A raça de um cachorro determina o quão agressivo ele é?

Banir determinadas raças de cachorro é uma opção?

Postado em: 17-08-2023 às 18h23
Por: Ana Beatriz Santiago
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Imagem: Istock

Uma série de vídeos impactantes de ataques de cachorro viralizaram nas redes sociais recentemente, gerando discussões acaloradas sobre a segurança e a responsabilidade dos tutores. Enquanto muitos apelam por proibições de raças específicas, especialistas argumentam que essa abordagem não é a solução para o problema crescente de mordidas de cachorro. Vamos explorar a questão por trás das manchetes e entender as nuances por trás dessa preocupação pública.

Pesquisas revelam que uma em cada quatro pessoas experimentou uma mordida de cachorro em algum momento de suas vidas. Embora seja um problema sério, é interessante notar que menos de 1% dessas mordidas resultam em internações hospitalares. Os dados coletados ao longo de duas décadas na Inglaterra mostram um aumento nas hospitalizações relacionadas a mordidas de cachorro, mas, contrariamente, as mordidas fatais permaneceram relativamente raras, com uma média de três por ano.

O aumento nas mordidas de cachorro parece afetar predominantemente adultos, especialmente entregadores e mulheres de meia-idade. Esse padrão peculiar levanta questionamentos sobre como o perfil dos tutores de cachorros pode estar mudando e contribuindo para esses incidentes. Além disso, comunidades de menor poder aquisitivo apresentam taxas mais elevadas de mordidas de cachorro, um fenômeno que ecoa em outros tipos de lesões.

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O debate sobre quais raças de cachorro são mais propensas a morder tem sido intenso, porém, especialistas apontam para a falta de evidências científicas consistentes que comprovem que algumas raças são inerentemente mais agressivas do que outras. Em vez disso, muitas vezes as raças mais relatadas como agressivas são simplesmente as mais populares naquela região. No entanto, quando se trata de mordidas fatais, há uma tendência de envolvimento de raças grandes, embora outros fatores, como a distribuição de raças e o contexto socioeconômico, também tenham um papel importante.

Embora muitos acreditem que banir certas raças resolverá o problema, essa abordagem tem suas limitações. A história mostrou que, quando uma raça é banida, outras raças podem preencher o vazio e apresentar problemas semelhantes. Educação é uma parte importante da solução, mas ela precisa ser apoiada por medidas de fiscalização e políticas de apoio. Além disso, se possível os tutores podem escolher seus cães com base no comportamento dos pais do filhote e adotem métodos de treinamento baseados em reforço positivo, evitando punições que podem levar a resultados adversos.

Focar apenas em proibições de raças não aborda as raízes subjacentes do problema. Em vez disso, a combinação de educação, seleção responsável de cães, treinamento adequado e políticas de apoio é o caminho a seguir. Somente através desse esforço conjunto, poderemos criar um ambiente mais seguro para tutores e animais de estimação, reduzindo o número de incidentes prejudiciais e fortalecendo a relação entre humanos e seus companheiros de quatro patas.

*Esse texto foi produzido com base nas informações e entrevistas feitas no texto originalmente em inglês da revista The Conversation.

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