46 a.C. o ano mais longo que já existiu

A turbulenta transformação que moldou nosso sistema de contagem do tempo

Postado em: 11-08-2023 às 16h22
Por: Ana Beatriz Santiago
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Em meio aos anais da história, há momentos que reverberam através dos séculos, moldando a maneira como enxergamos e medimos o tempo. Um desses momentos de virada aconteceu no ano 46 a.C., quando o mundo assistiu a uma transformação que iria lançar as bases para o calendário que usamos até hoje. O “ano da confusão”, como é conhecido, marcou uma revolução cronológica que definiu nosso relacionamento com o tempo.

Antes do ano 46 a.C., o calendário era um emaranhado de meses e dias que parecia estar sempre em desacordo com a natureza. As estações do ano deslizavam por datas diferentes a cada ano, causando um caos nas atividades agrícolas e rituais religiosos. O calendário romano, baseado nas fases da Lua, havia se descolado do ano solar, criando um descompasso que clamava por uma solução.

E foi precisamente nesse turbulento ano que Júlio César emergiu como uma figura central. Não apenas um líder militar e político, mas também um visionário que reconheceu a necessidade premente de reformar o calendário. O que se seguiu foi um ano extraordinário, com a adição de 455 dias para realinhar o calendário com as estações. Um ano caótico, mas crucial, que marcou o início de uma nova era cronológica.

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Júlio César liderou a implementação de um calendário mais preciso, baseado nas observações astronômicas. O calendário juliano, como ficou conhecido, introduziu um ano de 365 dias e 6 horas, além dos anos bissextos a cada quatro anos, para acomodar o quarto de dia extra que não se encaixava. Essa transformação não só estabilizou o calendário, mas também pavimentou o caminho para a criação do calendário gregoriano, que seguimos hoje.

Mais tarde, com a mudança promovida pelo Papa Gregório XIII em 1582, o calendário gregoriano refinou ainda mais a forma como medimos o tempo. A correção de 11 dias, além das regras para anos bissextos em séculos não divisíveis por 400, finalmente equilibrou nosso calendário com os movimentos celestes. No entanto, nem todos acolheram essas mudanças de braços abertos, criando um mosaico de sistemas calendáricos por todo o mundo cristão.

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