Quase todos os animais azuis não são azuis

O que acontece é uma ilusão de ótica nas estruturas corporais desses seres.

Postado em: 31-08-2023 às 14h11
Por: Cecília Epifânio
Imagem Ilustrando a Notícia: Quase todos os animais azuis não são azuis
Quase todos os animais azuis não são azuis | Foto: iStock

A cor da nossa pele é definida pela melanina. Essa proteína, que também é responsável pela coloração de nossos cabelos e olhos, é produzida pelos melanócitos. Quanto maior a produção de melaninas feitas por essas células, mais escuro será o tom de pelo da pessoa.

A melanina é um dos compostos que dá cor a plantas e animais. A clorofila é a responsável pelo verdinho das planatas, enquanto os carotenóides dão os tons vermelhos, laranjas e amarelos que encontramos na natureza.

Existem pigmentos de diversas cores, mas o azul é uma coloração extremamente rara de encontrar. Por isso, é bastante seguro dizer que não existe nenhum animal ou planta que tenha realmente a cor azul.

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Tá passada? Pois é. Mesmo que apresentem a coloração azulada esses animais são, na verdade, uns farsantes. A borboleta abaixo é um exemplo disso. Ela parece ser azul, mas não existem pigmentos do tipo em suas células.

Foto: iStock

Não entendeu? Vamos te explicar como funciona. Esse fenômeno acontece graças ao chamado “cores estruturais”, que são bem diferentes das cores adquiridas pela maioria dos animais. Nesse caso, estruturas especiais na superfície do corpo do organismo distorcem a luz para fazê-los parecerem azuis.

As cores que vemos ao redor são os resultados da interação do objeto com a luz. Quando um raio de luz branca atinge certa superfície, uma parte dessas faixas do espectro será absorvida, já a outra será refletida. E é justamente essa faixa refletida que chega aos nossos olhos, para depois ser processada pelo cérebro.

A clorofila das plantas absorve todas as cores do espectro de luz visível, menos o verde. Por isso que enxergamos as folhas nessa coloração. O mesmo evento serve para os carotenóides de uma joaninha, que absorvem todas as cores, exceto o vermelho.

Uma ilusão de ótica

As micro escamas das borboletas Morpho didius possuem pequenas estruturas que são parecidas com cones. Nesses “cones”, os raios de luz têm diversos comportamentos: uma parte é refletida e a outra sofre refração – a mudança de meio de propagação, geralmente a luz muda de direção e velocidade.

Para a maioria das cores, o resultados das refrações e reflexos acabam criando ondas opostas. E o resultado: uma vai cancelar a outra.

Porém, as faixas do azul têm o comprimento de onda ideal para refletir as escamas em fases iguais. E como ele é a única cor que recebemos, vemos a borboleta na cor azul.

Captura de tela do vídeo
Foto: Reprodução/YouTube/Why Is Blue So Rare In Nature?

Algo muito parecido acontece com os pássaros que aparentam ser azuis, como é o caso das araras-azuis. As penas possuem pequenas estruturas, parecidas com piscina de bolinhas mas de queratina. Quando a luz “bate” nelas (as penas), as cores se espalham e se perdem na bagunça. Com exceção do azul, que sai ileso para os nossos olhos.

Os animais presentes da natureza que apresentam uma coloração azulada estão utilizando truques físicos para parecer que são azuis. Os sapos, pássaros e até mesmo olhos azuis são, na verdade, uma consequência do espalhamento irregular das cores.

Na verdade, quase todos . Existe uma espécie de borboleta que, até o momento, é considerada o único animal que realmente é azul. A Nessaea obrinus tem manchinhas azuis nas asas graças a um pigmento chamado pterobilina. Para alguns especialistas essa coloração ainda é cercada de mistérios.

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