Conheça 5 seitas reais que abalaram o mundo

Família Manson, Templo do Povo, O Culto de Rajneesh, Movimento para a Restauração dos Dez Mandamentos de Deus e Heaven's Gate são exemplos de seitas que superaram roteiros de filmes de terror

Postado em: 15-03-2023 às 18h32
Por: Maria Gabriela Pimenta
Imagem Ilustrando a Notícia: Conheça 5 seitas reais que abalaram o mundo
Charles Manson foi líder de uma das seitas mais famosas de todos os tempos | Foto: Reprodução

Extorsão, tráfico sexual, trabalho forçado e até mesmo suicídio coletivo marcam a trajetória de diversas seitas que já foram instauradas no mundo. É tão bizarro e inacreditável, que a indústria cinematográfica se inspira em casos reais para produzir filmes e séries que contam as histórias macabras por trás desses cultos.

A seguir, veja algumas curiosidades sobre algumas das seitas com líderes carismáticos e finais trágicos:

1 – Família Manson

É, provavelmente, uma das seitas mais famosas de todos os tempos. Principalmente por ter envolvido o mundo pop e sido responsável pelo assassinato da atriz Sharon Tate, que estava grávida. O culto foi criado por Charles Manson, em 1967, em São Francisco. Em seguida, mudaram-se para Los Angeles para que o líder conseguisse realizar o seu sonho de se tornar músico e ser famoso.

Continua após a publicidade

A Família Manson era uma comunidade hippie, influenciada pelas ideias de guerra racial de seu líder. Inclusive, Manson era fã da música “Helter Skelter”, dos Beatles, e passou a utilizar o termo para descrever a guerra racial. Charles Manson mantinha os seus seguidores sob o efeito de drogas, especialmente LSD e era a favor do sexo livre. Em reuniões, ele compartilhava suas ideias delirantes e seus planos e todos os moradores do rancho, sob efeito do ácido, acreditavam.

Em 1969, assassinaram sete pessoas em dois dias, pois pensaram que isso geraria uma batalha apocalíptica de guerra racial entre brancos e negros, na qual apenas a Família Manson sobreviveria e poderiam, então, dominar o mundo. Manson foi condenado a prisão perpétua e morreu em 2017, aos 83 anos. Outros membros do grupo, que chegava a quase 100 pessoas, foram julgados e condenados de acordo com as suas participações no ocorrido.

Foto: Reprodução

2 – Templo do Povo

Em 1978, 918 pessoas morreram em um misto de suicídio coletivo e assassinatos em Jonestown, uma comuna fundada por Jim Jones, pastor e fundador do Templo Popular, uma seita pentecostal cristã de orientação socialista. O massacre de Jonestown é considerado uma das maiores tragédias da história da humanidade.

Jonestown é o nome dado ao assentamento onde vivia os membros da seita. O local possuía uma escola, bangalôs e um pavilhão central e até mesmo espaço para que os habitantes plantassem verduras e legumes. Nos anos 60 o grupo ganhou muita fama e passou a ser alvo de suspeitas e investigações após dissidentes relatarem que se tratava de um culto messiânico e ditatorial do pastor.

Segundo relatos, Jones punia seus seguidores com castigos severos e colocava guardas armados para impedir tentativas de fuga. O líder percebeu que o culto era alvo de investigação e passou a avisar aos seguidores que os serviços de segurança americanos estavam “conspirando contra Jonestown”, e que uma das soluções seria um “suicídio revolucionário”.

Em 1978, o deputado federal Leo Ryan viajou à Guiana com uma delegação de 18 pessoas para visitar Jonestown. A visita ocorreu em 17 de novembro. No dia seguinte, Ryan e mais quatro pessoas morreram a tiros em uma pista de pouso próxima ao assentamento. Poucas horas depois ocorreu o suicídio coletivo, considerado o maior da história.

Algumas pessoas morreram a tiros e facadas, mas a grande maioria pereceu ao beber, sob as ordens do pastor, veneno misturado a um ponche de frutas. Jim Jones cometeu suicídio com um tiro na cabeça e, naquele dia, 35 pessoas sobreviveram.

Imagem aérea dos corpos dos membros da seita | Foto: Wikimedia Commons

3 – O Culto de Rajneesh

Bhagwan Shree Rajneesh, também conhecido como Osho, um guru indiano conhecido por suas técnicas de meditação, começou a conquistar seguidores em todo o mundo e ganhar uma imensa popularidade nos anos 80.

Com o aumento do grupo, Bhagwan decidiu que deveria unir todos os seus fiéis seguidores para conviverem juntos em paz e harmonia, exercendo suas técnicas de meditação em busca da felicidade e bem-estar. Com isso, mudaram-se para um terreno de mais de 24 mil hectares no deserto do Oregon, nos Estados Unidos, onde começaram a implantar um rancho.

O rancho passou a se chamar Rajneeshpuram, se tornando uma cidade completa em apenas poucos meses, construída apenas com o dinheiro arrecadado pelos fiéis e suas próprias mãos. Para o mundo exterior, Rajneeshpuram parecia um lugar de pessoas livres, felizes e que finalmente haviam encontrado o “nirvana”.

Em 1984, a seita entrou em conflito com os moradores locais e a comissão do condado. Sheela, uma das líderes e porta-voz da seita de Osho, tentou influenciar a eleição de novembro e ocupar as duas vagas abertas com seus seguidores através da busca de centenas de moradores de rua de cidades próximas para registrá-los como eleitores do condado.

Mais tarde, quando esse esforço fracassou, Sheela conspirou e decidiu usar “bactérias e outros métodos para deixar as pessoas doentes” e impedi-las de votar. Como resultado, seguidores da seita infectaram as saladas de dez restaurantes locais com salmonela e cerca de 750 pessoas ficaram doentes.

Osho e sua sociedade alternativa | Foto: Reprodução

4 – Movimento para a Restauração dos Dez Mandamentos de Deus

O Movimento para a Restauração dos Dez Mandamentos de Deus foi uma seita criada na década de 80 em Uganda. O início do movimento se deu quando Blandina Buzigye, uma das fundadoras da seita, disse ter recebido uma mensagem da Virgem Maria alertando sobre o Apocalipse, que aconteceria no dia 31 de Dezembro de 1999. Foi então que recebeu a missão de criar o Movimento para a Restauração dos Dez Mandamentos de Deus, que funcionaria com uma Arca de Noé a fim de permitir que os homens piedosos fossem salvos.

O movimento cresceu e obteve muito sucesso, principalmente no final da década de 90, quando tinha, em média, 5000 membros. O grupo pregava que os Dez Mandamentos deveriam ser seguidos ao pé da letra. Os devotos também eram obrigados a vender todos os seus bens antes de ingressar na comunidade, praticar jejuns frequentes, comer apenas uma refeição às sextas e segundas-feiras, abster-se de todas as relações sexuais e não usar mais sabão.

Com a aproximação do ano 2000, os preparativos para o fim do mundo se aceleraram dentro do movimento. A liderança do grupo pressionou os fiéis a confessar seus pecados e trazer de volta ex-seguidores. Os discípulos venderam suas roupas e seu gado e pararam de trabalhar no campo. Quando chegou o dia do Apocalipse e nada a aconteceu, houve uma grande movimentação e insatisfação dentro do movimento, fazendo com que muitos fieis pedissem o dinheiro de tudo o que haviam vendido de volta.

Pouco depois, a organização do grupo se pronunciou e disse que fim do mundo aconteceria no dia 17 de março de 2000, quando a Virgem Maria viria buscar os fieis. Neste dia, os membros do grupo entraram em sua igreja em Kanungu orando e cantando. Poucos minutos depois, uma explosão soou e um incêndio começou no prédio. Como as janelas e portas foram bloqueadas, os fiéis ficaram presos nas chamas e 530 morreram, incluindo dezenas de crianças. Vários outros corpos foram encontrados em outros propriedades da seitas, que, segundo investigações forenses, foram mortos semanas antes do incêndio, a maioria envenenada.

No final das investigações, a polícia concluiu que a tragédia não era resultado de um suicídio coletivo, mas de um assassinato em massa organizado pela direção do Movimento.

Por suspeita de que ainda estivessem vivos, as autoridades de Uganda emitiram um mandado de prisão internacional para os líderes de seita. Apesar de uma recompensa de 2 milhões de xelins de Uganda para cada pessoa presa, nenhum deles jamais foi encontrado.

Foto: Reprodução

5 – Heaven’s Gate

A seita Heaven’s Gate (Portão do Paraíso, em tradução livre) nasceu nos anos 70 e pode ser considerada uma religião OVNI. Um dos fundadores do grupo foi Marshall Applewhite, que acreditava que era a reencarnação de Jesus Cristo e, por esse motivo, foi internado em um clínica psiquiátrica. No local, ao invés de receber tratamento, conheceu a enfermeira Bonnie Lu Nettles, que o convenceu a formar a própria seita. Nettles acreditava que o encontro deles já era algo premeditado por alienígenas e que foram enviados à Terra para cumprir as profecias sagradas.

Depois disso, eles começaram a recrutar seguidores, os quais eram conhecidos como “tripulantes”. Applewhite e Nettles se apresentavam com um discurso de que eram representantes de seres de outro planeta, as duas testemunhas descritas no livro de Apocalipse, e procuravam participantes para um experimento. Prometiam que quem participasse ascenderia para um nível evolucionário maior. Com isso, em 1975, a seita já contava com mais de 100 membros.

As regras do grupo eram bem rígidas, pois os líderes diziam que para ascender ao Próximo Nível (outro planeta), os humanos deveriam se livrar de qualquer coisa que os vinculassem à Terra. Isso significava que todos os membros deveriam desistir de todas as suas características humanas, como suas famílias, amigos, sexualidade, individualidade, empregos, dinheiro e posses. Como os membros do Heaven’s Gate deveriam viver uma vida ascética, muitos homens, incluindo Applewhite, se submeteram à castração.

Em março de 1997, Marshall Applewhite filmou a si mesmo falando sobre suicídio em massa e afirmou que “este seria o único meio de evacuar esta Terra”. Após afirmar que o cometa Hale–Bopp estava se aproximando da Terra, Applewhite persuadiu 38 membros a cometer suicídio, assim suas almas poderiam subir a bordo. O líder afirmou que após suas mortes, um objeto voador não identificado (OVNI) tomaria suas almas para outro “nível de existência acima do humano”.

Os fieis tomaram fenobarbital misturado com suco de maçã e vodka e envolveram uma sacola plástica em suas cabeças, a fim de induzir a asfixia. As autoridades encontraram os corpos estirados em seus próprios beliches, faces e tóraxs cobertos por um pedaço de tecido roxo.

Applewhite | Foto: Reprodução

Leia também:

Veja Também