Menina Sem Nome: conheça a história do crime que horrorizou Recife e virou lenda

O crime aconteceu em 1970 e se tornou uma das maiores lendas de Pernambuco, e é lembrado até os dias atuais

Postado em: 05-06-2023 às 16h34
Por: Cecília Epifânio
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Túmulo da Menina Sem Nome, um dos mais famosos no Cemitério de Santo Amaro | Foto: Felipe Ribeiro/ JC Imagem

Ao longo de toda extensão territorial do Brasil somos apresentados a uma diversidade de lendas das mais variadas origens. Mas acontece que, algumas dessas lendas são baseadas em acontecimentos reais, e que muitas vezes terminaram sem nenhum tipo de explicação.

No dia 23 de junho de 1970 aconteceu um crime que acabou no surgimento de uma nova lenda em Recife, capital pernambucana,que viria a chamar muita atenção na época e, até hoje, é sempre lembrada pelos moradores locais.

No dia em questão, o corpo de uma meninina foi encontrado na Praia do Pina pelo vendedor de coco Arlindo José da Silva. Como recordado em matérias da época, relatos diziam que a vítima estava com o rosto cravado na areia e foi encontrada com as mãs amarradas para trás.

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O caso acabou gerando comoção entre os moradores da cidade e se tornou um grande mistério. Em um primeiro momento, o vendedor chegou a ser preso, suspeito de ter cometido o crime, mas acabou sendo solto.

Seis dias após o crime, em 29 de junho, as investigações apontaram para o mecânico Geraldo Magno de Oliveira. Em depoimento para a polícia o trabalhador cofessou ter cometido o crime, e contou que convidou a garota para passar a noite com ele. Além disso, o mecânico também disse ter oferecido 5 cruzeiros a ela e, como não tinha troco, a menina começou a xingá-lo de “vigarista” e “velhaco”.

Apesar dessa confissão, tempos depois Geraldo disse que só contou aquela história por ter sido coagido e torturado pela equipe policial. Mesmo assim, na época, sua prisão preventiva foi decretada – na prisão, ele foi assassinado antes mesmo de seu julgamento.

Quem era a vítima?

Apesar da autoria real do crime ainda ser um tema controverso, esse não é o ponto mais curioso de toda história. Nos registros, o nome da menina morta nunca foi citado. O que não aconteceu por acaso, já que ninguém nunca soube sua verdadeira identidade.

Assim, com autorização da Secretaria de Segurança Pública, a menina foi enterrada como indigente no dia 3 de julho de 1970, no Cemitério de Santo Amaro. Por ironia do destino, aquela que parecia estar fadada a ficar sozinha eternamente, nunca passou um dia sequer sem estar acompanhada.

Afinal, diversos moradores passaram a atribuir conquistas a ela. Nascia a lenda da “Menina Sem Nome”. Moradores locais relatam que diversos pedidos feitos a garota começaram a ser realizados. 

Segundo uma lenda local, a menina atendeu desejos que iam desde conquistas materiais até a cura de pessoas doente.

Desde então, o túmulo da Menina Sem Nome se tornou um dos mais conhecido e visitados do Brasil, com pessoas lhe oferecendo doces, flores, brinquedos, perfumes e centenas de cartas em agradecimento por seus “milagres”. No dia 2 de novembro, quando é celebrado o Dia de Finados, os presentes acabam sendo mais frequentes e intensos.

A lenda, inclusive, virou assunto de um documentário produzino por Adriano Portela. Segundo o jornalista e cineasta “Ela [a história da Menina Sem Nome] está enraizada na cultura de Pernambuco. Todo mundo já escutou falar da história. O caso deixou de ser um fato jornalístico e se tornou lenda a partir da história da exumação e dos milagres”.

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