A crônica que Machado de Assis fez em homenagem a mãe

Conhecido por suas obras-primas que transcenderam gerações, Machado de Assis tem um lado emocional e sensível revelado. Uma recente descoberta coloca em destaque o texto anônimo “Lembranças de Minha Mãe”, publicado na Revista Luso-Brasileira, lançando luz sobre a relação do autor com a triste perda de sua mãe durante a infância.

Nascido em 21 de junho de 1839, no Rio de Janeiro, Machado de Assis se firmou como uma das figuras literárias mais notáveis do Brasil, com obras-primas como “Dom Casmurro” e “Memórias Póstumas de Brás Cubas” que continuam a ser debatidas e estudadas até os dias atuais. Contudo, uma parte menos conhecida de sua vida e influência literária veio à tona recentemente, graças à pesquisa do estudioso independente Felipe Rissato.

Em 2016, Rissato fez uma descoberta que abalou o mundo literário: o texto “Lembranças de Minha Mãe”, inicialmente anônimo, publicado na segunda edição da Revista Luso-Brasileira, é de autoria de Machado de Assis. Mesmo que o texto não tenha sua assinatura, Rissato lançou luz sobre essa autoria cruzando referências e contextualizando o cenário da revista. Machado frequentemente contribuía com a revista e já havia escrito sobre a perda precoce de sua mãe em outros textos e poemas. Além disso, a maneira como o texto em questão reflete sobre a perda e a saudade se alinha intimamente com a voz literária de Machado.

A crônica “Lembranças de Minha Mãe” mergulha nas memórias da infância do autor, antes da tragédia que o marcou. Machado descreve uma época de inocência, onde corria por campinas e colhia flores para oferecer à sua mãe. O texto é um relato emocional de alguém que se viu confrontado com a perda abrupta da figura materna, e como isso moldou sua perspectiva sobre o mundo.

As passagens como “Eu era pequeno, era feliz; porque não conhecia os enganos do mundo” e “Oh! Eu sou infeliz, muito infeliz… Aos 9 anos perdi minha mãe, fiquei só no mundo; só como a rola sem ninho!” revelam o lamento profundo e a dor duradoura que a perda de sua mãe causou. A crônica também aborda a universalidade do luto materno, com Machado expressando: “E haverá quem não chore uma mãe? Quem não sinta um vácuo no coração quando uma lágrima se desliza sobre o túmulo de uma mãe?”

A descoberta do verdadeiro autor por trás das “Lembranças de Minha Mãe” acrescenta uma nova camada à já complexa tapeçaria da obra de Machado de Assis. Além de suas habilidades literárias extraordinárias, essa revelação mostra sua humanidade, vulnerabilidade e sua capacidade de capturar emoções profundas em suas palavras. Confira o texto completo na integra: