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segunda-feira, 2 de dezembro de 2024
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Polêmica

Por que os apócrifos ficaram de fora da Bíblia Sagrada?

Afinal, o que há por trás destes livros ocultos?

Postado em 4 de janeiro de 2024 por Luana Avelar
Por que os apócrifos ficaram de fora da Bíblia Sagrada?

Você, por acaso, já teve essa reflexão?

“Como os livros da Bíblia foram selecionados para compor a Bíblia?”

A Bíblia cristã é dividida em duas partes: o Antigo Testamento, que compreende os livros da bíblia judaica, e o Novo Testamento, composto por 27 livros considerados inspirados: quatro Evangelhos, o livro dos Atos dos Apóstolos, 14 cartas atribuídas a São Paulo, sete cartas conhecidas como católicas ou universais e o Apocalipse de São João.

Porém, as autoridades intelectuais do Cristianismo primitivo passaram por um longo percurso até chegarem na decisão definitiva de quais seriam os livros canônicos da Bíblia Sagrada. Diversos livros redigidos durante os primeiros séculos da Era Cristã foram considerados como “não inspirados” pelo Espírito Santo e foram excluídos da formatação definitiva das Escrituras Sagradas.

Estes livros deixados de fora, que acumulam diversos textos, ficaram conhecidos como livros apócrifos e por séculos mantidos longe do alcance dos fieis, principalmente a partir do momento em que o Cristianismo se tornou a religião oficial do Império Romano, no ano 380 d.C. O motivo da ocultação dessas páginas é simples: evitar heresias e ensinamentos contraditórios.

O termo apócrifo vem do grego apokryphos e do latim apokryphu e significa, literalmente, oculto, secreto.

Entretanto, atualmente, a leitura apócrifa está 100% disponível para toda a comunidade cristã e para quem tiver interesse em entrar com contato com a temática de novas visões e interpretações da vida de Jesus e também dos seus primeiros discípulos.

Inclusive, valendo-se da literatura apócrifa cristã, nas últimas décadas algumas produções artístico-culturais foram feitas, comprovando o impacto desses textos para além dos estudos teológicos. Dois exemplos emblemático são o livro O Código Da Vinci e o filme A Última Tentação de Cristo.

Temas que são polêmicos como, por exemplo, o fato de que alguns livros apócrifos apontam Maria Madalena e não Pedro, considerado pela Igreja Católica o primeiro Papa, como principal discípulo de Jesus, ou o período da vida de Jesus que não é tratado nos evangelhos canônicos (da infância até o início da pregação), período no qual o mesmo pode ter se casado e constituído família, são retratados nos textos apócrifos de forma completamente diferenciada dos textos oficiais (ALVES; CAES, 2014).

Quais são os livros apócrifos?

Os livros apócrifos são assim considerados pois, segundo a Igreja, muitos textos são fantasiosos sobre Jesus e outros personagens bíblicos. Mesmo assim, é importante considerá-los nos estudos.

Existem apócrifos referentes ao Antigo e ao Novo Testamento.

Referentes ao Antigo Testamento:

  • Tobias
  • Judite
  • Sabedoria de Salomão (ou Sabedoria)
  • Eclesiástico (ou Sirácida)
  • Baruque (incluindo a Carta de Jeremias)
  • 1 e 2 Macabeus
  • Adições a Ester (acréscimos ao livro de Ester)
  • Adições a Daniel (acréscimos ao livro de Daniel)
  • Oração de Manassés
  • Livro de Enoque
  • Livro dos Jubileus
  • 3 Macabeus

Entretanto, a Igreja Católica tem uma visão diferente sobre os apócrifos, os quais ela reconhece como deuterocanônicos. O catolicismo afirma que esses livros foram aceitos como parte das Escrituras durante os primeiros séculos do Cristianismo e sua inclusão no cânon foi confirmada, principalmente no Concílio de Roma (382 d.C.), no Concílio de Hipona (393 d.C.) e no Concílio de Cartago (397 d.C.).

A Igreja Católica argumenta que esses livros têm valor espiritual e foram utilizados na liturgia e prática cristã desde os primeiros tempos da igreja. Logo, a decisão de excluí-los do cânon protestante foi tomada durante a Reforma Protestante, principalmente no século XVI. Por isso, para os católicos, os livros deuterocanônicos foram aceitos e inspirados pelo Espírito Santo ao longo da tradição da igreja.

Estão são os 7 livros apócrifos aceitos pela Igreja Católica, além de 2 acréscimos e um texto em oração:

  • Tobias
  • Judite
  • Sabedoria de Salomão (ou Sabedoria)
  • Eclesiástico (ou Sirácida)
  • Baruque (incluindo a Carta de Jeremias)
  • 1 Macabeus
  • 2 Macabeus
  • Adições a Ester (acréscimos ao livro de Ester)
  • Adições a Daniel (acréscimos ao livro de Daniel)
  • Oração de Manassés

Referentes ao Novo Testamento:

  • Evangelho de Tomé
  • Evangelho de Maria Madalena
  • Evangelho de Judas
  • Evangelho de Filipe
  • Atos de Pedro
  • Atos de Paulo
  • Apocalipse de Pedro
  • Pastor de Hermas
  • Didaquê (ou Doutrina dos Doze Apóstolos)
  • Epístola de Barnabé

Ao contrário dos livros deuterocanônicos, a Igreja Católica não reconhece nenhum desses livros apócrifos do Novo Testamento como canônicos, mas reconhece o Evangelho de Tomé como um texto antigo e valioso para a compreensão de histórias e crenças cristãs primitivas; e Pastor de Hermas e Epístola de Barnabé como dois textos amplamente apreciados pelos primeiros cristãos, porém excluídos do cânon oficial da Bíblia.

Os Apocalipses Apócrifos

Os Apocalipses Apócrifos são textos que oferecem visões ou revelações sobre eventos futuros, muitas vezes a respeito do fim do mundo, julgamento divino, redenção ou revelações celestiais.

Estes livros foram escritos em vários contextos culturais e religiosos ao longo do tempo e apresentam uma variedade de visões e interpretações sobre o destino final da humanidade ou do fim do mundo.

Os motivos da exclusão desses textos do cânon oficiais são polêmicos. Primeiro, origem e autenticidade duvidosas, já que muitos foram escritos depois dos textos canônicos em diferentes contextos culturais; segundo, algumas visões apresentadas são divergentes das encontradas nos textos canônicos, levantando questões sobre a coerência destes textos em relação aos ensinamentos cristãos; terceiro, o conteúdo destes livros gera debates a respeito de qual posição eles ocupam dentro da tradição religiosa, já que não são reconhecidos como parte das Escrituras canônicas. Mesmo assim, alguns grupos valorizam os textos como visões valiosas sobre a espiritualidade e crenças da época; quarto, a leitura dos apocalipses apócrifos podem levar a interpretações errôneas ou até mesmo influenciar práticas religiosas que não são compatíveis com a doutrina cristã.

São estes:

  • Apocalipse de Pedro
  • Apocalipse de Paulo
  • Apocalipse de Tomé
  • Apocalipse de Esdras
  • Apocalipse de Baruque
  • Apocalipse de Abraão
  • Apocalipse de Elia
  • Apocalipse de Sofonias

Conclusão

Os livros apócrifos oferecem uma visão diversificada de pensamentos, crenças e práticas dentro do contexto histórico e religioso antigo. Além disso, fornecem outros pontos de vista sobre as tradições, especulações teológicas e visões espirituais que não foram incluídas no cânon oficial da Bíblia.

Por isso, embora não façam parte das Escrituras Sagradas reconhecidas pela maioria das denominações religiosas, os apócrifos oferecem uma outra perspectiva sobre o mundo antigo e outras formas de espiritualidade, incentivando o estudo crítico e aprofundado e a compreensão da complexidade das tradições religiosas.

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