Quinta-feira, 28 de março de 2024

Entenda o caso brutal da filha que matou a mãe

Dee Dee Blanchard adulterava os laudos médicos de sua filha, Gypsy Rose, para fingir que ela tinha diversas doenças graves

Postado em: 09-03-2023 às 18h21
Por: Maria Gabriela Pimenta
Imagem Ilustrando a Notícia: Entenda o caso brutal da filha que matou a mãe
A menina vivia em uma cadeira de rodas, respirava por um tanque de oxigênio e possuía um estado de saúde muito frágil | Foto: Divulgação

A história de Gypsy Rose Blanchard foi escrita com mentiras. Aos 18 anos de idade, quando finalmente descobriu a verdade sobre sua vida e supostas doenças, planejou o assassinato de sua mãe, Dee Dee Blanchard. O crime e suas motivações ganharam muita repercussão na mídia e deixou o mundo inteiro em choque. Afinal, o que parecia roteiro de ficção, era real.

Gypsy Rose e Dee Dee Blanchard

Gypsy Rose e Dee Dee Blanchard
Foto: Hulu/Divulgação

Gypsy Rose nasceu no dia 1 de julho de 1991 e morava com sua mãe, Dee Dee Blanchard, em uma casa em Springfield, no Missouri, nos EUA. Na vizinhança pacata, elas eram muito queridas. Desde a infância, segundo a mãe, Gypsy sofria de problemas de saúde graves, como anomalias cromossômicas, distrofia muscular, problemas de visão, asma severa, epilepsia, alergia à açúcar e apneia do sono. Quando questionada sobre as doenças, Dee Dee sempre dizia que elas colocavam a vida da filha em risco.

Por esses motivos, Dee Dee desenvolveu um relacionamento superprotetor com Gypsy e nunca saía de perto dela, prestando cuidados 24 horas por dia. A menina vivia em uma cadeira de rodas, respirava por um tanque de oxigênio e possuía um estado de saúde muito frágil. Conforme seu quadro de saúde foi ficando mais severo, as duas passaram a receber ajuda governamental e doações de diversas ONGs. Já chegaram até a ganhar viagem gratuita para a Disney.

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A entrada de Gypsy na adolescência acabou incomodando um pouco a mãe, que passou a privá-la de diversas coisas que a tiravam de seu controle, como por exemplo: proibia o uso de redes sociais, não permitia que ela namorasse ou falasse sobre garotos e que passasse muito tempo fora de casa com outros jovens da mesma idade.

Entretanto, tudo começou a mudar quando, aos 18 anos, Gypsy descobriu que sua mãe havia adulterado todos os seus laudos médicos e mentido a vida inteira sobre o seu estado de saúde.

O Assassinato

Com isso, a garota se rebelou e decidiu organizar o assassinato de Dee Dee junto com seu namorado secreto Nicholas Godejohn, um rapaz de 24 anos que ela havia conhecido pela internet e mantinha contato diário há dois anos. Como Gypsy era proibida de namorar e usar redes sociais, utilizava uma conta falsa no Facebook, onde utilizava o nome “Emma Rose”.

Em junho de 2015, uma mensagem escrita “a vadia está morta” foi misteriosamente publicada nas redes sociais de Dee Dee, o que levantou suspeitas na vizinhança, que logo se preocupou e chamou a polícia.

Foto: Facebook de Dee Dee/Divulgação

O corpo da mulher foi encontrado dentro da casa onde as duas residiam no Missouri. Além disso, todos os indícios da cena do crime demonstravam que o cadáver estava ali há dias. Como Gypsy não estava em casa nesse momento, o caso misterioso começou a tomar grandes proporções pelas redondezas, principalmente porque ela havia deixado as cadeiras de rodas, levando todos a acreditarem que se tratava de um sequestro.

A Investigação

A primeira pista surgiu quando uma amiga de Gypsy Rose, Aleah Woodmansee, procurou as autoridades locais a fim de fornecer informações que poderiam contribuir com as investigações. Segundo ela, a filha da vítima estava envolvida em um namoro secreto já fazia um tempo.

Após o relato, os policiais localizaram a casa de Nicholas em Winsconsin e lá, se depararam com Gypsy saudável, sem cadeira de rodas, sem tanque de oxigênio e sobrevivendo sem nenhuma medicação.

O rapaz se entregou à polícia e confessou o crime, explicando que haviam planejado juntos o assassinato de Dee Dee Blanchard. Segundo Gypsy, há pouco tempo ela havia descoberto que todos os seus problemas de saúde foram inventados pela mãe e que sua vida foi uma mentira. Quando percebeu o que sua mãe fazia, planejou o assassinato da mulher e a fuga com o namorado.

Em mensagens virtuais, Gypsy pedia ao rapaz que acabasse com a vida de sua mãe, pedido respondido com a promessa de ser implacável. Apesar da garota ter comprado a arma utilizada no crime, foi Nicholas que proferiu 17 facadas em Dee Dee, 48, enquanto ela dormia.

O pai de Gypsy, Rod Blanchard, foi procurado para dar explicações. Disse que a menina nasceu completamente saudável, mas quando completou três meses de vida, Dee Dee se convenceu de que a filha sofria de apneia do sono e que não conseguia respirar à noite. Este foi o pontapé inicial para que a vida de mentiras começasse a ser construída.

Segundo investigadores e especialistas, existe uma teoria de que Dee Dee Blanchard sofria de Síndrome de Münchhausen por procuração – quando um dos pais simula sinais e sintomas na criança, com a intenção de chamar atenção pra si. A garota, por outro lado, era vulnerável e manipulada a fingir ter doenças que não tinha. A menina passou grande parte da vida dopada de remédios e tranquilizantes, segundo suspeitas de advogados.

As Sentenças

Gypsy Rose
Foto: Divulgação/Hulu

Mesmo sem possuir antecedentes criminais, Nicholas foi condenado à prisão perpétua pelo seu crime. Já Gypsy Rose recebeu a pena mínima pelo crime de homicídio, tendo que cumprir 10 anos de prisão. Sua liberdade está programada para este ano, 2023, quando completará 32 anos de idade e poderá, finalmente, tentar viver uma vida normal.

A história real inspirou o documentário Mamãe Morta e Querida, da HBO e a série The Act, do Hulu.

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