Saiba o que acontece com o corpo humano quando exposto a temperaturas extremas

Uma massa de ar quente vem fazendo com que boa parte do Brasil enfrente as temperaturas mais altas que o normal. Segundo a empresa de meteorologia MetSul, as previsões indicam que as temperaturas para esta semana e a próxima ultrapassem as médias de temperatura máxima em todas as regiões do país, com um grande potencial para a quebra de recordes.

Para a tarde de hoje, 13/11, a Climatempo prevê uma temperatura de 38ºC para a cidade de São Paulo. Caso essa temperatura se confirme, ou se a máxima chegar aos 37,9ºC, será o recorde de calor na capital paulista, que atualmente é de 37.8ºC, marca registrada no dia 17 de outubro de 2014, segundo dados do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).

Já a máxima prevista para o Rio de Janeiro nesta segunda-feira é de 40ºC. Segundo o Alerta Rio, serviço de meteorologia da Prefeitura do Rio, a sensação térmica foi de 52,7ºC em Guaratiba, Zona Oeste da cidade, às 8h da manhã de hoje.

Agora, os estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul serão os mais afetados. É possível que os termômetros atinjam a marca de 45ºC.

Segundo o Inmet, existem mais de 2,5 mil municípios afetados pela onda de calor. Dester, 1.413 estão sob aviso de perigo e 1.138 cidades estão na classificação de grande perigo.

Em muitas áreas do país a temperatura ficará 10ºC e 15ºC acima das médias históricas, segundo o site MetSul. “Isso vai levar às máximas fora do comum e sem precedentes em grande número de localidades do Centro do Brasil”, diz o site.

De acordo com a Climatempo, esta será a quarta onda de calor que o Brasil vive no segundo semestre deste ano e poderá ser mais forte do que as ondas de calor vividas pelos brasileiros nos meses de agosto, setembro e de outubro de 2023.

Embora algumas regiões do Brasil frequentemente experimentem altas temperaturas durante o mês de novembro, e os brasileiros estejam geralmente mais adaptados ao calor em comparação com populações de países europeus que enfrentaram desafios semelhantes nos últimos meses, a situação é particularmente perigosa devido à sua extrema intensidade.

Estar exposto nos horários de pico do calor, entre 12 e 16 horas, podem causar alterações no organismo que oferecem risco à saúde, principalmente para grupos com saúde mais frágil, incluindo idosos, pessoas com comorbidade, e crianças pequenas.

O que acontece com o corpo humano quando exposto a temperaturas extremas?

Quando o nosso corpo está em estresse térmico, ou seja, exposto a temperaturas extremas, ele passa por uma série de adaptações fisiológicas até regular a temperatura interna.

Já no caso da exposição ao calor, a primeira reação do organismo é dissipar o calor através do suor e dilatação dos vasos sanguíneos periféricos para liberar calor para o ambiente.

Porém, em temperaturas muito altas, especialmente quando atambém está úmido, o mecanismo de resfriamento do suor pode se tornar ineficaz, levando ao superaquecimento corporal, insolação e possíveis danos aos órgãos.

“Quando estamos expostos a temperaturas mais elevadas, ocorrem adaptações no nosso corpo. A frequência cardíaca aumenta como um mecanismo compensatório, assim como a pressão arterial”, explica Lucas Albanaz, clínico geral, coordenador da clínica médica do Hospital Santa Lúcia, de Brasília, e mestre em ciências médicas.

O médico também alerta para outro risco: a desidratação devido o aumento da sudorese. Dependendo da temperatura os sinais vão de câimbra (por eletrólitos, que são eliminados no suor), a intensa sede e fadiga.

“Outros sintomas mais graves, como tontura, náuseas ou vômitos também podem aparecer. Se a pessoa não conseguir aliviar esse calor, o quadro pode evoluir para choque térmico, com confusão mental, convulsões, e seguindo para a falência de múltiplos órgãos e óbito”, explica ele, que é coordenador do Núcleo de Medicina de Estilo de Vida do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre.

Segundo relatório do The Lancet, nos últimos 20 anos o aumento da mortalidade relacionada ao calor extremo em pessoas com mais de 65 anos aumentou em 53,7%.

Apenas na Europa, em 2022, ocorreram 61.672 mortes atribuíveis ao calor entre 30 de maio e 4 de setembro de 2022, segundo uma análise recente publicada na Nature Medicine.

Os riscos são ainda maiores para as pessoas com comorbidade, idosos, crianças, pessoas que trabalham que precisam ficar expostos ao sol e pessoas que fazem uso de medicações que por algum motivo os tornam vulneráveis ao calor.

“É o caso de pacientes que tomam remédios diuréticos, por exemplo. Eles naturalmente já perdem mais água, e precisam de cuidado extra com hidratação”, aponta Daudt.

Saiba como se proteger do calor intenso

“A palavra de ordem é hidratação, que deve ser feita principalmente pela ingestão de líquidos. Também é indicado hidratar a pele, com cremes, as narinas, com soro fisiológico, e os olhos, com colírio. Essas partes do corpo também são afetadas”, diz Albanaz.

Abaixo, destacamos dicas oferecidas pelos especialistas consultados na reportagem e divulgadas pela OMS (Organização Mundial da Saúde):

Mantenha sua casa fresca

• Tente manter a temperatura abaixo de 32°C durante o dia e 24°C à noite, especialmente para crianças, idosos e pessoas com problemas de saúde crônicos;
• Use o ar noturno para resfriar sua casa, abrindo janelas e persianas durante a noite;
• Reduza a carga de calor interna fechando janelas expostas ao sol, desligando dispositivos elétricos e pendurando cortinas.

Evite o calor

• Procure os lugares mais frescos da casa, especialmente à noite;
• Se a sua casa não estiver fresca, passe algumas horas por dia em locais com ar-condicionado, como edifícios públicos;
• Evite sair durante as horas mais quentes do dia e atividades físicas extenuantes.

Mantenha-se hidratado e fresco

• Tome banhos frios e use compressas frias para aliviar o calor;
• Vista roupas leves e largas, incluindo chapéu e óculos de sol;
• Beba água regularmente e evite álcool e cafeína, que contribuem para desidratação.