Alta da Selic encarece financiamento imobiliário

Setor segue aquecido, mas juros altos para crédito podem frear a demanda

Postado em: 07-08-2021 às 16h00
Por: Nielton Soares
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Setor segue aquecido, mas juros altos para crédito podem frear a demanda | Foto: Reprodução

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou, por unanimidade, nessa quarta-feira (04/08), a taxa básica de juros da economia (Selic) em 1 ponto percentual, de 4,25% para 5,25% ao ano. Esse é considerado o maior nível desde outubro de 2019, quando a Selic chegou aos 5,5% ao ano. Já a alta de 1 ponto percentual foi a maior em 18 anos, desde 2003. E em efeito cascata os bancos privados já começaram a aumentar as taxas para o financiamento imobiliário.

Devido à sinalização de elevação da Selic, antes da última reunião do Copom, o banco Santander foi a primeira instituição financeira a subir as taxas mínimas do financiamento imobiliário, que passaram de 6,99% para 7,99% ao ano. Na sequência, o Bradesco alterou de 6,70% para 6,90% a taxa ao ano. De acordo com o BC, para a tomada de decisão foi considerada a evolução da variante delta da Covid-19, o que põe em risco a recuperação da economia global.

Já a Caixa Econômica Federal (CEF), que detém a maior fatia do mercado imobiliário, na última terça-feira (03), anunciou que, por enquanto, não tem intenção de subir as taxas no curto prazo. Porém, a decisão não impede que as agências dificultem o acesso às taxas mais baixas, mesmo que não sejam oficialmente aumentadas. É cada instituição financeira que avalia o risco do cliente e define qual taxa será aplicada para ele. Assim, é importante recorrer a simulações e tentar negociar os juros no momento da contratação. Os cinco maiores bancos no Brasil atualizaram as taxas mínimas para este mês: Banco do Brasil (7,95%), Bradesco (6,90%), Caixa (6,25%), Itaú (6,90%) e Santander (7,99%).

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Esse já é o quarto aumento da Selic, que passou de 2% ao ano em janeiro para 5,25%. A intenção do BC é tentar segurar a inflação ao aumentar a taxa referencial de juros. Por outro lado, isso deve alterar a forte demanda do mercado imobiliário, que era favorecido pelos preços estagnados e taxas de juros baixas. E para quem sonhava com a aquisição da casa própria, essa conquista deve ficar mais cara.

Além disso, para aqueles que possuem um ‘score’ de crédito ruim, tendo histórico de dívidas, classificado como mau pagador, deve ser mais penalizado no processo de concessão de crédito. Ao consumidor, juros mais caros significam: pagamento mais caro para ter a casa própria; optar por imóveis mais baratos (exemplo: com localização menos privilegiada, etc) ou mesmo desistir da compra.

O especialista no setor imobiliário e diretor da URBS Imobiliária, Edmilson Soares Borges, relembra que a taxa de financiamento já foi bastante alta, 15%, e que pode chegar aos 9%, nesse patamar ainda será considerada “normal”. “Nós chegamos a menos de 7%, uma queda de mais de 50% na taxa de juros”, frisa, acrescentando que a tendência é de alta, mas para patamares normais para o Brasil.

Mercado aquecido

Durante este período de pandemia do Coronavírus, o isolamento social e trabalho remoto aumentaram a demanda por imóvel, mesmo com as taxas com tendência de alta. Nesse sentido, a procura por financiamento de imóveis e a concessão de crédito alcançaram índices recordes neste ano. Para se ter ideia, apenas em junho, os empréstimos com recursos de poupança somaram R$ 19,66 bilhões – considerado o maior volume mensal da série histórica, que começou em 1994.

O presidente da plataforma de contração de crédito Credihome, Bruno Gama, prevê que até o final deste ano todos os bancos deverão reajustar as taxas, ainda que graduais e baixas. Para ele, a taxa de referência ficando entre 6%, 6,5% ao ano em 2021, os bancos devem manter taxas de financiamento entre 7,5% e 8%, o que pode segurar a demanda aquecida.

Por outro lado, há previsões de que a Selic fique acima de 7% ainda neste ano. Dessa maneira, segundo o especialista, fica difícil prever como o mercado pode reagir em relação aos juros do crédito para compra de imóveis, podendo haver aumento acima dos 8,5% ao ano, para manutenção do spread mínimo que possa cobrir custos operacionais. (Especial para O Hoje).

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