas décadas de profissão, o detetive Luciano Alves dos Santos percebe o mesmo padrão. “As redes sociais tiveram um grande impacto na profissão porque as plataformas digitais facilitam a pulada de cerca. Com toda essa conectividade e a exposição visual das pessoas, há mais desconfiança”, argumenta.

As pequenas atitudes são essenciais para despertar a curiosidade. Um dos casos que Manuel destaca é o de uma cliente que, ao suspeitar da traição do marido, começou a acompanhar cada ação dele no Instagram.

Quem mais procura o serviço, segundo o investigador Luciano Santos, são as mulheres casadas (entre 55% e 60% do total), classe média e alta, e a faixa etária mais comum entre os clientes é de 18 a 70 anos. O público heterossexual lidera as buscas pelos serviços, mas o homossexual, conforme Xufre, nos últimos anos tem crescido. Ele ainda afirma que, muitas vezes, as pessoas já sabem que estão sendo traídas, mas desejam provas, seja para expor à família e mostrar o que deu errado no relacionamento ou para conseguir benefícios no processo de divórcio. Em 70% dos casos, a traição é confirmada, diz o profissional. “Cerca de apenas 3% se separam após o flagrante”, diz o Detetive Santos, como é conhecido.

Residindo no Brasil desde 2000, o detetive Manuel disse que há cerca de 10 anos, as mulheres lideravam a procura pelos serviços. Entretanto, de acordo com ele, os homens, geralmente casados, mudaram as estatísticas e atualmente suspeitam mais que elas. Um dado curioso que ele disse é que está crescendo a materialização de casos onde o parceiro trai a esposa com outro homem. “Ultimamente, principalmente nos últimos dois anos, casos de traições envolvendo outros homens tem crescido, o que as deixam mais desapontadas”, frisa Xufre. 

Outro grupo que usa e abusa do serviço é formado por pessoas prestes a casar e noivar. “Geralmente são pessoas de alto poder aquisitivo que querem confirmar a fidelidade do parceiro ou da parceira antes de firmar um compromisso a longo prazo”, aponta Detetive Santos. O valor da diária pelos serviço prestado é de cerca de R$ 400. 

Flagrantes, confrontos e sigilo

Uma das atitudes mais comuns, de acordo com Santos, é confrontar o outro antes de buscar a investigação profissional. Para o especialista, a iniciativa atrapalha em vez de ajudar. “Ao questionar, você alerta o investigado, ele vai ficar mais cauteloso e será mais difícil flagrá-lo”, aconselha Luciano.

Outra questão importante levantada pelo detetive é que, apesar de o WhatsApp ser a grande fagulha das desconfianças, é impossível ter acesso às mensagens compartilhadas na rede social, a menos que os clientes tenham acesso aos aparelhos físicos utilizados pelos investigados. “As conversas são criptografadas. Uma alternativa cada vez mais comum é o cliente presentear o parceiro ou a parceira com um novo celular e enviar o item antigo para ser totalmente vasculhado”, revela.

Manuel acredita que as mulheres possuem um senso de desconfiança maior que os homens. Ele explica que quando elas o procuram, é porque só querem a confirmação da traição. Já, os homens contratam o serviço dele quando se tem alguma suspeita, sem a materialização de provas concretas. “Quando elas chegam até nós é porque tem alguma coisa errada. As vezes até mostram quem é a pessoa com quem o marido está a traindo. O homem começa com uma abordagem ‘eu acho que existe uma coisa que não está bem”. 

 

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