Conheça a escala de rastreio para risco de autismo de bebês

É considerada uma das ferramentas mais utilizadas para detectar o autismo em bebês, e foi validada cientificamente

Postado em: 14-02-2023 às 18h01
Por: Cecília Epifânio
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Conheça a escala de rastreio para risco de autismo de bebês | Foto: iStock/ Roman Valiev

Você já ouviu falar na M-CHAT? É uma escala, cuja sigla em inglês significa Lista de verificação modificada para autismo em bebês, que tem como principal objetivo identificar possíveis sinais de autismo em crianças que têm entre 16 e 30 meses de idade.

É considerada uma das ferramentas mais utilizadas para detectar o autismo em bebês, e foi validada cientificamente. A M-CHAT é composta por 23 perguntas de “sim” e “não” que abrangem alguns aspectos do desenvolvimento infantil, como socialização, comunicação e comportamento.

Por ser de fácil utilização, essa escala pode ser realizada por profissionais da medicina quanto por familiares ou perssoas cuidadodras. Entretanto, ela não serve como um diagnóstico para o autismo, é apenas uma passo no processo para definir o diagnóstico na criança.

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Como foi desenvolvida a M-CHAT?

A M-CHAT foi desenvolvida por Diana Robins, Deborah Fein e Marianne Barton, em 1999, e tinha como base a versão anterior, mais conhecida como Checklist for Autism in Toddlers (CHAT), que tinha sido desenvolvido por Simon Baron-Cohen e colaboradores.

Desde que foi criado, a escala já passou por algumas modificações ao longo dos anos, para garantir a sua fácil aplicação e precisão. O M-CHAT também foi tema de diversos estudos e revisões que a consideram uma ferramenta confiável para auxiliar na identificação de sinais comuns de autismo em crianças.

Apesar disso, é importante destacar que ela é apenas um dos passos no processo de avaliação para o autismo, e é importante que a criança seja avaliada por profissionais capacitados, como psiquiatras ou psicólogos clínicos.

Como funciona a M-CHAT?

Ela é composta por 23 perguntas que abrangem comportamentos típicos e atípicos, os relacionando ao autismo, como: interação social, comunicação, comportamentos repetitivos e interesses restritos. Esse teste pode ser aplicado tanto por familiares ou cuidadores, quanto por profissionais da medicina, a fim de identificar riscos de autismo em uma criança.

Dentre as perguntas do questionário, 14 foram desenvolvidas tendo como base sinais comuns no autismo, como dificuldade em interagir socialmente, dificuldade em brincadeiras de “imaginação”, brincar de forma diferente com brinquedos etc.

Quando a criança tem uma pontuação 2 ou 3 em perguntas que são baseadas em sinais comuns de autismo, existe um risco para TEA que deve ser identificado.

Sendo assim, os possíveis resultados da aplicação M-CHAT são:

  • Baixo risco: pontuação de 0 a 2: existem poucas chances da criança estar no Transtorno do Espectro Autista. Atenção: caso a criança tenha menos de 2 anos, é necessário que o teste seja repetido;
  • Risco moderado: pontuação de 3 a 7: neste caso, é importante que a história da criança seja muito bem coletada, por isso é preciso o acompanhamento de profissionais que vão entrevistar a família e entender mais sobre o desenvolvimento da criança e como esses sinais surgiram;
  • Risco alto: pontuação de 8 a 20: essa pontuação indica que a criança tem altas chances de estar dentro do espectro do autismo, por isso, é importante marcar uma consulta com especialistas das áreas de neuropediatria ou psiquiatria infantil. Somente assim será confirmado ou descartado o diagnóstico de autismo, assim como início das intervenções específicas.

Mesmo que o resultado indique “baixo risco” e a família continua tendo suspeitas, é importante que busquem por uma ajuda especializada. Afinal, cada pessoa com autismo é única, e seus sinais são manifestados de maneiras diferentes.

Por que identificar sinais de atraso no desenvolvimento de forma precoce?

Outro ponto importante da realização do teste, é a sua busca por ajudar os profissionais a identificar atrasos no desenvolvimento e início da intervenção precoce.

Também vale dizer que o diagnóstico de autismo em si pode demorar a acontecer de forma oficial, mas o início das intervenções pode – e deve – começar o quanto antes. Isso porque estudos já realizados demonstram que iniciar as estimulações para o desenvolvimento da criança têm um papel fundamental na forma como vão se desenvolver.

Isso acontece, em grande parte, por causa da neuroplasticidade, ou seja, a capacidade que o cérebro tem de se adaptar ou mudar por meio de alterações fisiológicas resultantes das interações com os ambientes. Ela é um mecanismo de aprendizagem incrível que é ainda maior em crianças de até 3 anos.

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