Expressões anti-indígenas que deveríamos retirar do vocabulário
Retirar "expressões anti-indígenas" do vocabulário é essencial para tornarmos o Brasil um país mais inclusivo
Por: Maria Gabriela Pimenta

Quando os portugueses chegaram ao Brasil, os povos indígenas foram discriminados e rebaixados à condição de inferiores e primitivos. Assim, essa mentalidade foi se perpetuando e muitos esteriótipos repercutiram no linguajar do brasileiro não-indígena em forma de expressões ofensivas, associando a cultura indígena a algo negativo. Esse costume fez com que o preconceito ficasse enraizado na cultura nacional e, até hoje, utilizamos “expressões anti-indígenas” no dia-a-dia, mesmo que de forma inconsciente.
Como a sociedade evolui e a cultura é fluida, podemos adquirir consciência e mudar nossos hábitos de uma forma positiva, excluindo expressões que ofendam esse povo tão diverso. Portanto, retirar “expressões anti-indígenas” do vocabulário não é frescura ou exagero, mas essencial para tornarmos o Brasil um país mais inclusivo.
Dia dos Povos Indígenas
No próximo mês, no dia 19 de abril, é comemorado o Dia dos Povos Indígenas, os povos originários. Esta data é dedicada à celebração da cultura e da herança indígena em todo o continente desde o 1º Congresso Indigenista Interamericano, que foi realizado no México em 1940.
1 – Tupiniquim
Tupiniquim é utilizado de modo pejorativo para se referir ao que é nacional. Por exemplo: ao invés de “cinema brasileiro”, diz-se “cinema tupiniquim”.
Os Tupiniquim são um povo com especificidade e algo só é Tupiniquim se for produzido por eles.
2 – Índio
O esteriótipo do ‘índio’ alimenta a discriminação, instigando a violência física e preconceitos trazidos da colonização. O correto é utilizar a palavra “indígena”.
3 – Tabajara
Tabajara é comumente utilizado para designar algo falsificado ou ruim. São cerca de 2.881 indígenas Tabajara vivendo no Ceará e no Piauí.
Utilizar o nome de um povo como algo negativo é discriminatório.
4 – Tribo
“Tribo” remete à ideia de uma população primitiva e desorganizada, além de carregar um imaginário depreciativo de esteriótipos e preconceitos.
Por isso, é melhor dizer “povo” ou, para se referir ao local, “aldeia” e “comunidade”.
5 – Descobrimento do Brasil
Cerca de 3,5 milhões de indígenas habitavam o Brasil quando o Brasil foi ocupado pelos portugueses, portando, é claro que o Brasil não foi descoberto.
Ao invés de dizer “descobrimento do Brasil”, opte por dizer “chegada dos portugueses” ou “ocupação portuguesa”.
6 – Programa de índio
“Programa de índio” é uma expressão muito comum, utilizada como forma de dizer que um evento é chato e entediante.
7 – Muito cacique para pouco índio
A expressão “muito cacique para pouco índio” e uma expressão tradicional brasileira que sugere excesso de autoridades para um reduzido número de seguidores.
De acordo com a antropóloga do Museu de Arqueologia e Etnologia da UFPR, a expressão demonstra o incômodo que as sociedades não-indígenas sentem com a forma de organização política das comunidades indígenas.
8 – Quem fala “mim” é índio
Existe uma ideia muito difundida de que os indígenas utilizam “mim” antes de um verbo no infinitivo, como por exemplo, “mim fazer”.
Afirmar isso até mesmo como piada é uma forma de discriminação, como se os povos indígenas não tivessem capacidade intelectual ou não conseguissem construir uma frase de acordo com a norma culta da Língua Portuguesa.
Leia também: