Segunda-feira, 08 de julho de 2024

Goianas incentivam empreendedorismo feminino

Do total de empresas criadas em Goiás, a taxa de negócios criados por mulheres cresceu de 24% do total em 1980 para 42% em maio de 2020 | Foto: Reprodução

Postado em: 28-04-2021 às 08h02
Por: Redação
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Do total de empresas criadas em Goiás, a taxa de negócios criados por mulheres cresceu de 24% do total em 1980 para 42% em maio de 2020 | Foto: Reprodução

A presença feminina na frente dos negócios tem crescido significativamente nos últimos anos. De acordo com a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), realizada pelo IBGE, cerca de 9,3 milhões de mulheres estão à frente de negócios no Brasil. Apesar do número consideravelmente alto de atividades, ainda há dificuldades que persistem, como a média de rendimento menor e dificuldades para conseguir crédito. Em meio a esses problemas que partem de um projeto de sociedade com base de sustentação voltada à adoração da figura masculina, as mulheres tem se reinventado e levado seus empreendimentos como forma de emancipação, tanto individual como coletiva.

Em pesquisa realizada pela Sebrae Goiás em parceria com a Universidade Federal de Goiás (UFG), em Goiás, no ano de 2019 do total de empreendedores no estado (1.048.391), 34% são do sexo feminino (352.669). Do total de empresas criadas em Goiás, a taxa de negócios criados por mulheres cresceu de 24% do total em 1980 para 42% em maio de 2020. Desses números, 55.020 das mulheres são empregadoras, enquanto as que trabalham por conta própria totalizam 297.649. A maior concentração das empreendedoras goianas se encontram nos municípios de Aporé, Lagoa Santa, Damolândia e Alto Paraíso. 45% dos empreendimentos destas cidades são de mulheres.

Apesar da alta concentração de empreendimentos nestas cidades, diversas outras do interior do estado vem demonstrado um potencial em empreendimentos geridos por mulheres. Na cidade de Goiás, com 20 anos, a estudante e empreendedora Dhyorrana Cardoso decidiu, em meio a pandemia, dar continuidade a uma habilidade que possuía desde os 14 anos. Após passar por diversos trabalhos da qual a jovem considerava estar apenas pela necessidade financeira, em março do ano passado, ela mudou toda sua trajetória investindo em um espaço em sua casa para realizar atendimentos como designer de sobrancelhas. 

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“Quando terminei de pagar minha carteira de motorista decidi que não era aquilo que eu queria pra mim, eu saí dali, sem nem querer olhar para trás, não tinha absolutamente nada que me prendia ali, nem minha carteira era assinada. Em meio a isso, foi quando comprei minha primeira henna, uma bem inferior, na época”, conta. Começando a dedicar mais o tempo para a habilidade, a empreendedora conta que a essencialidade para subir o negócio foi enxergar o valor de cada item que era  investido para o seu trabalho. “Acredito que para se empreender você mais do que nunca precisa acreditar em si, daí é quando tudo começa. Quando uma mulher começa a acreditar em seu potencial não há nada que possa derruba-lá”, complementa. 

Além de uma forma de investir a sua habilidade, Dhyorrana conta que usa do empreendimento para ressaltar os seus clientes sobre o valor e força que possuem. Trabalhando muito com outras mulheres, ela conta que diariamente aprende pouco a pouco sobre o valor de cada uma, que muitas vezes as mesmas nem percebem. Com isso, a empreendedora conta que busca  ressaltar nos pequenos detalhes e ações a magnitude que elas representam. “Cada mulher possui um valor imensurável e ela precisa saber disso. Acredito que empreender seja justamente isso, acreditar em si, mesmo quando esteja dando errado, acredita no seu potencial”, afirma. 

Considerada hoje como uma pessoa independente, ela conta que dedica 100% do seu tempo a algo que ama e incentiva outras pessoas a fazerem o mesmo. “Quando você empreende, você eleva sua auto estima, você não aceita qualquer coisa, você tem contato com a independência, e depois de tê-la em suas mãos, não vai querer abandoná-la nunca mais, pois isso fará de você uma mulher destaque. Logo, quando eu, uma mulher, de 20 anos, empreendedora, feminista , independe financeiramente, levanto minha voz, não é qualquer um que vai calar, aliás, ninguém irá calar”, finaliza.

Entre a capital de Goiás e o Distrito Federal, empreendendo em um ramo tradicionalmente masculino, a empresária na área da Construção Civil, Daniele Trindade relembra sobre uma trajetória não tão fácil, mas, que evoluiu, quando ela decidiu romper as barreiras investindo em capacitações. Daniele considera que gerar olhares femininos sobre a empregabilidade e performance feminina em postos de trabalho é uma das alternativas importantes para reduzir o número de mulheres em estado de vulnerabilidade social e econômica.

“Ao ocupar postos de liderança, as mulheres conseguem alcançar outras mulheres e, com isso, podem, inclusive, trabalhar em rede para capacitar e empregar mais mulheres, ajustando, assim, a equidade empregatícia e promovendo a tão sonhada independência econômica”, aponta. A empresária encara o processo como uma forma que vai além da emancipação, mas também de incentivo a representatividade. “Para pensar em um futuro profissional arrojado em independência financeira para mulher, é indispensável acreditar no próprio potencial de aprendizagem. Todo mundo é capaz de reproduzir suas habilidades. O melhor caminho para o empreendedorismo é o investimento na autoconfiança, capacitação e habilidade multifuncional da mulher”, completa.

João Gabriel Palhares – Especial para O Hoje

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