Cientistas criam farinha que mantém a saciedade por mais tempo, além de reduzir percentuais de glicose no sangue

Segundo os pesquisadores, isso se deve ao fato de que o amido demora mais tempo para se decompor no corpo

Postado em: 20-02-2023 às 10h30
Por: Cecília Epifânio
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Cientistas criam farinha que mantém a saciedade por mais tempo, além de reduzir percentuais de glicose no sangue | Foto: iStock/ GeorgeDolgikh

Cientistas da King’s College London, no Reino Unido, desenvolveram um tipo especial de farinha e a usaram no preparo de um pão, que demonstrou manter a sensação de sasies por mais tempo, além de reduzir os níveis de glicose no sangue. Os pesquisadores atmabém apontaram em estudo, publicado na revista científica The American Journal of Clinical Nutrition, que o produto pode ser uma alternativa mais saldável na redução de riscos de obesidade e diabetes.

A nova farinha é baseada em leguminosas, incluindo grão-de-bico, lentilha e feijão. Esses alimentos são conhecidos por serem úteis para nos ajudar a mander uma peso saudável e reduzir riscos de doenças cardíacas. Em grande parte, seus benefícios dependem da integridade do material vegetal.

“Em um momento em que todos somos encorajados a aumentar nossa ingestão de fibras, este estudo destaca a importância da forma física da fibra, como paredes celulares intactas, retardando a digestão do amido, melhorando os níveis de glicose no sangue e simulando os hormônios da saciedade que nos ajudam a nos sentirmos satisfeitos”, diz o bioquímico Peter Ellis , do King’s College London, no Reino Unido, em comunicado.

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Após a produção da farinha e assar o pão, os cientistas testaram em 20 indivíduos saudáveis, que receberam amostras de pão branco com 0%, 30% e 60% de farinha de grão-de-bico. Uma geléia sem adição de açúcar foi oferecida para dar um sabor a mais ao pão.

O pão feito com a nova farinha, fez com que os voluntários se sentissem mais cheios, de acordo com os próprios relatos. Uma análise de sangue também sugeriu que isso era resultado de um aumento na liberação de hormônios que promovem a saciedade.

Depois, houve também uma redução da glicose no sangue: a farinha de grão-de-bico 30% reduziu os níveis de glicose no sanguem em 40%. Uma queda semelhante observada na farinha de gão-de-bico 60%, se comparada com a farinha comum. Segundo os pesquisadores, isso se deve ao fato de que o amido demora mais tempo para se decompor no corpo.

“Ficamos impressionados com os resultados que vimos em indivíduos saudáveis ​​e agora gostaríamos de ver como nosso pão de farinha de grão-de-bico pode ajudar no controle do peso corporal ou diabetes em testes de intervenção dietética em larga escala com pessoas que sofrem com essas condições”, conta o fisiologista intestinal Balazs Bajka, do King’s College London, em comunicado.

No estudo publicado, os pesquisadores observam que é difícil fazer com que as pessoas mudem seus hábitos alimentares para previnir futuros problemas, como obesidade e diabetes – e é por isso que avanços como esses são promissores.

Alimentos básicos como o pão poderiam ser modificados para serem melhores para o ser humano, sem a necessidade de um esforço muito grande de nossa parte. Geralmente, comer alimentos que requerem menos processamento tem consistentemente demonstrado ser o caminho a seguir para uma vida mais longa e saudável.

Este é o primeiro estudo desse tipo, demonstrando como o uso de farinha de leguminosas integrais no pão pode ter esses efeitos benéficos. Há muito mais por vir: a mesma abordagem também pode ser usada em outros tipos de alimentos.

“Sabemos há muito tempo que a estrutura dos alimentos pode ter um grande impacto em seu valor nutricional”, diz a biocientista Cathrina Edward , do Quadram Institute, no Reino Unido. “Este estudo é um exemplo promissor de como novas estruturas de ingredientes podem ser usadas com sucesso para melhorar os efeitos metabólicos e de saciedade dos produtos alimentícios do dia a dia. Esperamos que nossas descobertas atraiam o interesse de produtores de alimentos que buscam melhorar as credenciais de saúde de seus produtos”.

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