Cecil Hotel: o que aconteceu com o famoso “hotel da morte”

Antigo hotel luxuoso serviu como inspiração para séries e documentários

Postado em: 07-06-2023 às 18h04
Por: Cecília Epifânio
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| Foto: Robyn Beck - AFP/ Getty Images

Em dezembro de 2021, o famoso Cecil Hotel, que foi palco de 16 assassinatos brutais e misteriosos que inspiraram a série “American Horror Story: Hotel” e um documentário da Netflix, reabriu suas portas. Mas desta vez como moradia popular para habitantes de baixa renda de Los Angeles.

Mas segundo o youtuber Peet Montzingo, que é vizinho do atual Hotel Cecil Apartaments, o prédio parece não ser tão aberto assim. Seu lobby foi fechado para visitantes e a movimentação é mínima no local. Peet acredita que a taxa de ocupação esteja longe do total máximo de 600 unidades.

Em entrevista para o site Insider, o youtuber diz acreditar que a entrada tenha sido alterada para o fundo do edifícil, para evitar a presença de curiosos no lobby.

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Aliás, no dia da reinauguração, Peet foi expulso pelos guardar do local – que o reconheceram dos seus vídeos sobre o prédio. “Fui ameaçado e não entendo o porquê exatamente”, queixou-se.

O Skid Row Hoysing Trust, que administra o residencial atualmente, justificou que o evento era apenas para convidados “inclundo servidores eleitos [da administração municipal], paerceiros da comunidade e imprensa credenciada”. Além disso, a baixa movimentação também foi explicada como algo normal para o primeiro ano do negócio – que não espera atingir a ocupação mínima de 90%.

No entanto, estes não são os únicos motivos de curiosidade a respeito do antigo Cecil Hotel. O próprio Peet diz já ter presenciado incidentes um tanto quanto curiosos enquanto o prédio estava fechado, entre 2017 e 2021.

Fenômenos inexplicados

Na mesma entrevista ao Insider Peet disse que “a primeira coisa que vi foi um homem em uma das varandas fumando um cigarro. Eram duas horas da manhã e parecia que ele estava olhando para mim”.

“Eu corri de um lado do meu apartamento para outro para ve se a cabeça dele me seguia e, de fato, seguiu”.

Para o jovem, a experiência pode ter sido provocada por sua imaginação, ou por um morador de rua que tenha invadido o local ou também por um fantasma. Em uma outra ocasião, ele alega ter visto uma pessoa pendurada no último andar.

“Não chamei a polícia para não parecer maluco”, diz.

Lisa Rios, que é gerente de comunicação do Skid Row Housing Trust, confirmou que quatro pessoas viviam no prédio no preíodo em que ele estava fechado. Em julho de 2021, mais uma vez Peet conseguiu entrar no Cecil Hotel com a ajuda de um guarda que diz ter sentido “coisas estranhas” dentro do prédio.

Qual o motivo do Cecil Hotel ser tão temido?

Inaugurado em 1924, o Cecil foi planejado para ser um destino glamuroso para empresários internacionais e turistas: localizado na principal avenida de Los Angeles, tinha uma estrutura imponente ao longo de seus 14 andares.

Porém, com a Grande Depressão, em 1929, o hotel se viu em dificuldades financeiras. E o centro da cidade acabou se tornando um retudo fácil de prostitutas, criminosos e dependentes químicos.

Foto: Netflix/ Divulgação

Acontece que essa “má sorte” começou dois anos antes. Um hóspede, o ex-corretor imobiliário Percy Ormond Cook, se suicidou no local em 1927, após rompimento com a ex-mulher e o filho.

Entre 1931 e 1928, outros três homens também cometeram suicídio no local: W. K. Norton, Louis D. Borden e Roy Thompson. Outros oito hóspedes sofreram quedas suspeitaa que, na época, não foram confirmadas como acidentais ou intencionais.

São eles: Grace E. Margo (1938), Robert Smith (1947), Helen Gurnee (1954), Julia Frances Moore (1962), Alison Lowell (1975), e outros dois homens que não foram identificados, um em 1992 e outro em 2015.

No ano de 1944, a jovem Dorothy Jean Purcelli, de apenas 19 anos, deu à luz a um menino no banheiro. Segundo jornais da época, a mãe não sabia que estava grávida e acreditou que o bebê fosse natimorto. Dorothy acabou jogando o bebê vivo pela janela do hotel, que morreu com o impacto da queda. Logo em seguida ela foi internada em um hospital psiquiátrico.

Um dos casos mais famosos é o da ‘Dahlia Negra’. O assassinato não resolvido da atriz Elizabeth Short, em 1947, não aconteceu dentro do Cecil, mas de acordo com relatos da mídia e autoridades americanas a atriz esteve hospedada no hotel ou frequentava o bar dali quando o crime ocorreu.

Short foi encontrada em um terreno baldio nas proximidades do hotel. Porém, essa versão, relatada pela primeira vez ao jornal Los Angeles Times em 1995, nunca foi confirmada pela polícia.

Já nos anos 60, outros dois crimes acabaram marcando a história do Cecil. O primeiro foi o suicídio que acabou em homicídio de Pauline Otton, de 27 anos, que se jogou do prédio e caiu sobre um pedestre, George Giannini, de 65 anos.

O segundo foi o homicídio brutal de “Pigeon Goldie” Osgood, uma mulher de 59 anos, que era muito querida pela comunidade local por alimentar pombos em uma praça próxima ao hotel. Ela foi encontrada morta em um dos quartos depois de ter sido estuprada. Seu assassino nunca foi encontrado.

Dois assassinos em série e um desaparecimento

Apesar de todas essa trágedias, o Cecil Hotel é mais conhecido por ter sido lar de dois serial killers: Richard Ramirez, o “Night Stalker” que pagava 14 dólares, algo em torno de R$ 70 hoje, para pernoitar no 14º andar durante o período em que ele aterrorizou Los Angeles, entre 1984 e 1985.

Peet – o vizinho xereta do início da matéria -, conta que chegou a visitar o antigo quarto do assassino: o número 1419.

“Eu definitivamente senti como se estivesse sendo observado, o que foi esquisito. Assim que saí de lá, ouvi este uivo esquisito, do vento. Foi bem assustado. Acho que [no hotel] tem uma mistura de energia ruim, sendo mal-assombrada, e dos eventos infelizes que aconteceram ali”.

Já em 1990, o ex-presidiário austríaco e escritor Jack Unterweger se hospedou no Cecil no período em que escrevia uma matéria sobre prostituição para uma revista. Ele matou três garotas de programa durante sua estadia na cidade – e nas dependencias do hotel. Em 1994, quando estava preso na Áustri, Jack tirou a própria vida.

Mas foi o emblemático caso de Elisa Lam que voltou a alimentar a (má) fama do hotel. Em 2013, a jovem canadense de 21 anos desapareceu dentro do edifícil. Ao checarem as câmeras de segurança, a polícia não encontrava mais do que algumas imagens da jovem que parecia estra transtornada dentro do elevador, aparentemente tentando se esconder de algo ou alguém.

Acontece que não seria possível reconstituir seus passos, já que o andar em que Elisa estava hospedada, segundo o documentário da Netflix “Cena do Crime: Mistério e Morte no Hotel Cecil”, não possuia câmeras de vigilância. Após um mês e diversas teorias da conspiração, o corpo de Lam foi encontrado na caixa d’água do hotel, localizada na cobertura.

Por meio de relatos da irmã de Elisa e de posts que a própria havia publicado em um blog, a polícia descobriu que a jovem sofria de uma forma severa de transtorno bipolar, que pode tê-la levado a um alterado estado de consciência. Na autópsia não foram encontrados sinais de violência ou drogas em seu corpo, e sua morte foi considerada acidental.

O crescente interesse do público no caso reacendeu a popularidade do Cecil Hotel como ma-assombrado e amaldiçoado, que lhe rendeu o apelido de “hotel da morte”. Apesar de toda essa fama, o hotel se viu em dificuldade, mais uma vez, e nem mesmo a troca de nome – para Stay on Main – pode conter quando em 2015, um hóspede caiu do prédio.

Em 2017, ele foi considerado um marco cultural para Los Angeles e quase que no mesmo tempo, fechou suas portas. Agora resta saber se o antigo Cecil Hotel conseguirá se reerguer.

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