Lei Aldir Blanc permite que artistas goianos se reinventem durante a pandemia

Diferentes tipos de atividades e apresentações estão acontecendo de forma online e gratuita graças ao benefício | Foto: reprodução

Postado em: 30-01-2021 às 12h00
Por: Carlos Nathan Sampaio
Imagem Ilustrando a Notícia: Lei Aldir Blanc permite que artistas goianos se reinventem durante a pandemia
Diferentes tipos de atividades e apresentações estão acontecendo de forma online e gratuita graças ao benefício | Foto: reprodução

Jordana Ayres 

Com a chegada da pandemia do novo coronavírus no Brasil, em fevereiro de 2020, a indústria cultural que depende de grandes públicos para conseguir se manter, passou por momentos de extrema dificuldade. Eventos foram adiados e shows foram cancelados sem nem se quer poder marcar uma nova data, afinal, as pessoas se viram obrigadas a ficar dentro de casa para tentar evitar a disseminação da doença. Isso fez com que artistas encontrassem dificuldade financeira, sem um meio fixo de ganhar o dinheiro. 

De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), em 2018, mais de 5 milhões de pessoas eram empregadas pelo setor cultural, representando 5,7% do total de ocupados do país, movimentando cerca de R$ 266 milhões no ano anterior, ou seja, esses  artistas que por hora estavam desamparados, necessitando de uma ajuda para se reerguer. Pensando nisso, o Senado Federal, em junho do ano passado, criou o projeto de Lei Aldir Blanc. 

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A Lei foi sancionada garantindo uma renda emergencial de R$ 600,00 reais aos profissionais da área, como artistas, contadores de histórias e professores de escolas de arte e capoeira; o governo federal já repassou aos estados e municípios, ao todo, R$ 3 bilhões de reais. Esses recursos também podiam ser utilizados para a manutenção de espaços artísticos com valores que variam entre R$ 3 e 10 mil reais, além disso, também poderiam promover atividades culturais por meio de editais.

Em Goiás, segundo a Secretaria de Estado de Cultura, foram destinados R$100 milhões de reais, sendo R$ 50 milhões destinados ao Estado e R$50 milhões para os municípios. Dos recursos oferecidos ao Estado, 80% serão aplicados para os artistas que estão parados e não receberam a Lei Emergencial Federal, e 20% será direcionado para o lançamento de editais que ajudam os segmentos culturais que não estão podendo trabalhar em razão da pandemia. 

Na capital goiana, os aprovados no Inciso III do Edital nº 001/2020 da Lei Aldir Blanc, que já receberam esse auxílio, já começaram as apresentações. O prazo final para a divulgação de lives e exibição de conteúdos online é até dia 31 de março de 2021. As atrações foram inscritas e aprovadas pela Comissão de Projetos Culturais da Secretaria Municipal de Cultura (Secult), que divulgou os editais da lei no início de novembro. Os processos estão em andamento, bem como os pagamentos e apresentações.

Um grupo de drag queens aqui da capital goiana, denominado Las Tretas, composto por Pedro Arthur Crivello, Danilo Zelda e Luan Estevan, já foi contemplado pela Lei Aldir Blanc. Inicialmente, após fazerem um show online com a temática Halloween, decidiram levar o projeto adiante após receberem essa ajuda financeira. Com isso, novas oportunidades surgiram e o grupo pode realizar o sonho de colocar em prática todo o conceito da arte drag e LGBTQIA +. 

“Somos três pessoas à frente do grupo, nós entramos, inicialmente, como proponentes e conseguimos abranger a temática drag e LGBTQIA +. A gente pôde, através da Lei Aldir Blanc, realizar todo o conceito do que poderíamos fazer como artistas na quarentena. O meu projeto inscrito se chama Glam Carnival Show, nós fizemos um show com a temática de carnaval que seguia a ideia que tínhamos feito com um orçamento particular com apresentações de drag queens e performances de dublagens. Agora o show vai reunir mais de 10 artistas drags, envolvendo homens cis, mulheres cis e trans”, conta Pedro. 

Ele alega também que os colegas conseguiram promover diferentes  tipos de entretenimento  que abordam este tema tão ignorado pela sociedade. “ O Danilo, como proponente, resolveu fazer lives educativas porque ele é professor. Isso possibilitou que ele passasse um pouco da cultura drag e LGBTQIA +, lincado com o cinema, a literatura e outros tipos de arte. O Luan tem um projeto junto ao coletivo drag Goiás. Usamos o instagram @lastretasdrag para unir todos os trabalhos”, finaliza. 

Outro artista que também foi contemplado é o cantor, compositor e instrumentista Fernando Perillo que chegou a trabalhar no Canto da Primavera, Réveillon na Praça, Arraiá do Cerrado e outros mais. Para ele, a pandemia promoveu uma das piores situações já vivenciadas, afinal, o setor em que trabalha é o mais afetado. “Tudo fechou, teatros, cinemas, eventos de grande porte. Estou morando numa chácara há quatro meses por motivos familiares, esperando a vacina”, conta Fernando. 

O compositor disse que durante esse período já conseguiu fazer 3 lives e que a Lei Aldir Blanc serviu como um refrigério. “ Essa lei muito boa veio trazer alento ao setor, fui contemplado e fiquei muito feliz. Logo vou realizar outros projetos envolvendo vários músicos e técnicos para estar, de certa forma, próximo do nosso público. A minha marca é a Live do Cerrado e a banda que me acompanha é a Kalunga; no meu caso, os recursos financeiros da Lei serão divididos para toda a equipe que conta com mais de 15 pessoas”, conclui. 

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