Apesar de dificuldades, indústria audiovisual tem crescido em Goiás

Produções cinematográficas vêm crescendo no Estado, mesmo com escassez de recursos | Foto: reprodução

Postado em: 31-01-2021 às 12h30
Por: Redação
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Produções cinematográficas vêm crescendo no Estado, mesmo com escassez de recursos | Foto: reprodução

Luan Monteiro

O cinema, também chamado de sétima arte, já conquistou seu espaço na cultura mundial. No Brasil, mesmo com a escassez de recursos e falta de incentivo cultural, produções cinematográficas são elogiadas no cenário internacional e vem tendo cada vez mais destaques. Em Goiás não é diferente, trabalhos realizados por goianos também conseguiram notoriedade. 

Nacionalmente falando, nos últimos anos filmes como Bacurau, A Vida Invisível, Democracia em Vertigem e Aquarius, trouxeram grandes prêmios e prestígio na categoria ao país. Já no Estado de Goiás, produções tem saído com uma maior frequência, graças a leis de incentivo à cultura, porém, por ser uma arte cara, artistas do meio encontram dificuldades para realizar suas obras.

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Segundo o Cineasta e Videoartista, Érico José, o cinema no Estado tem crescido muito, e em poucos anos, o volume de produções cinematográficas goianas passou de zero para várias. “O cinema no estado veio crescendo muito, em poucos anos fomos de nenhum longa metragem a vários longas metragens. Isso tudo graças a leis de incentivo. Cinema é caro e sem esses incentivos a cadeia produtiva para. Um exemplo triste é o fundo de arte e cultura de Goiás que não lança editais desde 2018”, explica Érico.

Para Érico, leis de incentivo são essenciais para a manutenção da indústria. “Todos os países possuem leis de incentivo para a produção e são pouquíssimos que possuem uma real indústria de cinema. Mesmo os que possuem indústrias cinematográficas bem desenvolvidas ainda tem leis de incentivo”, complementa.

“Precisamos de incentivos governamentais regulares e que respeitem os prazos. Grande parte dos artistas sofrem de problemas de ansiedade, pois trabalhar com arte em si já é um ambiente muito competitivo. Você precisa dar seu sangue para produzir um projeto relevante, se esforçar ao máximo para conseguir ser aprovado e conseguir captar o dinheiro e depois ainda fica na angústia dos atrasos”, completa.

Eventos como o Goiânia Mostra Curtas, realizado anualmente na capital goiana, ajudam cineastas a contarem histórias a um público que provavelmente não conseguiria ver tais apresentações, e auxiliam, também, na formação de público, o que facilita a captação de recursos para cineastas independentes. 

“Uma das coisas que precisamos é de formação de público. Imagina que interessante seria se nas escolas tivéssemos uma disciplina obrigatória de cinema com exibição dos produtos locais? Isso tiraria o preconceito de que cinema brasileiro é ruim e ajudaria a preparar alunos para uma realidade que já vivemos. E essa realidade é que o vídeo é uma linguagem muito comum hoje. Precisamos educar as crianças para que elas saibam ler imagens em movimento e acho que isso deveria ser feito de modo a difundir nossa cultura cinematográfica local. O cinema é a base dos vídeos. Precisamos começar com ele”, explica Érico.

“Difundir a cultura brasileira desde criança para entendermos de verdade a importância de criar produtos culturais que reflitam a diversidade brasileira”, completa.

Para o diretor de fotografia, Jeová Filho, o cinema vem expandindo no Estado, mas não deixou de ser regional “Nos últimos anos houve um maior fluxo de produção com maior visibilidade para os filmes feitos aqui, mas ainda é algo regional, não somos exportadores de obras que atingem todos os cantos do Brasil, nossas obras atingem de maneira subentendida. Hoje o cinema feito aqui é mais independente, há pouco incentivo e o que se tinha, foram cortados ou restringidos”, explica.

“Para auxiliar o ramo, é necessário a retomada dos incentivos, maior facilitação nos editais para os iniciantes, além da capacitação de profissionais que já atuam ou para aqueles que queiram se iniciar na área. A mão de obra capacitada, nos permite produzir melhor”, completa.

 Segundo Jeová, os realizadores têm que bater em portas para que suas histórias tenham a oportunidade de chegar a mais pessoas, e com isso, abrir portas para quem está começando. “Acho que todo realizador quer sua obra vista por todos. É importante que os players, os streamings, tenham um maior olhar para as produções da região, e que os realizadores também batam nessas portas para que a gente chegue para o Brasil ou para fora. Mas antes disso, é necessário que nossas histórias cheguem a nós mesmos, muito se diz do cinema feito em Goiás, mas pouco se vê. Retomada de projetos como Cinema na Calçada feito pela Maria Abdalla que levava filmes para o interior do Estado são de extrema importância”, aponta.

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