Ancestral do Homon sapiens quase foi extinto, diz estudo

Evento desconhecido teria reduzido população de 100 mil hominídeos para 1,2 mil

Postado em: 05-09-2023 às 15h35
Por: Cecília Epifânio
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Ancestral do Homon sapiens quase foi extinto, diz estudo | Foto: Divulgação

Ao longo dos 3,6 bilhões de anos desde que os primeiros sinais de vida surgiram na Terra, o planeta passo por cinco grandes extinções em massa – muito provável que estejamos na sexta. Existe um sem-fim de espécies que já não estão aqui para contar história e, por muito pouco, nós nãos nos juntamos a esse seleto clube dos extintos.

É o que um novo estudo publicado no na revista Science sugere. Em uma análise genética, os pesquisadores da Academia Chinesa de Ciências sugerem que um evento de gargalo, que aconteceu há mais de 900 mil anos, quase extinguiu com os ancestrais do Homo sapiens.

Um efeito gargalo acontece quando algum fator reduz drasticamente o tamanho populacional. Ele pode acontecer de causas naturais, como terremotos, secas e outros tipos de desastres. Mas eles também podem ser causados por interferência humana, como nos vastos episódios de caças indiscriminada de animais durante os últimos séculos.

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Esse evento pode levar a algo conhecido como deriva genética. E ao contrário da seleção natural, em que as características do indivíduo que são selecionadas são as que melhor se adapta ao ambienta, na deriva genética os genes são passados para a próxima geração de maneira completamente aleatória. Isso, aliado a um pequeno número de indivíduos, acaba resultando em uma população com baixa variabilidade genética.

Mas afinal, o que isso tem a ver com a nossa quase inexistência? De acordo com os pesquisadores, o ancestral de nossa espécie passou por algum evento do tipo, o que acabou reduzindo a sua população em um número bem baixo. De acordo com Wangjie Hu, um dos líderes do estudo, a pesquisa indicou que algum fator, talvez as mudanças ambientais, levou a extinção cerca de 98.7% dos nossos antigos ancestrais. Segundo seus cálculos, um total de mais ou menos 100 hominídeos, todo o futuro da nossa existência ficou nas mãos de 1.280 indivíduos.

O evento que tenha causado esse cenário ainda é desconhecido pelos pesquisadores. Porém, o Pleistoceno, época em que o possível ancestral humano viveu foi um pouco turbulento, com uma glaciação que atingiu todo o planeta. Foi nesse mesmo período que, coincidentemente, apareceu um ancestral comum das três principais espécies de hominídeos: os neandertais e denisovanos – e os próprios Homo sapiens.

Os resultados só foram possíveis graças a uma ferramenta de estatística chamada FitCoal, que analisou cerca de 3.154 amostras de DNA de 50 populações humanas. A ferramenta montou uma árvore filogenética e rastreou as mutações de cada uma delas, de maneira a estimar seus tamanhos ao longo da história.

Os dados também indicaram que nossos ancestrais, mesmo em pequena quantidade, conseguiram sobreviver por um bom tempo. Eles aguentaram por mais ou menos 117 mil anos, até conseguirem se recuperar. E foi nesse período que os autores acreditam ter surgido um ancestral comum a nossa espécie. Isso acaba corroborando alguns estudos que indicam que esse ancestral teria vivido entre 500 e 700 mil anos atrás.

Para os autores do estudo, além das descobertas de que o gargalo teria levado a população humana a uma quase extinção, as consequências desse evento podem ser observadas na diversidade genética atual. Mesmo com 8 bilhões de pessoas na Terra, nossa variabilidade genética é baixa, e essa pode ser uma das respostas.

Apesar desses resultados, outros especialistas que não participaram do estudo são mais cautelosos. Isso porque as populações costumam ser maiores do que os números que são levados em conta nessas análises.

Para o geneticista Aaron Ragsdale, da Universidade de Winsconsin-Madison, mesmo com a dificuldade em estudar genes e fósseis de períodos antigos, é necessário replicar os resultados obtidos por meio de outros métodos. “Acho que é um pouco exagerado concluir a partir desses resultados que as populações ancestrais humanas estavam à beira da extinção”, disse ao site Smithsonian Magazine.

Em estudos de populações humanas como essa, a análise genética precisa ser realizada juntamente com outras evidências arqueológicas e fósseis. Uma pesquisa em sítios humanos antigos na África e Eurásia que datam desse período podem ajudar a corroborar a teoria desse suposto gargalo populacional.

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