Corte maior de juros resulta de melhora na expectativa de inflação, diz BC

“Esse espaço para intensificação da flexibilidade se ganha por ter capacidade de ancorar as expectativas", afirmou o presidente do BC

Postado em: 07-12-2016 às 12h00
Por: Redação
Imagem Ilustrando a Notícia: Corte maior de juros resulta de melhora na expectativa de inflação, diz BC
“Esse espaço para intensificação da flexibilidade se ganha por ter capacidade de ancorar as expectativas", afirmou o presidente do BC

O presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, disse
hoje (7) que o espaço para fazer um corte de juros maior é resultado da melhora
nas expectativas para a inflação.

“Esse espaço para intensificação da flexibilidade se ganha
por ter capacidade de ancorar as expectativas. É como se fosse um investimento
que foi muito importante e não pode ser perdido. É um investimento que nos
permite ter juros mais baixos sustentáveis e por mais tempo”, disse em café da
manhã com jornalistas, na sede do BC, em Brasília.

Continua após a publicidade

Ontem (6), o BC informou, na ata da última reunião do Comitê
de Política Monetária (Copom), que pode haver mais espaço para redução da taxa
básica de juros, a Selic, do que o percebido anteriormente.

Na semana passada, o comitê deu continuidade ao processo de
redução da Selic. A taxa foi reduzida em 0,25 ponto percentual, caindo para
13,75% ao ano. Esse foi o segundo corte de 0,25 ponto percentual.

Questionado sobre pressões para baixar os juros, Goldfajn
disse que isso é recorrente no Brasil. Ele avaliou que o BC está fazendo o que
é necessário, tem credibilidade e agora é “parte da solução”.

Reversão mais forte da recessão

Goldfajn disse que o BC achava que a partir de setembro haveria
uma reversão mais forte da recessão econômica, mas isso não aconteceu. “Mas não
significa que não vai ter recuperação. A gente vê uma recuperação gradual mais
adiante. Temos projeção de crescimento para 2017 melhor que 2016 e 2018 melhor
do que 2017”, disse.

Acrescentou que o Banco Central é sensível ao nível de
atividade mais fraca porque leva à redução das expectativas de inflação. O
presidente do BC lembrou que, na reunião do Copom, se discutiu a possibilidade
de intensificar o corte de juros imediatamente porque a inflação vem caindo.

Entretanto, levou-se em consideração a resistência de alguns
componentes do índice de preços. “Essa resistência pode ser que daqui para
frente venha a diminuir. Por duas razões: uma que a gente está vendo a inflação
caindo e segundo porque a atividade está mais fraca do que a gente imaginava”,
destacou.

Os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) também
consideram avanços nas reformas propostas pelo governo. Entretanto, decidiu-se
esperar até a reunião do Copom prevista para de janeiro. “No final, houve
consenso de aguardar para fazer a decisão sobre a intensificação na próxima
reunião”, afirmou.

Goldfajn também disse que o cenário externo é mais
desafiador, com a decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia (Brexit) e
a eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos. “O cenário é
mais desafiador, mas não tem uma ligação mecânica entre o cenário externo e a
política monetária [decisões sobre a Selic] porque tem que observar todos esses
efeitos”, explicou aos jornalistas.

Questionado sobre pressões para reduzir os compulsórios
(recursos que os bancos são obrigados a deixar depositados no BC), Goldfajn
disse que são “rumores”.

Crise política causada por liminar

O presidente do Banco Central acrescentou que é preciso
manter a serenidade diante das incertezas geradas pela crise política desta
semana e olhar se as reformas serão implementadas.

“Todo o resto, o ruído que forma, eu acho que a gente tem
que passar um pouco por cima”, disse.

A crise desta semana foi gerada pela liminar que determinou
o afastamento do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), do cargo.
Hoje, à tarde, o Supremo Tribunal Federal (STF) fará o julgamento definitivo
pelo plenário da liminar concedida pelo ministro Marco Aurélio Mello.

A decisão que afastou Renan foi proferida no início da noite
de ontem (5), mas o senador continua no cargo porque a Mesa da Casa se recusou
a cumprir a decisão. Os senadores decidiram esperar decisão definitiva do
plenário do Supremo.

Foto: reprodução

Veja Também