Quinta-feira, 28 de março de 2024

CNA critica a alta do feijão para o consumidor final nas prateleiras

O preço do feijão caiu R$300, o que daria entre R$ 6 e R$ 7, mas para o consumidor continua R$ 15

Postado em: 28-07-2016 às 15h00
Por: Toni Nascimento
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O preço do feijão caiu R$300, o que daria entre R$ 6 e R$ 7, mas para o consumidor continua R$ 15

No encontro que tiveram hoje (28) com o presidente interino, Michel Temer, dirigentes da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) criticaram algumas medidas adotadas pelo atual governo por, no entendimento da entidade, burocratizar a produção agrícola do país – em especial uma norma que voltou a vigorar e que obriga o agricultor a renovar anualmente uma licença para o plantio.

Após o encontro com Temer, o vice-presidente CNA, José Mário Schreiner, criticou também o fato de a queda do preço pago ao produtor pela saca de feijão não ter sido repassada ao consumidor final. “O feijão já teve arrefecimento de preço para o produtor. Só não senti isso na prateleira. É interessante”, disse ele em tom irônico.

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“O preço do feijão já chegou a pouco mais de R$ 500 a saca, o que daria R$ 9 o quilo ao produtor e no supermercado estava a R$ 15. Agora o preço caiu a R$300, o que dá algo entre R$ 6 e R$ 7 o quilo para o produtor. No entanto continua a R$ 15 para a dona de casa. É a mesma história do leite, que está a R$1,50 [o litro] para o produtor e vocês compram todos os dias a R$ 4 na prateleira. É a transformação, a metamorfose e a alquimia que existe na economia”, acrescentou. 

Durante a reunião, Schreiner e os demais dirigentes da CNA entregaram a Temer uma lista com dez sugestões de medidas para “garantir o crescimento e o fortalecimento da agropecuária brasileira”. Entre as reivindicações apresentadas estava a de se criar facilidades para o produtor brasileiro nos processos ambientais.

“Isso é extremamente importante mas, veja bem: agora, com a entrada em vigor de uma portaria [do Ministério do Meio Ambiente] que até então estava suspensa, precisaremos de um licenciamento anual para plantar. Imagina isso: todo ano eu planto milho, mas ano que vem eu terei de renovar novamente essa licença. Isso burocratiza o processo. Para piorar, muitas vezes esse processo é delegado aos estados, e eles não têm celeridade nem gente preparada para que isso ocorra de forma muito rápida. E nós sabemos que tempo, clima e agricultura não esperam a boa vontade ou a falta de agilidade dos processos burocráticos”, argumentou Schreiner.

Segundo ele, Michel Temer ficou “extremamente sensibilizado” com essa questão. “Vamos ter uma audiência com o ministro do Meio Ambiente, mas o presidente já se colocou de pronto e de forma solidária em relação a esse assunto”, acrescentou.

Outro ponto defendido pela CNA junto ao presidente interino foram os investimentos em infraestrutura, que segundo ele atravancam o setor. “Claro que têm sido feito investimentos, mas eles são tímidos perante a necessidade que o país tem. O produtor brasileiro gasta US$ 80 para escoar uma tonelada. O produtor norte-americano gasta US$ 16. Isso é perda de competitividade do setor produtivo rural”.

Kátia Abreu

Schreiner comentou a saída da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) da presidência da CNA. Segundo ele, Kátia usou de “bom senso” ao dizer que não reassumiria o posto, uma vez que “a base não a digere” e os produtores e sindicalistas do setor não veem mais condições para que ela permaneça à frente da entidade.

Ele, no entanto, não quis dizer se o motivo dessa rejeição, estaria relacionado ao apoio manifestado por ela à presidenta afastada Dilma Rousseff. Kátia Abreu deixou a presidência da CNA e o mandato de senadora para assumir, a convite de Dilma, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Com o afastamento temporário da presidenta Dilma, ela voltou para o Senado. (Agência Brasil) (Foto: Agência Brasil)

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