15 anos depois relembre o caso Isabella Nardoni

O caso que parou o Brasil em 2008 ganha um documentário original Netflix.

Postado em: 16-08-2023 às 16h59
Por: Ana Beatriz Santiago
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Imagem: redes sociais/divulgação

Quinze anos depois, o documentário sobre o caso que parou o Brasil será lançado nesta quinta-feira, 17 de agosto. “Isabella: O Caso Nardoni” foi lançado como um original da Netflix, com a direção de Claudio Manoel e Micael Langer, além da participação de Ana Carolina Oliveira, mãe da menina Isabella. Relembre o caso:

Em 29 de março de 2008, uma tragédia abalou o país. A menina Isabella Nardoni, de cinco anos, foi assassinada ao ser jogada do sexto andar do apartamento onde moravam seu pai, Alexandre Nardoni, e sua madrasta, Anna Carolina Jatobá, na Zona Norte de São Paulo. O casal foi acusado e condenado pelo homicídio qualificado da criança, embora tenham sempre negado a autoria do crime.

O caso recebeu ampla cobertura na mídia e gerou divisões na opinião pública entre os que acreditavam na culpa ou na inocência do casal. O julgamento ocorreu em março de 2010, com o júri popular condenando o casal. Alexandre Nardoni recebeu uma pena de 31 anos, 1 mês e 10 dias de prisão, enquanto Anna Carolina Jatobá foi condenada a 26 anos e 8 meses. Ambos continuam cumprindo suas penas na penitenciária de Tremembé, em São Paulo.

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Segundo a investigação da polícia e do Ministério Público, tudo começou na noite de sábado, 29 de março de 2008, quando Alexandre Nardoni buscou sua filha Isabella na casa da mãe dela, Ana Carolina Oliveira, com quem ele tinha se separado quando a menina tinha um ano. Ele levou Isabella para passar o fim de semana com ele, sua esposa Anna Carolina Jatobá e os dois filhos do casal, Pietro e Cauã, de três anos e 11 meses, respectivamente.

O casal saiu com as crianças para um passeio em um shopping center e depois foi jantar em uma pizzaria. Por volta das 22h30, eles retornaram para o apartamento onde moravam, no Edifício London, na Vila Guilherme. Foi nesse momento que, de acordo com a acusação, Isabella foi agredida fisicamente pela madrasta dentro do carro da família.

A perícia encontrou manchas de sangue no assento traseiro do veículo, que foram identificadas como sendo de Isabella. A acusação sustentou que a menina teria sido ferida pela madrasta durante uma discussão ou uma briga. A defesa alegou que o sangue poderia ser proveniente de uma ferida antiga no cotovelo da menina.

Ao chegarem ao prédio, o pai levou a menina desacordada para o apartamento no sexto andar, enquanto a madrasta ficou com os dois filhos do casal no veículo. Dentro do quarto dos irmãos de Isabella, o pai teria tentado asfixiá-la com uma toalha e, posteriormente, cortado a tela de proteção da janela e a arremessado para a morte. O casal então teria simulado um cenário de invasão e tentativa de rapto para despistar a polícia.

A perícia encontrou manchas de sangue no apartamento que seguiam um padrão e indicavam tentativas de apagamento. Também foi diagnosticado que Isabella ainda estava viva após a asfixia. Houve divergência nos testemunhos, com o tempo estipulado pela perícia não batendo com os relatos de Alexandre e Anna Carolina Jatobá. Sujeira da grade de proteção da janela foi encontrada na camiseta de Alexandre. Após a queda, houve várias ligações para a polícia, mas Alexandre gritava acusando uma invasão ao invés de prestar socorro imediato. O casal se recusou a participar da reconstituição do suposto assalto.

No entanto, a versão do casal era diferente. Eles alegaram que deixaram Isabella dormindo no quarto e desceram para buscar os outros filhos. Ao retornarem, encontraram a tela cortada e a menina caída no jardim do prédio. Eles afirmaram que o apartamento havia sido assaltado por um desconhecido, que teria jogado Isabella pela janela. Eles também alegaram que havia marcas de sangue e digitais de outra pessoa no local.

A defesa apresentou como principal argumento a falta de motivo para o crime. Eles afirmaram que o casal tinha uma boa relação com Isabella e que não havia nenhum conflito familiar. Eles também questionaram as provas periciais, apontando falhas e inconsistências nos laudos e nos exames. Eles sugeriram que as manchas de sangue poderiam ter sido plantadas ou manipuladas para incriminar o casal.

A defesa também tentou desqualificar as testemunhas da acusação, acusando-as de mentir ou de serem influenciadas pela mídia. Eles apresentaram testemunhas que afirmaram ter visto uma pessoa estranha no prédio na noite do crime. Eles também levantaram a hipótese de que o funcionário do prédio poderia estar envolvido no crime pois ele teria sido o primeiro a chegar ao local e teria mexido no corpo da menina.

O julgamento do caso Isabella Nardoni começou no dia 22 de março de 2010, no Fórum de Santana, em São Paulo. O júri foi composto por sete pessoas, sendo quatro mulheres e três homens. O julgamento durou cinco dias e foi transmitido ao vivo pela televisão, rádio e internet, gerando grande repercussão e comoção nacional.

Durante o julgamento, foram ouvidas 15 testemunhas, sendo nove de acusação e seis de defesa. A acusação foi representada pelo promotor Francisco Cembranelli, que sustentou a tese de que o casal agiu por motivo fútil, com crueldade e sem chance de defesa para a vítima. A defesa foi representada pelos advogados Roberto Podval e Cristina Christo, que defenderam a inocência dos réus e pediram a absolvição por falta de provas.

Os réus também foram interrogados pelo juiz Maurício Fossen, que presidiu o julgamento. Alexandre Nardoni negou ter cometido o crime. Ele disse que amava Isabella e que jamais faria mal a ela. Ele afirmou que encontrou a filha caída no jardim e tentou reanimá-la. Ele disse que não sabe quem foi o responsável pelo crime, mas que tem certeza de que não foi ele nem sua esposa. Alexandre não demonstrava emoções ao falar da filha e tentava voltar o assunto para a violência policial que teria durante a investigação e acusou os investigadores de não procurarem por sua versão do caso.

Anna Carolina Jatobá também negou ter participado do crime. Ela disse que tratava Isabella como uma filha e que nunca teve problemas com ela. Ela afirmou que ficou com os filhos no carro enquanto Alexandre subiu com Isabella para o apartamento. Ela disse que ouviu um barulho forte vindo do quarto da menina e que depois viu Alexandre gritando por socorro na janela. A acusação apresentou provas de que Jatobá tinha ciúmes da relação do marido com a filha e que a irmã de Alexandre estava presente nas visitas de Isabella para que a madrasta não ficasse sozinha com a menina.

No dia 27 de março de 2010, após cerca de 15 horas de deliberação, o júri popular anunciou o veredicto: culpados. Alexandre Nardoni foi condenado a 31 anos, 1 mês e 10 dias de prisão, enquanto Anna Carolina Jatobá foi condenada a 26 anos e 8 meses. Ambos foram levados para a penitenciária de Tremembé, em São Paulo, onde permanecem até hoje.

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