Sair do aluguel está cada dia mais difícil

Longe de sinalizar uma melhora, setor imobiliário aposta na classe C para tentar aquecer o mercado

Postado em: 10-06-2016 às 22h00
Por: Sheyla Sousa
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Longe de sinalizar uma melhora, setor imobiliário aposta na classe C para tentar aquecer o mercado

RHUDY CRYSTHIAN

O ambiente de demanda retraída, confiança do consumidor em baixa e estoques de imóveis elevados desestimula o lançamento de novos projetos, cenário agravado pela redução do crédito imobiliário. Com a elevação dos juros e do rigor dos bancos para aprovar financiamentos, o número de compradores que consegue se enquadrar nas exigências das instituições financeiras diminui progressivamente.

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Não adianta as construtoras e incorporadoras tentarem tampar o sol com a peneira e forjar um cenário positivo já que o setor sinaliza crise severa e um horizonte bem distante de melhoria. A Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil pisaram no freio na liberação de crédito o que dificultou ainda mais a situação para quem busca realizar o sonho da casa própria.

As maiores empresas do ramo na capital já anunciaram no ano passado que pretendiam primeiro zerar os estoques para só depois pensar em novos lançamentos. O resultado não foi diferente do esperado. Promoções de imóveis encalhados, baixo interesse do futuro mutuário e ações de marketing desesperadas e desconexas com a realidade.

O número de distratos disparou, tanto que as regras tiveram que ser alteradas. Negociações tiveram que ser arroladas para não perder o cliente e teve até construtora aceitando pegar carro de segunda mão para não perder o negócio. Nem o imóvel usado, que prometia dar um alívio para o segmento, teve boa saída. O resultado foi gente há meses tentando vender um usado para mudar para um imóvel melhor, sem sucesso.

Feirão

A 12° edição do Feirão Caixa da Casa Própria começou ontem (10) no Shopping Estação Goiânia, no Setor Central, em Goiânia. Com corredores vazios, a esperança dos vendedores é de uma melhora no movimento hoje e amanhã, dias tradicionalmente típicos de quem está procurando um imóvel.

Considerado um dos maiores eventos do ramo imobiliário, o feirão contará com 55 parceiros, entre construtoras e correspondentes imobiliários. Mais de cinco mil imóveis novos ou usados estarão em oferta. A entrada é gratuita.

A bancária Maria Helena Rodrigues Silva visitou o evento ontem. Ela procurava por um imóvel de dois quartos para investimento. Mas acreditava que não ia sair do local com negócio fechado. “Acredito que não vou encontrar um imóvel dessa vez. Vou olhar algumas opções, mas vou esperar mais um pouco”, ponderou. 

Maria pretende encontrar uma casa popular de dois quartos no valor de R$ 140 mil. Ela possui R$ 30 mil para dar de entrada para conseguir parcelas bem reduzidas ao máximo de prestações possíveis. Pelo fato de ser uma bancária ela acredita que não terá grandes dificuldades em conseguir liberação de crédito com juros interessantes, mas concorda que o momento não está favorável para quem procura financiamentos habitacionais. 

O superintendente executivo da Plataforma de Habitação da Caixa, Cleomar Dutra Ferreira, afirma que o foco do evento é o financiamento de habitação popular. Ele afirma que o objetivo é negociar mais de R$ 462 milhões, valor movimentado no ano passado. “A gente sabe que a análise de crédito em um momento de retração econômica fica mais apertada, mas para quem se enquadra no perfil é o momento ideal”, defende. 

As expectativas do especialista eram as mais otimistas, mas não refletiam a realidade nos corredores do evento que espera receber mais de 14 mil visitantes. Corretores parados reclamavam que não haviam fechado nenhuma venda ainda. “Muita gente com condições de pleitear um financiamento, mas resolve esperar”, comentou uma corretora de imóveis. 

A CEF irá disponibilizar os recursos para os financiamentos pelo Programa Minha Casa Minha Vida e com recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) em imóveis de até R$ 180 mil em Goiânia. Já as construtoras estão abertas para orientar e tirar dúvidas dos interessados, mas sem crédito, fica difícil.

 

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