Mercado imobiliário tem alta demanda e pouca oferta

Preços de imóveis em Goiânia subiram 0,84% em março, diz Ademigo | Foto: Reprodução

Postado em: 26-05-2021 às 08h51
Por: Luan Monteiro
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Preços de imóveis em Goiânia subiram 0,84% em março, diz Ademigo | Foto: Reprodução

Ainda que haja uma forte demanda, com venda recorde, o setor imobiliário passa por uma queda na oferta de imóveis. O número menor de novos lançamentos reflete a recente alta nos custos da construção, avalia a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

Na comparação com o primeiro trimestre de 2020, houve uma alta de 27,1% nas vendas de imóveis nos três primeiros meses deste ano no país, revela o estudo Indicadores Imobiliários Nacionais, da CBIC. Ao todo, foram 207.946 unidades vendidas em 12 meses, maior número já registrado.

Por outro lado, a oferta final de imóveis, que contabiliza todos os imóveis disponíveis para venda, seja na planta, em construção ou prontos, caiu 14,8% na mesma comparação ano a ano. No período de 12 meses encerrados em março, foram lançadas 168.673 novas unidades no país.

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Alto custo

O inusitado efeito “boca de jacaré”, com a curva de demanda apontando para cima enquanto a de oferta vai para baixo, se deve à inflação recorde nos materiais de construção, sobretudo de insumos como o aço, disse o presidente da CBIC, José Carlos Martins. “As empresas estão muito ressabiadas”, afirmou.

Na sondagem feita periodicamente, 57,1% dos empresários disseram que a maior dificuldade atual do setor imobiliário é a falta de insumos e o aumento nos preços. Esse é o maior índice de toda série histórica dos Indicadores Imobiliários Nacionais da CBIC, iniciada no primeiro trimestre de 2015.  

Em abril, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), apresentou alta acumulada de 12,9% em 12 meses encerrados em março. O custo com materiais e equipamentos subiu 29,9% em um ano, maior taxa desde o início do Plano Real.

Casa Verde e Amarela

Para o vice-presidente da Área de Indústria Imobiliária da CBIC, Celso Petrucci, um dos principais efeitos da alta nos custos da construção é a redução de lançamentos de habitações de interesse social, cujo financiamento é ligado ao programa Casa Verde e Amarela, do governo federal.

“A gente percebe que está havendo uma migração das empresas para outros mercados”, disse Petrucci. O setor prefere investir na construção de imóveis mais caros, nos quais os custos podem ser mais facilmente repassados, destacou ele.

Isso porque os custos dos materiais de construção são o principal fator a afetar os preços dos imóveis do Casa Verde Amarela, o que pressiona as margens de lucro nas vendas, uma vez que os preços das unidades no programa possuem um teto. “Então, se tiver um aumento de materiais que é significativo os empresários começam a pensar mais, a recuar um pouco”, explicou Petrucci.

O presidente da CBIC, José Carlos Martins, defendeu que o governo “use a caneta” para reduzir taxas de importação e derrubar barreiras técnicas para promover um “choque de oferta” nos preços de materiais de construção.

No estudo dos Indicadores Imobiliários, a CBIC indicou ainda que a queda nos novos empreendimentos vem se refletindo na geração de empregos pela construção civil. Em janeiro, o setor gerou 44.075 postos com carteira assinada, número que caiu para 25.020 em março, segundo dados da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, do Ministério da Economia.

Aumento nos preços

Goiânia acompanhou o ritmo das capitais brasileiras e registrou aumento nos preços nominais dos imóveis residenciais em março. O reajuste foi de 0,84%, acima da média no país, que ficou em 0,78%, de acordo com o índice IGMI-R da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). Em 12 meses, a alta nos preços acumulada na capital goiana é de 6,34%, um pouco abaixo da registrada no período no país: 8,45%. Apenas Rio de Janeiro, Recife e Brasília tiveram aceleração no resultado acumulado em 12 meses.   

Nos últimos meses, as variações do índice em Goiânia alcançaram 0,69% no terceiro trimestre de 2020, 1,16% no quarto trimestre de 2020 e 1,60% no primeiro trimestre deste ano.  “A previsão é de um reajuste nos preços entre 15% e 20% até o final deste ano, impactados pelo aumento dos custos dos materiais de construção e a falta de insumos no mercado, como aço e cimento”, destaca o diretor de Marketing, Comunicação e Eventos da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO), Marcelo Moreira.  

O aumento, aponta, deve ser repassado ao consumidor a curto ou médio prazo. “O mercado imobiliário registra um aquecimento desde 2020, que deve permanecer neste ano impulsionado pela baixa taxa de juros. Diante deste ritmo e da ausência de insumos para as obras, além do aumento dos preços dos materiais, o repasse é iminente. Quem está pensando em comprar imóveis, a recomendação é não esperar muito para tomar uma decisão”, alerta Marcelo.  Para este ano, expectativa é que o setor registre um crescimento de até 30% nas vendas e nos novos lançamentos. (Especial para O Hoje)

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