Como são gravados os documentários na selva?

Você torce pelo leão ou pela zebra?

Postado em: 25-09-2023 às 17h10
Por: Maria Gabriela Pimenta
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Quando a cena envolve animais grandes, a orientação é nunca sair do carro. | Foto: iStock

Leões caçando búfalos. Zebras fugindo. Hienas dando risadas no aguardo do resto. Urubus na espreita. Guepardos escondendo suas caças. No fundo, o narrador envolvido nos acontecimentos da selva acompanha cada movimento destes animais selvagens, cada intenção por trás das ações, levando de uma forma inexplicável o espectador a uma imersão profunda no contexto inalcançável da savana africana.

Mas, afinal, como são gravados os documentários na selva?

Primeiramente, vamos focar em como os cinegrafistas se movem. Os carros modificados permitem a gravação em diferentes ângulos. Esses veículos são, geralmente, jipes com teto removível. Logo acima dos bancos, eles têm um suporte para filmar em movimento sem tremer a câmera. Quando a cena envolve animais grandes, como os mencionados no início desta matéria, a orientação é nunca sair do carro. Com lentes de 400 mm ou até mesmo 800 mm, os cinegrafistas conseguem capturar imagens nítidas dos animais na selva mesmo há metros de distância.

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O fato é: cineastas que trabalham em documentários da vida selvagem têm os melhores equipamentos que o mundo cinematográfico pode oferecer.

A tecnologia mais avançada permite a operação de câmeras remotas e drones. Dessa forma, é possível uma maior aproximação dos bichos, além de sequências em áreas impossíveis da selva de filmar em helicópteros.

No caso de pássaros, os produtores podem introduzir microcâmeras conectadas por fibra óptica ao ninho. Muitas vezes, esses mini equipamentos são instalados antes mesmo da hora do ninho, pois alguns pássaros, como a ave de rapina, reutilizam os mesmos ninhos por anos. Mas, é necessário muito cuidado. Os cabos de fibra precisam estar bem escondidos, se não são mastigados pelas aves e toda a filmagem é perdida.

Aumentando a dificuldade…

Hamilton James ficou famoso por suas fotos de aves pescadoras. À NatGeo, revelou os maiores desafios por trás disso:

Ele revela o processo meticuloso para tirar fotos perfeitas, mostrando o animal e o ambiente ao redor.

Você sabe como aquelas pequenas formiguinhas são filmadas?

Existe um equipamento conhecido com Frankcam, elaborado pelo cinegrafista Martin Dohrn com o intuito de filmar formigas e outros seres pequeninos em close-up e alta definição.

A Frankcam permite que a lente grande angular se mova em qualquer direção, com o operador da câmera usando controles remotos. Câmeras operadas manualmente, certamente geraria imagens trêmulas e espantaria os insetos.

As armadilhas

Calma! É uma armadilha do bem. Na verdade, as armadilhas fotográficas são truques muito usados por esses profissionais, especialmente para animais que suspeitam da presença humana.

Basicamente, esses dispositivos são câmeras ativadas pelo movimento e, embora haja algum elemento de sorte envolvido nisso, alimentos ou iscas podem ser usados para atrair animais para o enquadramento.

O mais importante de tudo é…

Conhecer os animais que você está tentar identificar para capturar as imagens e não perturbá-los.

Os melhores cinegrafistas trabalham em colaboração com cientistas e especialistas para se familiarizar com os animais. Quando o cinegrafista compreende os movimentos cíclicos ou os padrões de migração dos animais, ele pode se posicionar em um local ideal. Assim, ele simplesmente espera os animais passarem por sua localização para registrar o momento, sem demandar muito esforço.

Ainda, os melhores cinegrafistas são calmos e pacientes. Eles esperam dias e até semanas para conseguir a imagem perfeita. Seja uma oportunidade para capturar uma dança de acasalamento, uma batalha territorial, uma caçada ou um nascimento.

Ser cinegrafista de vida selvagem não é um hobby ou algo que possa ser aprendido da noite para o dia. É uma profissão desafiadora, pois exige planejamento. Um bom resultado só vem após muitos anos de contato com a natureza e familiaridade com os animais. Além disso, para sobreviver a essa profissão é necessário um “feeling” que ajuda a pessoa a se manter em segurança.

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