Turismo perde dois terços do faturamento em 2020

Vendas caíram de R$ 15 bi em 2019 para R$ 4 bi | Foto: Infraero

Postado em: 26-04-2021 às 09h06
Por: Augusto Sobrinho
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Vendas caíram de R$ 15 bi em 2019 para R$ 4 bi | Foto: Infraero

As operadoras de turismo perderam dois terços do faturamento em 2020, segundo o anuário do setor divulgado pela Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa). Segundo o levantamento, o faturamento das empresas caiu de R$ 15,1 bilhões em 2019 para R$ 4 bilhões no ano passado.

O número de passageiros transportados caiu pela metade, de 6,5 milhões no ano anterior para 3,3 milhões em 2020. A maior parte das vendas (77%) ficou concentrada em viagens dentro do Brasil, enquanto o turismo para o exterior respondeu por 23% da renda das empresas no período.

Emprego

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A crise causada pela pandemia de covid-19 também afetou o emprego no setor, que perdeu, segundo o anuário, 2,7 milhões de postos de trabalho ao longo de 2020. Os serviços de alimentação foram os que mais demitiram, com o corte de 1,7 milhão de empregos, seguido pelo setor de transporte rodoviário, que reduziu em 559 mil vagas a força de trabalho e as agências de viagem que demitiram 197 mil pessoas.

Apesar da forte retração, o presidente da Braztoa, Roberto Haro Nedelciu, acredita que, comparando com o cenário mundial, a queda no Brasil não foi tão forte. “Eu acredito que a retração não foi tão grande assim”, disse durante a apresentação dos números. “Os números do Brasil não são significativos, são até melhores do que foram no mundo”.

Retomada

O mercado do turismo no país caiu para um patamar inferior ao registrado em 2009, quando o setor faturou R$ 6,1 bilhões, segundo os dados da Braztoa. Uma retomada para um nível semelhante ao de 2019, Nedelciu avalia que só deve acontecer na metade ou no fim de 2022. “Vai demorar um ano e meio, dois anos para voltar àqueles números”, estimou.

O presidente da associação acredita que quando for possível fazer uma reabertura para uso de toda a capacidade turística, haverá um crescimento na procura. “Tem uma tendência das pessoas estarem loucas para viajar”, ressaltou.

Consumo das famílias

O indicador de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) alcançou o patamar de 70,7 pontos em abril, o menor nível desde novembro de 2020, quando atingiu 69,8 pontos. Após ajuste sazonal, a série apresentou queda mensal de 2,5%, ante recuperação pontual no mês anterior.

O resultado foi divulgado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que destacou que foi o pior mês de abril da série histórica. Em relação ao mesmo período em 2020, houve retração de 26,1%.

Para o presidente da CNC, José Roberto Tadros, essa redução no mês de abril é resultado do agravamento da pandemia de covid-19 no país, com medidas mais restritivas de circulação, como fechamento de comércios e cidades inteiras em lockdown.

“É um momento de oscilação, de grande incerteza. Isso se reflete no orçamento familiar, já que o agravamento da pandemia, somado à lentidão da vacinação, acaba gerando pessimismo e cautela no consumo. Acreditamos que, com a imunização em massa da população, o crescimento econômico será retomado e a confiança vai reagir”, disse Tadros, em nota.

Nos indicadores de renda e consumo, houve queda em relação ao mês anterior. A maioria das famílias considerou a renda pior do que no ano passado, com percentual de 41,3% ante 40,3% em março.

Segundo a CNC, a maior parte das famílias também considera que o nível de consumo em abril foi menor do que no ano passado (59,9%), o maior percentual desde novembro (60,4%), ante 58% no mês anterior e 46,9% em abril de 2020.

Também aumentou entre os pesquisados a proporção dos que acreditam que comprar a prazo está mais difícil: 41,7%, o maior percentual desde novembro de 2020, quando foi de 42,2%. (ABr)

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