Segunda-feira, 08 de julho de 2024

Esperanto: a língua não tão internacional assim

Estima-se que mais de 2 milhões de pessoas em 120 países são falantes do esperanto

Postado em: 31-08-2023 às 16h08
Por: Maria Gabriela Pimenta
Imagem Ilustrando a Notícia: Esperanto: a língua não tão internacional assim
Bandeira do esperanto: o verde significa esperança; o branco, neutralidade; e a estrela de cinco pontas, os continentes. | Foto: reprodução

O esperanto (Internacia Lingvo) é uma língua internacional planejada. Ao contrário dos idiomas naturais, o Esperanto foi fabricado, não sendo resultado de um processo cultural. A língua foi lançada em 1886 com o propósito de facilitar a interação entre falantes de diferentes idiomas. Se duas pessoas de culturas diferentes se encontrarem e se comunicarem em esperanto, essa conversa seria de igual para igual, sem nenhuma cultura dominando, pois é considerada uma língua neutra. Portanto, o propósito do esperanto não é substituir os idiomas nacionais, mas sim servir como uma segunda língua que facilite a comunicação internacional.

O objetivo do esperanto também não é ser língua padrão de livros acadêmicos e artigos científicos. A finalidade é muito mais social: fazer amigos. Segundo os falantes do idioma, o esperanto é muito fácil de ser aprendido, pois é baseado em princípios comuns e simples.

O site oficial da associação de esperanto lista algumas características que o torna um idioma fácil e rico:

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  1. Pronúncia: O esperanto tem pronúncia regular. Cada letra tem sempre o mesmo som e cada som é escrito de uma só maneira.
  2. Gramática: Esperanto tem poucas regras e sem excessões. Os verbos são regulares: mi lernas -[eu aprendo]; li lernas [ele aprende]; vi estas [você é]; ili estas [ele são] ;
  3. Vocabulário: Em esperanto se fazem novas palavras dos radicais aprendidos. Por exemplo: labori [trabalhar]; laborejo [ local de trabalho]; laboranto [trabalhador]; lerni [aprender]; lernejo [escola]; lernanto [estudante]; danci [dançar]; dancejo [ local de dançar]; dancanto [dançarino].

História

O Esperanto foi iniciado por por Ludovico Zamenhof, que cresceu na cidade de Bialystok, na Polônia.

Sua infância nessa cidade foi difícil, pois diversas comunidades linguísticas eram obrigadas a conviver – judeus, russos, lituanos e poloneses – mas sempre acabavam brigando. Eles se dividiam não só pelas línguas, mas também pela religião e classe social. Zamenhof acreditava que se esses povos conseguissem se comunicar, a convivência entre eles seria mais agradável.

Com isso, quis criar uma língua que pertencesse igualmente a todos os homens. Ainda jovem ele criou a primeira versão do Esperanto, aprontada em 1878; na festa pelo seu 19º aniversário, ele com amigos inaugurou essa primeira “Lingwe Uniwersala” e até cantaram na nova língua.

Depois de muito trabalho aplicado e vários exercícios de tradução, em 1887, publicou o primeiro livro didático do Esperanto, em cinco idiomas ( russo, polonês, francês, alemão e um pouco depois, inglês). Dois anos depois, fundou-se o primeiro Grupo de Esperanto, em Nuremberg e editou-se o primeiro jornal em Esperanto.

A língua espalhou-se em muitos países e evoluiu pelo uso de seus praticantes. Em 1905, reuniu-se o primeiro grande congresso internacional de Esperanto com mais de seiscentos participantes de dezenas de países. Eles constataram que a língua funcionava bem para todas as necessidades. Em 1908 fundou-se a Associação Universal de Esperanto, que permanece como a principal organização de âmbito mundial do Movimento Esperantista.

Pode-se dizer que o esperanto não deu certo?

Primeiramente, o esperanto não possui suas próprias lendas e não surgiu através de intercâmbios culturais e sociais. Os idiomas nacionais são vivos e significam muito para um povo. Esse pode ser um dos motivos que leva as pessoas a não terem interesse em aprender o idioma.

Para ser considerada uma língua internacional e universal, o esperanto deveria ser adotado por todos. Não faz sentido aprender um idioma sem falantes ou com poucos falantes. Outro motivo de não ter dado certo a expansão total do esperanto é que nunca houve incentivo de nenhum governo para tornar o esperanto a segunda língua oficial.

Adultos, geralmente, não têm tempo para estudar uma língua que ainda é totalmente dispensável. Além disso, pessoas que querem investir em aprender um novo idioma, preferem estudar o inglês, que, inclusive, é ensinado para as crianças nas escolas.

Falando em inglês… esse é um outro motivo do esperanto ainda não ter cumprido com o seu objetivo: o inglês é utilizado como língua franca e, ao contrário do esperanto, ele já existia. Em suma: o inglês já faz o que o esperanto se propõe a fazer e muitas pessoas conhecem pelo menos o básico dessa língua, então não há necessidade ou motivação para começar a aprender um novo idioma do zero.

Você acha que um dia o esperanto vai conseguir se oficializar como língua internacional?

Você acha importante aprender essa língua?

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