BC projeta ‘ligeiro superávit’ de US$ 3 bilhões para contas externas

Estimativa para 2021 corresponde a 0,2$ do PIB

Postado em: 25-06-2021 às 09h06
Por: Agência Brasil
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Estimativa para 2021 corresponde a 0,2% do PIB | Foto: Reprodução

O Banco Central (BC) manteve a projeção para o saldo das contas externas neste ano em 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos no país). A previsão está no Relatório de Inflação, publicação trimestral do BC.

No documento, o órgão elevou a estimativa de crescimento da economia de 3,6% para 4,6% em relação ao relatório anterior, de março. Com isso, o “ligeiro superávit” previsto para as transações correntes, que são as compras e vendas de mercadorias e serviços e transferências de renda do Brasil com outros países, passou de US$ 2 bilhões para US$ 3 bilhões em 2021.

Segundo o BC, a projeção tem mudanças pontuais em sua composição. “Em relação ao cenário anterior, as alterações incorporam preços de commodities mais altos, crescimento maior da atividade doméstica e internacional e taxa de câmbio mais baixa.”

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Na balança comercial, mantém-se a projeção do saldo de US$ 70 bilhões, enquanto se espera maior corrente de comércio. A previsão de valor recorde das exportações, de US$ 280 bilhões é atribuída principalmente ao aumento disseminado dos preços das exportações, em especial minério de ferro, petróleo e soja. Por outro lado, as vendas de produtos manufaturados não devem recuperar o patamar de 2019, perdendo espaço.

Parte relevante do aumento esperado das importações, de US$ 186 bilhões para US$ 210 bilhões reflete mudanças na série histórica divulgada pelo Ministério da Economia. Além disso, segundo o BC, a atividade doméstica mais forte e o real mais valorizado têm impactado positivamente as importações, em particular as de bens intermediários.

As contas de serviços e de renda primária também foram revisadas e em direções opostas. A redução do déficit em serviços (viagens internacionais, transporte, aluguel de equipamentos, entre outros), de US$ 26 bilhões para US$ 19 bilhões, é motivada principalmente pelos menores gastos com aluguel de equipamentos, especialmente no setor petroleiro.

Na renda primária (lucros e dividendos, pagamentos de juros e salários), a perspectiva mais otimista para a atividade doméstica e o impacto positivo dos preços de commodities para empresas exportadoras levou ao aumento da projeção de despesas na conta de lucros e dividendos, de déficit de US$ 24 bilhões para déficit US$ 28 bilhões. No total, a projeção da renda primária foi de déficit de US$ 47 bilhões para déficit US$ 51 bilhões.

Investimento estrangeiro

No caso de um país registrar saldo negativo em transações correntes, é preciso cobrir o déficit com investimentos ou empréstimos no exterior. A melhor forma de financiamento do saldo negativo é o investimento direto no país (IDP), porque os recursos são aplicados no setor produtivo.

A projeção para os ingressos líquidos de IDP segue em US$ 60 bilhões (3,8% do PIB) em 2021. “Todavia, espera-se maior contribuição do componente de participação no capital, que deve refletir a aceleração dos lucros e o melhor desempenho da economia, contrabalançado por entradas líquidas menores de empréstimos intercompanhia”, diz o relatório. Em 2020, foram registrados US$ 34,2 bilhões (2,38% do PIB) de investimentos externos no Brasil.

Já a projeção de entrada de investimentos em carteira passivos foi elevada, de US$ 10 bilhões para US$ 21 bilhões. Se confirmada, 2021 será o primeiro ano com entradas líquidas nessa conta desde 2015.

“O aumento do diferencial de juros entre Brasil e as principais economias avançadas, que torna os instrumentos de dívida locais mais atrativos, deve se tornar fator relevante para atração de capitais. Adicionalmente, em ambiente de melhora na percepção do risco-país, a conta de títulos no país deve refletir o aumento das emissões líquidas de títulos pelo Tesouro Nacional, resultando em novos ingressos ainda que a participação de estrangeiros se mantenha em níveis historicamente baixos. (ABr)

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