O veganismo aumenta o risco de transtornos alimentares?

Pesquisa realizada pela USP mostra resultados surpreendentes

Postado em: 17-08-2023 às 18h59
Por: Ana Beatriz Santiago
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Imagem: Istock

Uma pesquisa conduzida pela Universidade de São Paulo (USP) trouxe resultados indicando que o veganismo não está associado a um maior risco de transtornos alimentares. Essa associação, frequentemente observada em dietas restritivas, foi questionada pelos achados deste novo estudo, que lançam luz sobre a relação entre a dieta vegana e a saúde mental.

O estudo, coordenado pelo professor Hamilton Roschel, do Grupo de Pesquisa em Fisiologia Aplicada e Nutrição da Faculdade de Medicina e Escola de Educação Física da USP, avaliou 971 indivíduos que adotaram a dieta vegana por pelo menos seis meses. Os participantes responderam a questionários detalhados sobre seu estilo de vida e escolhas alimentares. Surpreendentemente, apenas 0,6% dos entrevistados apresentaram sintomas do chamado “transtorno alimentar”, que envolve comportamentos e sentimentos disfuncionais em relação à alimentação e ao corpo, frequentemente ligados ao controle do peso ou da forma física.

O valor encontrado no estudo é dez vezes menor do que os números registrados em estudos anteriores que envolveram pessoas com diversas dietas. Isso sugere que a adoção do veganismo não é um fator significativo para o aumento do risco de transtornos alimentares. No entanto, é importante ressaltar que esse padrão não é sinônimo de um transtorno alimentar, mas sim um fator de risco para esses distúrbios.

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Quanto às razões por trás das escolhas alimentares dos participantes, a maioria relatou selecionar seus alimentos por necessidade ou fome, bem como por preferência ou preocupações com a saúde. Apenas uma pequena parcela indicou motivações relacionadas ao controle das emoções e às normas sociais, que frequentemente estão associadas a comportamentos disfuncionais.

O estudo também destacou as razões pelas quais as pessoas optam por uma dieta vegana. Essas razões incluíram opções éticas e direitos dos animais, preocupações ambientais, bem-estar pessoal e filosofia de vida.

O professor Hamilton Roschel enfatizou que o comportamento disfuncional entre os veganos parece estar mais associado aos motivos subjacentes das escolhas alimentares do que à própria dieta. Isso sugere que compreender as motivações por trás da escolha de qualquer dieta, incluindo a dieta vegana, é crucial para prevenir e tratar comportamentos disfuncionais e, por consequência, os distúrbios alimentares.

O veganismo é uma dieta que exclui alimentos de origem animal, como carnes, ovos e laticínios, e é baseada em alimentos à base de plantas, como legumes, verduras e grãos. Essa escolha alimentar tem ganhado popularidade em todo o mundo ao longo da última década, com um aumento significativo no número de interessados. A pesquisa da USP traz um novo olhar sobre a relação entre o veganismo e a saúde mental, apontando para a importância das motivações individuais na prevenção de comportamentos alimentares disfuncionais.

Confira o artigo aqui (disponibilizado em inglês).

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