Maria Grampinho, personagem de Cora Coralina, realmente existiu?

Nas vielas da histórica Cidade de Goiás, uma figura enigmática deixou seu legado: Maria da Purificação, conhecida como Maria Grampinho. Amiga de Cora Coralina e personagem de seus fantásticos poemas, Grampinho se tornou uma lenda em Goiás.

Maria da Purificação realmente existiu e é lembrada até hoje pelos vilaboenses. O apelido de Maria Grampinho se dava porque ela andava com mais de cem grampos de cabelo e carregava uma trouxa de roupas pelas ruas de Goiás.

Sua simplicidade e humildade contrastavam com o mistério que a cercava. Relatos contam que a mulher passava as noites na casa da renomada escritora Cora Coralina, numa amizade improvável entre duas mulheres de realidades distintas, já que Cora era da “alta sociedade” vilaboense e Grampinho uma moradora de rua.

Na “Cidade das Portas Abertas”, como Goiás Velho era conhecida, Maria Grampinho encontrava acolhimento. As casas estavam sempre abertas para quem quisesse entrar, compartilhar histórias, um café e um biscoito, ou simplesmente descansar.

Foi assim que Maria Grampinho ficou conhecida na cidade. Ela adentrava nas casas, sem dizer uma palavra, aceitava o que lhe ofereciam e dormia nos quintais.

Grampinho faleceu após a morte de Cora Coralina. Esta, por sua vez, veio a óbito em 10 de abril de 1985, em Goiânia, dormindo, após uma internação por pneumonia. Maria Grampinho foi encontrada sem vida na Casa da Ponte, atualmente conhecida como Casa de Cora.